Terça-feira, 19 de Junho de 2007
A integração do Hospital de D. Estefânia no Centro Hospitalar de Lisboa Zona Central é um processo pouco discutido. Desde a fase de projecto à sua aprovação e actual fase de implementação, nunca soubemos da consulta oficial de alguma entidade ou personalidade com cargo representativo ou de carreira deste Hospital, que lhe validasse alguma substância de experiência e dedicação à causa da saúde da Mulher e da Criança.É lícito assim que indaguemos os seus fundamentos e que interroguemos as entidades públicas responsáveis pela sua implementação sobre as muitas interrogações de que temos tido eco, e se as questões e considerações abaixo expostas foram ponderadas como pressupostos que consideramos essenciais :-Será que o Hospital D. Estefânia faz parte do património cultural e afectivo de Lisboa e de Portugal? - O Hospital D. Estefânia tem 130 anos , atendeu e atende gerações de crianças provenientes dos quatro cantos do país, das Ilhas, e dos países de Língua Portuguesa, e a sua identidade deve ser preservada: um povo que despreza o seu passado inviabiliza o seu futuro.-Será que o seu espaço físico, sonhado e dotado pela rainha D. Estefânia e concretizado pelos reis D.Carlos e D. Luís, e os Serviços recém equipados e de qualidade internacionalmente reconhecida, poderão vir a ser substituídos com alguma vantagem substancial pelo que irá ser oferecido no futuro Hospital? O que significa "uma redução significativa no número de camas" referida no plano de Reorganização do Centro Hospitalar :- 60, 80, 100 camas? (Dispomos actuamente de cerca de 200 camas)-Será que o investimento e capacitação única dos profissionais e serviços deste Hospital, fruto de décadas de esforço e dedicação, podem ser esquecidos e ultrapassados? - Questionamos o paradoxo de muitos dos Serviços deste Hospital, desde sempre vocacionados para a criança, serem agora dirigidos por Especialistas de Adultos não sensibilizados para as necessidades do exercício da medicina pediátrica. Isto retira capacidades aos serviços, ao ponto de pôr em causa a qualidade dos cuidados prestados aos doentes, a dignidade para o exercício da medicina e a idoneidade/capacidade para formação de novos profissionais.-Será que os conceitos que justificam a existência de Hospitais dedicados a realidade Materno-Infantil foram ultrapassados por novas dinâmicas de organização hospitalar ? -Se foram, que sejam fornecidos os estudos e bibliografia que os fundamentam.-Será que o argumento de gestão unificada e mais eficaz de bens e serviços, cara a todos nós e àqueles que se ocupam e preocupam com os dinheiros públicos e com a sustentabilidade do SNS, não poderá ser harmonizado com a preservação de especificidades da nossa realidade materno-infantil, interligando-as com as transversalidades comuns às valências dos adultos ?Este Forum, como dissemos, está em fase de formação e procura o debate franco e o esclarecimento. Para esta causa solicitamos a colaboração de Pais, Profissionais no activo ou reformados de todas as áreas de saúde, antigos doentes, Gestores, Dignatários de antigos ou actuais cargos de Direcção, do Centro Iconográfico do H.D.E, Intervenientes na Comemoração dos 125 Anos do H.D.E, Associações Defensoras dos Direitos da Mãe e da Criança e do nosso Património Cultural de matriz laica ou religiosa, Ministros das diversas confissões religiosas, que prestam culto e assistência aos doentes no H.D.E. , filósofos, políticos, jornalistas, historiadores, amigos de Lisboa, e todos os que se revêem numa medicina humanista, se preocupam com preservação do nosso património e identidade e consideram que existem valores que não podem ser hipotecados a conjunturas transitórios, sejam estas económicas, mercantilistas ou político -partidárias. O H.D.E. existe há 130 anos como projecto que se tem estruturado na prestação de cuidados integrados e contínuos materno-infantis. Queremos asseugurar a continuidade e o reforço desse projecto, e condenamos qualquer medida no sentido da sua destruição.Estes valores , quanto a nós, são o que nosso passado histórico tem de melhor, consubstanciados no sonho da Rainha D. Estefânia; a matriz cultural e religiosa que a experiência de liberdade, tolerância e aprendizagem de convívio com a diversidade que o 25 de Abril conquistou e tem permitido preservar e aperfeiçoar e, acima de tudo um valor inquestionável: O nosso futuro é o das nossas mães e crianças.Finalizando e por se tratar de uma causa que interessa em particular aos Lisboetas, desafiamos todas as forças políticas que concorrem as eleições para a Camâra de Lisboa a pronunciarem-se e interrogarem connosco o Ministério da Saúde.Pedro Paulo Machado Alves Mendes , Jorge Castro, Carlos Azevedo, Fernanda Santos. Sofia Freitas, Francisco Domingues, Este Forum procura transmitir a opinião de outros funcionários , e população , que indirectamente estão a colaborar na criação deste espaço público. Caso esteja de acordo, pode subscrever este artigo.Comente, critique, corrija este e outros artigos . Dê o seu nome e rosto por esta campanha. Se quizer participar mais activamente na organização do Blog, envie um artigo de opinião ou escreva para o email : campanha.pelo.hde@gmail.comNota-Que os artigos são responsabilidade dos autores que os assumem ou os subscrevem-Se possivel identifique o seu comentário.-Serão retirados todos os comentários com linguagem obscena ou pessoalmente ofensiva.-Apesar das políticas de saúde estarem implícitas e este ser um espaço ideal para o seu debate, tal não deve ser confundido com uma luta partidária ou pessoal. Agradecemos que evitem a personalização e se centrem nos conteúdos das mensagens.Publicada por FORUM HDE em 10:17 3 comentários:
Sara disse:
"Passei muitas horas com a minha filha no HDE. Antes disso, já a minha irmã tinha passado muitos dias nesse hospital, quando criança, há mais de 20 anos.Em todas as situações, sente-se que as pessoas que lá trabalham estão especialmente sensibilizadas para falar quer com as crianças, quer com os seus pais, de uma forma diferente da que se assiste nos hospitais "generalistas". Há uma cultura da criança como centro da questão. E isso é fundamental quer para o tratamento da criança em si, que confia no seu interlocutor, quer para a estabilidade da natural ansiedade dos pais, vector não menos importante para todo o processo de cura dos filhos.Aplaudo a iniciativa de divulgar esta situação e adiro ao protesto!"
8 de Junho de 2007 4:1815 de Junho de 2007 13:28
kambuta disse:
"Subscrevo esta campanha. Sou Francisco Manuel da Costa Domingues,portador da cédula profissional nº21262 da Secção Regional do Sul da Ordem dos Médicos."17 de Junho de 2007 1:31
Anónimo disse:
"Estou de pleno acordo com as afirmações do Kambuta.Os meus dois filhos já lá estiveram internados o muito agradeço a boa vontade e compreensão dos médicos e todo o pessoal que ali trabalha, sempre pronta a resolver qualquer problema.Não consigo perceber o porque deste encerramento!!! Será que pensam fazer ali um novo Hotel esquecendo a História que D. Estefania fundadora há 130 anos mandou ali erguer este Hospital para crianças.Por isso aplauso esta iniciativa e adiro ao seu protesto."
Publicada por FORUM HDE em 3:09
sábado, 30 de junho de 2007
sexta-feira, 29 de junho de 2007
Objectivos e código de conduta do Fórum ( proposta)
-O objectivo essencial deste fórum é lutar contra processo de destruição do Hospital D.Estefânia como Instituição dedicada a saúde da criança e alienação do seu património cientifico, cultural e territorial que é um bem afectivo nacional e inalienavel.
-A destruição em curso objectiva-se pela diluição por no Centro Hospitalar de Lisboa e depois no hipotético Hospital de todos os Santos.
-O nosso objectivo não visa nenhuma das duas entidades referidas, que acreditamos necessárias, assumindo-se inclusive a justificação de no futuro Hospital de Todos os Santos existir um polo pediatrico com a desde que preservada a devida autonomia. Considera contudo tal deve conjugar-se com a preservação deste espaço hospitar, ligado aos outros por complemetaridades necessárias de gestão de recursos, mas com a identidade própria e dedicado a realidade pediatrica.
-Para conseguir este objectivo propõe :
1- Constituir-se em um espaço aberto de discussão aberto a todas as opiniões de forma conseguir consensos minimos.
2- Divulgar todos os factos e acções que consideremos benéficas ou prejudiciais ao Hospital D.Estefânia.
-A destruição em curso objectiva-se pela diluição por no Centro Hospitalar de Lisboa e depois no hipotético Hospital de todos os Santos.
-O nosso objectivo não visa nenhuma das duas entidades referidas, que acreditamos necessárias, assumindo-se inclusive a justificação de no futuro Hospital de Todos os Santos existir um polo pediatrico com a desde que preservada a devida autonomia. Considera contudo tal deve conjugar-se com a preservação deste espaço hospitar, ligado aos outros por complemetaridades necessárias de gestão de recursos, mas com a identidade própria e dedicado a realidade pediatrica.
-Para conseguir este objectivo propõe :
1- Constituir-se em um espaço aberto de discussão aberto a todas as opiniões de forma conseguir consensos minimos.
2- Divulgar todos os factos e acções que consideremos benéficas ou prejudiciais ao Hospital D.Estefânia.
3- Estimular a participação publica interna e externa reoganização de forma apartidaria , multicultural e de liberdade de profissão de fé religiosa os afectos internos externos , presentes e passados mas ainda presentes enfim de todos que se identificam com o espirito deste hospital.
Sôbre a organização
Este fórum de inciativa e de responsabilidade dos funcionários : Pedro Paulo Mendes, Jorge Castro, Carlos Azevedo esta aberto a novos elementos
2-A entrada ou ( saída) de elementos depende do acordo maioritário de dois terços
3- Os artigos publicados são de exclusiva responsabilidade de quem os assina ou subscreve.
4- Tal implica que a direito a diversidade de opinião dentro deste Forum.
5- Por maioria simples e execepcionalmente poderá ser solicitado ao autor que um artigo por ele subcrito seu seja retirado se fundamentado em que o seu conteúdo prejudica a imagem ou objectivos do fórum.
6- Esta consignado o direito a resposta ou ou pedido de esclarecimento a todos que assim o entenderem.
7- Não é permitida quer nos artigos quer nos comentários a utilização de linguagem ofensiva ou obscena.
8- Trata-se de um espaço que analisa critica ou apoia politicas que digam respeito ao H. D. Estefãnia e a Saúde . Evita personalização das suas criticas e não é um espaço para discussão de querelas partidarias, criticas a governos ou politicos em particular.
9- Aceitamos outrossim apoios de qualquer força partidaria ou instituição religiosa ou não ou de solidariedade entre ajuda etc
10 -A caixa de correio do fórum e para onde todas as opiniões deveram ser enviadas é campanha.pelo.hde@gmail.com
Sôbre a organização
Este fórum de inciativa e de responsabilidade dos funcionários : Pedro Paulo Mendes, Jorge Castro, Carlos Azevedo esta aberto a novos elementos
2-A entrada ou ( saída) de elementos depende do acordo maioritário de dois terços
3- Os artigos publicados são de exclusiva responsabilidade de quem os assina ou subscreve.
4- Tal implica que a direito a diversidade de opinião dentro deste Forum.
5- Por maioria simples e execepcionalmente poderá ser solicitado ao autor que um artigo por ele subcrito seu seja retirado se fundamentado em que o seu conteúdo prejudica a imagem ou objectivos do fórum.
6- Esta consignado o direito a resposta ou ou pedido de esclarecimento a todos que assim o entenderem.
7- Não é permitida quer nos artigos quer nos comentários a utilização de linguagem ofensiva ou obscena.
8- Trata-se de um espaço que analisa critica ou apoia politicas que digam respeito ao H. D. Estefãnia e a Saúde . Evita personalização das suas criticas e não é um espaço para discussão de querelas partidarias, criticas a governos ou politicos em particular.
9- Aceitamos outrossim apoios de qualquer força partidaria ou instituição religiosa ou não ou de solidariedade entre ajuda etc
10 -A caixa de correio do fórum e para onde todas as opiniões deveram ser enviadas é campanha.pelo.hde@gmail.com
quarta-feira, 27 de junho de 2007
Um comentário que merece realce
Este comentário é como o responsável afirma de um funcionário antigo desta casa. Não se identifica , e deve ter as sua razões...A sua mensagem deixa transparecer uma pessoa honesta e um conhecimento fundamentado .
Fala de regime feudal e cargos heriditários. Poderia eventualmente também referir a metodologia na gestão e aquisição de recursos materiais e humanos e outros factos que se conhecem mas não são alterados, Ao querermos preservar o HDE, obviamente há que resolver problemas estruturais . Desde que se decida preservar este património e mante-lo como Hospital dedicado a saúde materno e que esta seja a premissa , colaboraremos não só com Dr. Correia de Campos, mas igualmente com qualquer outro Ministro ou C.A.
È licito contudo , do que se pode inferir , do que lemos e nos informamos ou fomos informados , da actitude e comportamentos do Ministro se a hipotese de preservar o Hospital foi alguma vez seriamente poderada ou se ao contrario todos os factos não foram pré dispostos pelo Ministério, de forma a que as coisas acontecessem como estão a acontecer. Isto claro nunca nos questionando sobre as intenções do Ministro que cremos serem as melhores.
Considero igualmente importante o facto de o Sr. (a) que enviou-nos o comentário, ao falar de mudança de actitude, adopta uma postura inclusiva, ou seja êle não se exime, mas se inclue no esforço autocritico deve ser de todos,
Eis o comentário à que nos referimos e agradecemos ao autor o seu envio.
"Meus amigos, muito prezo o HDE. Cresci com ele e cresci nele. Mas atenção... se o quizermos manter como tal temos que perceber o porquê de tantas mudanças, e a própria tentativa de aniquilamento. As Mafias, isto é as alianças empedernidas que se estabeleceram ao longo destes 130 anos, com cargos hereditários tal como num regime feudal, são a verdadeira causa porque o ministro Correia de Campos quer dissolver esta Instituição. Se queremos a manutenção do HDE temos que repensar os nossos comportamentos e atitudes. Se não então é porque os nossos interesses não têm dignidade. Então não somos dignos de nos armar-mos em salvadores da finalidade para que esta Instituição foi criada. Igualdade de tratamento e atendimento para todos."
21 de Junho de 2007 15:48
Fala de regime feudal e cargos heriditários. Poderia eventualmente também referir a metodologia na gestão e aquisição de recursos materiais e humanos e outros factos que se conhecem mas não são alterados, Ao querermos preservar o HDE, obviamente há que resolver problemas estruturais . Desde que se decida preservar este património e mante-lo como Hospital dedicado a saúde materno e que esta seja a premissa , colaboraremos não só com Dr. Correia de Campos, mas igualmente com qualquer outro Ministro ou C.A.
È licito contudo , do que se pode inferir , do que lemos e nos informamos ou fomos informados , da actitude e comportamentos do Ministro se a hipotese de preservar o Hospital foi alguma vez seriamente poderada ou se ao contrario todos os factos não foram pré dispostos pelo Ministério, de forma a que as coisas acontecessem como estão a acontecer. Isto claro nunca nos questionando sobre as intenções do Ministro que cremos serem as melhores.
Considero igualmente importante o facto de o Sr. (a) que enviou-nos o comentário, ao falar de mudança de actitude, adopta uma postura inclusiva, ou seja êle não se exime, mas se inclue no esforço autocritico deve ser de todos,
Eis o comentário à que nos referimos e agradecemos ao autor o seu envio.
"Meus amigos, muito prezo o HDE. Cresci com ele e cresci nele. Mas atenção... se o quizermos manter como tal temos que perceber o porquê de tantas mudanças, e a própria tentativa de aniquilamento. As Mafias, isto é as alianças empedernidas que se estabeleceram ao longo destes 130 anos, com cargos hereditários tal como num regime feudal, são a verdadeira causa porque o ministro Correia de Campos quer dissolver esta Instituição. Se queremos a manutenção do HDE temos que repensar os nossos comportamentos e atitudes. Se não então é porque os nossos interesses não têm dignidade. Então não somos dignos de nos armar-mos em salvadores da finalidade para que esta Instituição foi criada. Igualdade de tratamento e atendimento para todos."
21 de Junho de 2007 15:48
domingo, 24 de junho de 2007
Um pouco de História....
Em visita casual ao blog "cidadanialx"encontrei esta postagem, que faz um excelente resumo sôbre a História e sobre a perpectiva sombria que paira sobre o HDE. Aconselho contudo acederem directamente ao Blog , inclusive para apreciarem a belissima fotografia do jovem casal.
“http://cidadanialx.blogspot.com/
“Com respeito à criação de um hospital de crianças, um dever mais alto incita-me a uma mais bela homenagem à memória da Rainha – ideia que nunca abandonarei. Espero dizer-lhe mais alguma coisa na minha próxima carta, mas não quero alongar-me mais, sem lhe agradecer a simpática e amigável cooperação que me promete”. Datado de 13 de Abril de 1860, o excerto pertence à intensa troca epistolar que D. Pedro V manteve com seu tio e confidente, Príncipe Alberto, marido da Rainha Vitória de Inglaterra. Troca epistolar que no seu conjunto constitui um belíssimo tratado sobre a amizade e, simultaneamente, o testemunho de um tempo, no olhar desassombrado de dois homens que gostariam de ter visto em Portugal algo que, ontem como hoje, muita falta nos faz: sensibilidade e bom-senso.O hospital de crianças de que D. Pedro fala a seu tio nesta e em cartas subsequentes, nomeadamente por via de um extenso e detalhado memorandum sobre as características e os materiais a usar no complexo, seria o mesmo que viria a erguer-se em terrenos do Paço Real da Bemposta em memória da sua malograda mulher: o Hospital D. Estefânia, cujo projecto, de perfil inglês, muito ficou a dever ao aconselhamento de Alberto ao seu jovem sobrinho, e que ao longo dos seus 130 anos de funcionamento tem desempenhado um papel inestimável na prestação de cuidados de saúde à infância. E que constitui também, até pela sua singularidade, uma peça fundamental do património construído da cidade de Lisboa.É este mesmo hospital que, tal como outros - S. José, Desterro, Capuchos, Santa Marta, Miguel Bombarda, instalados em conventos extintos com áreas generosas em zonas centrais da cidade –, vê hoje ser-lhe dado guia de marcha para terrenos no vale de Chelas. O mesmo vale de Chelas que a prudência aconselharia a deixar livre de construção, inscrito como está entre as áreas de maior risco sísmico da capital: aí nascerá a planeada Cidade Hospitalar, recuperando a designação, de má fortuna no original, de Hospital de Todos-os-Santos. Os terrenos onde o D. Estefânia nasceu, esses, e tal como os outros, terão certamente o destino que mais previsível é no país em que vivemos: desaguar no insaciável mercado imobiliário, até que nada mais reste da memória da cidade.D. Pedro, que tinha dos profissionais da política péssima impressão e pior opinião, não se espantaria com a forma como, hoje, outros profissionais da política do seu país decidem hipotecar o futuro, nomeadamente por via da sua estranha aversão à palavra manutenção, seja ela de casas, estradas e pontes ou de equipamentos públicos. Em 1858, Wenceslau Cifka fotografou-o de braço dado com D. Estefânia, numa imagem que ganharia trágico cunho premonitório porque um e outro morreriam pouco depois: ela em 1859, ele em 1861. A propósito dessa imagem, Maria Filomena Mónica escreveu que ambos “pareciam dois anjos expulsos do Paraíso”. O Paraíso, como sabemos, também não mora aqui e talvez isso explique por que razão o legado de ambos pouco ou nada importa aos políticos que temos hoje, nestes tempos em que tudo é descartável.Créditos imagem: WorldRoots Genealogy Archive; D. Pedro V e D. Estefânia fotografados por Wenceslau Cifka em 1858.
Publicada por Maria Amorim Morais em 1:10:00 PM
“http://cidadanialx.blogspot.com/
“Com respeito à criação de um hospital de crianças, um dever mais alto incita-me a uma mais bela homenagem à memória da Rainha – ideia que nunca abandonarei. Espero dizer-lhe mais alguma coisa na minha próxima carta, mas não quero alongar-me mais, sem lhe agradecer a simpática e amigável cooperação que me promete”. Datado de 13 de Abril de 1860, o excerto pertence à intensa troca epistolar que D. Pedro V manteve com seu tio e confidente, Príncipe Alberto, marido da Rainha Vitória de Inglaterra. Troca epistolar que no seu conjunto constitui um belíssimo tratado sobre a amizade e, simultaneamente, o testemunho de um tempo, no olhar desassombrado de dois homens que gostariam de ter visto em Portugal algo que, ontem como hoje, muita falta nos faz: sensibilidade e bom-senso.O hospital de crianças de que D. Pedro fala a seu tio nesta e em cartas subsequentes, nomeadamente por via de um extenso e detalhado memorandum sobre as características e os materiais a usar no complexo, seria o mesmo que viria a erguer-se em terrenos do Paço Real da Bemposta em memória da sua malograda mulher: o Hospital D. Estefânia, cujo projecto, de perfil inglês, muito ficou a dever ao aconselhamento de Alberto ao seu jovem sobrinho, e que ao longo dos seus 130 anos de funcionamento tem desempenhado um papel inestimável na prestação de cuidados de saúde à infância. E que constitui também, até pela sua singularidade, uma peça fundamental do património construído da cidade de Lisboa.É este mesmo hospital que, tal como outros - S. José, Desterro, Capuchos, Santa Marta, Miguel Bombarda, instalados em conventos extintos com áreas generosas em zonas centrais da cidade –, vê hoje ser-lhe dado guia de marcha para terrenos no vale de Chelas. O mesmo vale de Chelas que a prudência aconselharia a deixar livre de construção, inscrito como está entre as áreas de maior risco sísmico da capital: aí nascerá a planeada Cidade Hospitalar, recuperando a designação, de má fortuna no original, de Hospital de Todos-os-Santos. Os terrenos onde o D. Estefânia nasceu, esses, e tal como os outros, terão certamente o destino que mais previsível é no país em que vivemos: desaguar no insaciável mercado imobiliário, até que nada mais reste da memória da cidade.D. Pedro, que tinha dos profissionais da política péssima impressão e pior opinião, não se espantaria com a forma como, hoje, outros profissionais da política do seu país decidem hipotecar o futuro, nomeadamente por via da sua estranha aversão à palavra manutenção, seja ela de casas, estradas e pontes ou de equipamentos públicos. Em 1858, Wenceslau Cifka fotografou-o de braço dado com D. Estefânia, numa imagem que ganharia trágico cunho premonitório porque um e outro morreriam pouco depois: ela em 1859, ele em 1861. A propósito dessa imagem, Maria Filomena Mónica escreveu que ambos “pareciam dois anjos expulsos do Paraíso”. O Paraíso, como sabemos, também não mora aqui e talvez isso explique por que razão o legado de ambos pouco ou nada importa aos políticos que temos hoje, nestes tempos em que tudo é descartável.Créditos imagem: WorldRoots Genealogy Archive; D. Pedro V e D. Estefânia fotografados por Wenceslau Cifka em 1858.
Publicada por Maria Amorim Morais em 1:10:00 PM
quinta-feira, 21 de junho de 2007
Este é nosso presente ! Um Hospital dedicado a criança! Será verdade que o "futuro " resume-se à 60 camas "perdidas" em um Hospital Generalista?
Acima está um organograma deste Hospital. Indagamos se o planeado ou em estudo para o futuro Hospital contempla as mesmas complexidades e interligações todas elas obrigatórias num Hospital Terciario dedicado a especificidade materno-infantil, pedra basilar de qualquer Sistema de Saúde moderno ,ou se retrocederemos séculos na nossa história?
Medo porque?!!!
Um ou outro colega em tom apreensivo, alerta-me para ter cuidado... Estão a exercer represálias a quem " levanta problemas "...Que tem-se informação, por vias seguras de que existem planos e gabinetes dedicados à informação e "neutralização " electiva de todos os que possam por em causa ou em discussão as medidas e politicas em curso etc.....Nomeadamente que podem-me transferir de Serviço, que existem casos conhecidos que ... etc,etc,etc
Agradeço o interesse e o cuidado destes colegas. Talvez tenham de fato razão. Talvez estejamos a voltar ao passado, (e dai a razão deste medo obscuro que aflora no inconsciente colectivo).
A resposta que contudo lhes dou, é que estamos tranquilos, pois apenas somos continuadores a dar voz, face, e nome a um projecto já muito antigo, uma ideia nobre que surgiu quando a Rainha D. Estefânia sentiu no olhar vago de sofrimento das crianças perdidas em enfermarias de adultos, uma necessidade imperiosa emergente:-A construção desse Hospital.
Este sonho transformado em realidade foi materializado neste Hospital, que é centrado na criança, e incorpora em seus serviços toda a especificidade e multidisciplinariedade demandados por ela.
Assim talvez, por nos sentirmos mandatários de uma ideia que nos transcende, mas com a qual nos identificamos plenamente, é que lhes digo : Não nos submeteremos ao medo e pressões de qualquer índole.
Refiro, contudo, que até ao momento não sofri qualquer intimidação. E ... talvez sejam apenas boatos...
Assina :
Pedro Paulo Machado Alves Mendes
AGRADECEMOS
-Agradecemos o apoio e incentivo e simpatia generalizada de que esta iniciativa tem sido alvo.
-Agradecemos em particular todos aqueles que nos tem auxiliado com informações , documentação e concelhos para que este espaço venha a se consolidar como um veiculo de informação e debate independente.
-Agradecemos aqueles que tem proposto de forma espontânea corrigir e dar uma melhor leitura aos textos.
Nota: os textos recentemente publicados não foram ainda corrigidos.....
-Agradecemos os colocam os seus dons e sua " Arte a favor de causas justas", ilustrando as ideias destes textos ( Isabel Brás).
E sejam bem vindos também outros artistas que queiram colaborar neste espaço em prol da criança e sobrevivência do H.D.E
-Agradecemos desde já o apoio publicamente e corajosamente manifesto de forças partidárias e movimentos que concorrem a candidatura pela Camâra de Lisboa.
quarta-feira, 20 de junho de 2007
terça-feira, 19 de junho de 2007
Porque escolheu-se o dia 20 de Junho de 2007 para lançar publicamente a campanha ?
Há 147 anos, no dia 20 de Junho de 1860 , a Quinta Real da Bem Posta , de propriedade Real foi doada por decreto lei decidido pelas cortes e que permitiria destinar parte do seus terrenos para fundação de um "Hospital destinado ao tratamento das crianças pobres enfermas e que "a circunstância de terem sido bens doados, não podem pela disposição expressa no artigo 2º da citada lei , ter aplicação diversa sem nova autorização do corpo legislativo".
Afirmou-se neste acto solene :
" através deste Hospital , perpetuamos a memória da Rainha D. Estefânia e levando-se a efeito em acto um seu humanitário pensamento"
Foi assim o primeiro Hospital construído de raiz em Portugal . Igualmente pioneiro em Portugal ( e mesmo na Europa) foi o facto de ser inteiramente dedicado a criança.
Foi assim o primeiro Hospital construído de raiz em Portugal . Igualmente pioneiro em Portugal ( e mesmo na Europa) foi o facto de ser inteiramente dedicado a criança.
Chamamos atenção , que quando tal aconteceu, Portugal passava por uma crise social e económica muito grave. E o financiamento da construção do Hospital dependeu em grande parte de doações.
Estabelecemos aqui o paradoxo deste passado, ao nosso presente , em que gastam-se fortunas e bens em obras por vezes não prioritárias e não se questionou publicamente e com indignação merecida a asfixia financeira que justificou a opção de diluição e descaracterização desta entidade, um património nacional.
Estabelecemos aqui o paradoxo deste passado, ao nosso presente , em que gastam-se fortunas e bens em obras por vezes não prioritárias e não se questionou publicamente e com indignação merecida a asfixia financeira que justificou a opção de diluição e descaracterização desta entidade, um património nacional.
sexta-feira, 15 de junho de 2007
Subscrever:
Mensagens (Atom)