A faixa comemorativa / informativa afixada no frontispício do Hospital D. Estefânia
e que qualquer Capital do mundo civilizado se orgulharia em ostentar ,
foi retirada !
"A SAÚDE DAS NOSSAS MÃES E CRIANÇAS É POR DEMAIS
IMPORTANTE
PARA SER ENTREGUE AOS GRUPOS DE SAÚDE PRIVADOS E AS P.P.P.
( PARCERIAS PUBLICO PRIVADAS)
|
LISBOA NÃO PRESCINDE
DO SEU HOSPITAL PEDIÁTRICO !
"LISBOA NÃO PODERÁ SER A PRIMEIRA CAPITAL DO MUNDO A ENCERRAR O SEU HOSPITAL PEDIÁTRICO!"
|
O Hospital D. Estefânia no passado dia 17 de julho comemorou 141 anos ! Não podemos consentir o encerramento em curso do Hospital Pediátrico de Lisboa!
Poucas capitais do
mundo se podem orgulhar em possuir um hospital pediátrico prestigiado , com quase século e meio de existência .
Fundado em 1877, sendo um dos primeiros do mundo a entrar em funções ,dele se pode dizer que cumpre o que é hoje consensual em todo o mundo civilizado; a necessidade de existência de hospitais pediátricos, para que um pais possa afirmar que dispõe de uma assistência infanto-juvenil terciária de excelência.
Nesta linha de considerações pareceria absurdo e inverosímil que o governo de qualquer Pais se empenhe na desativação do único hospital pediátrico existente na sua capital.
Aparentemente inacreditável....mas é o que acontece desde há 10 anos em Lisboa . E o que torna esta ação mais desprestigiante para a democracia é o facto de os responsáveis políticos quando chegam a cargos governativos executivos calarem e esquecerem ; mas antes de ganharem as eleições não perderam uma única oportunidade para apregoar inflamados discursos elogiosos ao nosso SNS....
Calam-se pois estão submissos aos poderosos interesses dos grupos financeiros donos dos hospitais privados que desde há trinta anos influenciam e se fazem representar no Ministério da Saúde.
No que diz respeito ao Centro Hospitalar de Lisboa Central tudo indica que na "divisão" por áreas de influência na área metropolitana entre os diversos grupos a de Lisboa Central tenha sido atribuída ao grupo Mello Saúde, que já aí tem em construção dois novos hospitais (Nota 1)
O que menos abona sobre a firmeza de carácter dos nossos governantes, pois que otensivamente ignoram as várias moções que os seus próprios partidos votaram nas Assembleia de Republica e Assembleia Municipal de Lisboa, em que se aprovou por unanimidade a necessidade de existência de um hospital pediátrico autónomo em Lisboa.
Para uma melhor compreensão dos nossos pontos de vista, procederemos á uma breve resenha da argumentação que temos publicado da importância dos Hospitais Pediatricos.
È oportuno relembrar o documento publicado em anexo, elaborado em 2006 pela "Comissão Médica" em representação dos profissionais do Hospital de D. Estefânia que foi endereçado ao então Ministro da Saúde Prof. Correia de Campos e cujos pressupostos técnicos se mantém actuais,
Ao invés do que afirmam os detratores daqueles que defendem o hospital pediátrico de Lisboa, os argumentos que alicerçam a nossa ação são universais, de ordem humanista e civilizacional e a consequência natural do desenvolvimento e progresso dos conhecimentos medico- científicos nos últimos 150 anos
Este progresso refletiu-se em todas áreas do saber medico relativos à Pediatria que segundo a OMS integra as idades entre os 0 e 18 anos , período em que os seres humanos ainda estão em fase maturação e crescimento .
A criança não é um adulto pequeno e a psicofisiologia e patologia infantis são distintas das do ser humano adulto. Estas características ímpares conduziram à criação de sub especialidades em todas as áreas médico-cirúrgicas e ao desenvolvimento de um corpo profissional e a equipas inteiramente vocacionadas para a sua especificidade em todas as fases deste processo desde o atendimento, internamento, exames complementares de diagnóstico, tratamento e seguimento ambulatório.
Os equipamentos de diagnóstico e tratamento acompanharam esta evolução, sendo os atuais (inclusive os mais especializados sofisticados e caros) técnica e ergonomicamente adaptados à pediatria.
A arquitetura dos Hospitais Pediatricos é o suporte estrutural destas particularidades , sendo que todo o edificado e todos os circuitos se devem harmonizar de forma holística constituindo assim o que hoje se denomina a existência do "Ambiente Pediátrico".
A existência de hospitais pediatricos como centros de referência justifica-se nos grandes centros urbanos , visto que para ai são referênciadas e se concentram todas as patologias menos comuns, o que permite que se acumule experiência no seu tratamento e se justifique economicamente o capital humano e técnico investido.
Citemos entre outros o exemplo dos transplantes hepáticos pediatricos que são agora realizados em Coimbra e que antes eram enviados para Espanha.
Sobre a criação da rede de " Referênciação de cuidados Materno Infantis" em Portugal , haverá que estranhar e indagar porque após a publicação do plano , de concreto nada se realizou.
Cumpre não esquecer que os hospitais Pediátricos alem das suas funções terapêuticas são os centros de formação e investigação , responsáveis pela criação de protocolos de atuação , ou na organização de estágios dos profissionais que irão trabalhar nas outras instituições de saúde ligadas a pediatria da restante rede hospitalar.
Agregam um grande capital humano conquistado através do esforço e dedicação de gerações de profissionais e que a Zona Sul de Portugal está em risco de desperdiçar.
Acresce-se que os custos de tratamento nos hospitais pediatricos são menores que nos hospitais de adultos.
Conclui-se que a justificação dos Hospitais Pediatricos nos grandes centros populacionais é consensual, como se verifica também pelo facto de neste momento estarem a ser construídos duas novas unidades na Europa. E quão prejudiciais poderão ser as consequências da sua falta para a assistência infantil.
Nesta linha de considerações pareceria absurdo e inverosímil que o governo de qualquer Pais se empenhe na desativação do único hospital pediátrico existente na sua capital.
Aparentemente inacreditável....mas é o que acontece desde há 10 anos em Lisboa . E o que torna esta ação mais desprestigiante para a democracia é o facto de os responsáveis políticos quando chegam a cargos governativos executivos calarem e esquecerem ; mas antes de ganharem as eleições não perderam uma única oportunidade para apregoar inflamados discursos elogiosos ao nosso SNS....
Calam-se pois estão submissos aos poderosos interesses dos grupos financeiros donos dos hospitais privados que desde há trinta anos influenciam e se fazem representar no Ministério da Saúde.
No que diz respeito ao Centro Hospitalar de Lisboa Central tudo indica que na "divisão" por áreas de influência na área metropolitana entre os diversos grupos a de Lisboa Central tenha sido atribuída ao grupo Mello Saúde, que já aí tem em construção dois novos hospitais (Nota 1)
O que menos abona sobre a firmeza de carácter dos nossos governantes, pois que otensivamente ignoram as várias moções que os seus próprios partidos votaram nas Assembleia de Republica e Assembleia Municipal de Lisboa, em que se aprovou por unanimidade a necessidade de existência de um hospital pediátrico autónomo em Lisboa.
Para uma melhor compreensão dos nossos pontos de vista, procederemos á uma breve resenha da argumentação que temos publicado da importância dos Hospitais Pediatricos.
È oportuno relembrar o documento publicado em anexo, elaborado em 2006 pela "Comissão Médica" em representação dos profissionais do Hospital de D. Estefânia que foi endereçado ao então Ministro da Saúde Prof. Correia de Campos e cujos pressupostos técnicos se mantém actuais,
Ao invés do que afirmam os detratores daqueles que defendem o hospital pediátrico de Lisboa, os argumentos que alicerçam a nossa ação são universais, de ordem humanista e civilizacional e a consequência natural do desenvolvimento e progresso dos conhecimentos medico- científicos nos últimos 150 anos
Este progresso refletiu-se em todas áreas do saber medico relativos à Pediatria que segundo a OMS integra as idades entre os 0 e 18 anos , período em que os seres humanos ainda estão em fase maturação e crescimento .
A criança não é um adulto pequeno e a psicofisiologia e patologia infantis são distintas das do ser humano adulto. Estas características ímpares conduziram à criação de sub especialidades em todas as áreas médico-cirúrgicas e ao desenvolvimento de um corpo profissional e a equipas inteiramente vocacionadas para a sua especificidade em todas as fases deste processo desde o atendimento, internamento, exames complementares de diagnóstico, tratamento e seguimento ambulatório.
Os equipamentos de diagnóstico e tratamento acompanharam esta evolução, sendo os atuais (inclusive os mais especializados sofisticados e caros) técnica e ergonomicamente adaptados à pediatria.
A arquitetura dos Hospitais Pediatricos é o suporte estrutural destas particularidades , sendo que todo o edificado e todos os circuitos se devem harmonizar de forma holística constituindo assim o que hoje se denomina a existência do "Ambiente Pediátrico".
A existência de hospitais pediatricos como centros de referência justifica-se nos grandes centros urbanos , visto que para ai são referênciadas e se concentram todas as patologias menos comuns, o que permite que se acumule experiência no seu tratamento e se justifique economicamente o capital humano e técnico investido.
Citemos entre outros o exemplo dos transplantes hepáticos pediatricos que são agora realizados em Coimbra e que antes eram enviados para Espanha.
Sobre a criação da rede de " Referênciação de cuidados Materno Infantis" em Portugal , haverá que estranhar e indagar porque após a publicação do plano , de concreto nada se realizou.
Cumpre não esquecer que os hospitais Pediátricos alem das suas funções terapêuticas são os centros de formação e investigação , responsáveis pela criação de protocolos de atuação , ou na organização de estágios dos profissionais que irão trabalhar nas outras instituições de saúde ligadas a pediatria da restante rede hospitalar.
Agregam um grande capital humano conquistado através do esforço e dedicação de gerações de profissionais e que a Zona Sul de Portugal está em risco de desperdiçar.
Acresce-se que os custos de tratamento nos hospitais pediatricos são menores que nos hospitais de adultos.
Conclui-se que a justificação dos Hospitais Pediatricos nos grandes centros populacionais é consensual, como se verifica também pelo facto de neste momento estarem a ser construídos duas novas unidades na Europa. E quão prejudiciais poderão ser as consequências da sua falta para a assistência infantil.
A todos estes pressupostos alia-se a um estratégico e ético que é incontornável :
A saúde das nossas mães e crianças é por demais importante para depender da lógica do mercado e do lucro.
Foi este consenso alargado, baseado na importância da defesa desta causa nobre, que uniu personalidades com sensibilidades políticas, culturais
e religiosas díspares, tendo-se alcançado um total 84 mil assinaturas . O 1ª abaixo assinado foi entregue ao então Presidente da Republica Portuguesa , professor Aníbal Cavaco Silva, e alem das moções aprovadas por unanimidade mas ainda sem qualquer resultado pratico.
A chamada centralização e integração da coordenação de especialidades nos diversos hospitais teve como resultado destruição de muitos Serviços de referência e salienta-se neste processo o encerramento da Maternidade de Magalhães Godinho que satisfez um desejo imperativo dos grupos privados.
Atente-se ao que se esta a passar no Hospital dos Capuchos , que presentemente se encontra em estado de desagregação mais avançado devido ao que se consta a urgência de concretizar os projetos para os condomínios de luxo previstos para o ultra valorizado espaço físico que ocupa
A recente demissão dos Diretores de Serviço da Maternidade Alfredo da Costa e do Hospital São José , com cuja luta todos nos devíamos solidarizar, reflete a decrepitude desta gestão impotente e fiel cumpridora de um projeto de índole estranha ao SNS
Caso os Srs. Ministros, Secretários de Estado e administradores alguma vez tivessem a coragem de proceder a um inquérito publico e representativo a opinião dos os profissionais sobre as vantagens do processo de integração receberiam por certo um feedback medíocre .
Recordamos que há alguns anos, ainda não tínhamos atingido a insustentável situação atual , quando a Plataforma Cívica em Defesa do Hospital Pediátrico, promoveu que em votação publica e organizado a por organismos independentes, 95% dos profissionais de saúde do Hospital D. Estefânia votaram pela autonomia do Hospital Pediátrico de Lisboa.
Concluímos que os responsáveis pelo Centro Hospitalar de Lisboa Central ao terem retirado a faixa comemorativa do centenário da inauguração do Hospital D. Estefânia , e substituída por outra terá tido como objetivo de satisfazer os interesses das PPP que querem fazer valer os seu projeto de hospital generalista e fazer esquecer os Hospital Pediátrico de Lisboa .
Esta ação irrealista gerou justa indignação entre a maioria dos profissionais .
A integração forçada do Hospital D. Estefânia, no futuro Hospital Generalista de Lisboa Oriental em 2008 , por iniciativa do então Ministro da Saúde , Correia de Campos, e contrariando a posição do corpo clínico, conjugou os interesses imobiliários e especulativos na apropriação do edificado e terrenos dos antigos hospitais de Lisboa , das PPP( Parcerias Publico Privadas ) ávidas de auferir rendas avultadas, dos grupos financeiros ligados aos Hospitais privados, da construção civil .
Confirmando a influência do sector privado na saúde que sempre inquinou a reforma da rede hospitalar de Lisboa Central, ficou patente no facto de o gestor escolhido para seleção dos projetos PPP para o futuro hospital, nomeado pelo então Ministro da Economia , Manuel Pinho, ter exercido funções até á data no Grupo Mello Saúde .
A existência de um hospital pediátrico , autónomo , em estreita relação com a maternidade, integrados num campus hospitalar único como modernamente se defende e pratica , foi também posta de parte pelos atuais gestores , alheios a tudo que não sejam números vazios de humanidade.
Em seu lugar preparam-se para nos impor como anteriormente um projeto arquitetónico pré formatado , provavelmente assinado por um gabinete de arquitetura internacional , comercializado por alguma multinacional com representantes com nomes sonantes em Portugal. Tudo se conjuga a que a Parceria Publico Privada possa auferir rendas máximas com custos mínimos, tudo a ser pago com o dinheiro dos nossos impostos.
Nesta ótica a construção de um novo hospital pediatrico ou reforma do atual não é considerada pelos responsáveis pois os novos hospitais privados contam antecipadamente na sua carteira de rendimentos com os proveitos no tratamento das crianças de filhos de pais da classe média.
Caminhamos assim num ritmo acelerado para a criação de hospitais para ricos ou para os que podem pagar seguros, e outros, os públicos , para os pobres.
As diversas administrações do Centro Hospitalar de Lisboa Central, tem-se comprometido , com mais ou menos determinação , em maior ou menor consonância com este projeto ideológico de indole neoliberal e limitando-se a uma gestão corrente, para alem de uma ou outra operação cosmética , tendo assim já conseguido reduzir o prestigio dos antigos Hospitais Civis de Lisboa a uma sombra do que foram. Na realidade tratam-se de "comissões liquidátarias"Confirmando a influência do sector privado na saúde que sempre inquinou a reforma da rede hospitalar de Lisboa Central, ficou patente no facto de o gestor escolhido para seleção dos projetos PPP para o futuro hospital, nomeado pelo então Ministro da Economia , Manuel Pinho, ter exercido funções até á data no Grupo Mello Saúde .
A existência de um hospital pediátrico , autónomo , em estreita relação com a maternidade, integrados num campus hospitalar único como modernamente se defende e pratica , foi também posta de parte pelos atuais gestores , alheios a tudo que não sejam números vazios de humanidade.
Em seu lugar preparam-se para nos impor como anteriormente um projeto arquitetónico pré formatado , provavelmente assinado por um gabinete de arquitetura internacional , comercializado por alguma multinacional com representantes com nomes sonantes em Portugal. Tudo se conjuga a que a Parceria Publico Privada possa auferir rendas máximas com custos mínimos, tudo a ser pago com o dinheiro dos nossos impostos.
Nesta ótica a construção de um novo hospital pediatrico ou reforma do atual não é considerada pelos responsáveis pois os novos hospitais privados contam antecipadamente na sua carteira de rendimentos com os proveitos no tratamento das crianças de filhos de pais da classe média.
Caminhamos assim num ritmo acelerado para a criação de hospitais para ricos ou para os que podem pagar seguros, e outros, os públicos , para os pobres.
A chamada centralização e integração da coordenação de especialidades nos diversos hospitais teve como resultado destruição de muitos Serviços de referência e salienta-se neste processo o encerramento da Maternidade de Magalhães Godinho que satisfez um desejo imperativo dos grupos privados.
Atente-se ao que se esta a passar no Hospital dos Capuchos , que presentemente se encontra em estado de desagregação mais avançado devido ao que se consta a urgência de concretizar os projetos para os condomínios de luxo previstos para o ultra valorizado espaço físico que ocupa
A recente demissão dos Diretores de Serviço da Maternidade Alfredo da Costa e do Hospital São José , com cuja luta todos nos devíamos solidarizar, reflete a decrepitude desta gestão impotente e fiel cumpridora de um projeto de índole estranha ao SNS
Caso os Srs. Ministros, Secretários de Estado e administradores alguma vez tivessem a coragem de proceder a um inquérito publico e representativo a opinião dos os profissionais sobre as vantagens do processo de integração receberiam por certo um feedback medíocre .
Recordamos que há alguns anos, ainda não tínhamos atingido a insustentável situação atual , quando a Plataforma Cívica em Defesa do Hospital Pediátrico, promoveu que em votação publica e organizado a por organismos independentes, 95% dos profissionais de saúde do Hospital D. Estefânia votaram pela autonomia do Hospital Pediátrico de Lisboa.
Concluímos que os responsáveis pelo Centro Hospitalar de Lisboa Central ao terem retirado a faixa comemorativa do centenário da inauguração do Hospital D. Estefânia , e substituída por outra terá tido como objetivo de satisfazer os interesses das PPP que querem fazer valer os seu projeto de hospital generalista e fazer esquecer os Hospital Pediátrico de Lisboa .
Esta ação irrealista gerou justa indignação entre a maioria dos profissionais .
Um dístico propagandistico e sem qualquer relação com a realidade vivida pelos profissionais e o mais grave que quer fazer esquecer que o Hospital D. Estefânia , que é o berço da Pediatria Portuguesa. |
Artigo de opinião de P. P M.A .M - Médico Radiologista no HDE / CHLC
Agradecemos as ilustrações de I. G. B. e a Manu ( menina que sabe ouvir e não tem medo de agir)
Este texto e desenhos podem e devem ser copiados, divulgados e transcritos sem citar a fonte , mas na condição expressa de não se omitir na sua divulgação o seus pressupostos essenciais que são Defender existência de um Hospital Pediátrico em Lisboa, e do património do Hospital D. Estefânia e por maioria de razão o SNS .
Nota: Seguir-se-a postagem sobre a nova Lei de Bases da Saúde que esta em discussão na Assembleia da Republica.
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Documento da Comissão Médica do Hospital D. Estefânia enviado em 2006 ao Ministro da Saúde o Professor Correia de Campos
Hospital Dona Estefânia
Comissão Médica
R. Jacinta Marto 1169-045 Lisboa
Ministério da Saúde
Exmº Senhor Ministro da Saúde
Prof António Correia de Campos
Assunto: Posição dos médicos do Hospital de Dona Estefânia face às questões que lhes foram colocadas em 29 de Março por Sua Exª o Senhor Ministro da Saúde
Na intervenção pública de 29 de Março, afirmou Vossa Exª que, apesar de ter já pré-estudado um conjunto de projectos que incluíam o Hospital de Dona Estefânia, a sua concretização ficaria dependente das opções esclarecidas dos profissionais do Hospital, nomeadamente, a passagem a Entidade Pública Empresarial, a sua integração no Centro Hospitalar de Lisboa-Centro e a eventual inserção num futuro Hospital de Todos os Santos previsto para a próxima década.
Os médicos do Hospital de Dona Estefânia, conscientes das responsabilidades específicas que têm no contexto delineado pelo Senhor Ministro, representados pela sua Comissão Médica e ouvidos sectorialmente, quer nos serviços e unidades quer em reunião alargada de médicos realizada em 2 de Maio, decidiram enviar o presente documento que expressa o consenso unânime dos intervenientes (Actas 3 a 7 da Comissão Médica), o qual pretende responder às questões colocadas por Vossa Exª.
Os médicos conhecem a conjuntura financeira do País e os constrangimentos enunciados pelo Senhor Ministro da Saúde e estão também empenhados na mudança de processos que possa levar a uma maior racionalização da despesa sem prejuízo para os doentes ou para as expectativas básicas do desenvolvimento institucional e dos seus profissionais.
Os médicos do Hospital de Dona Estefânia manifestam-se no âmbito do que consideram ser o seu papel na promoção e protecção do mais elevado interesse público. No caso vertente, este é representado pelo compromisso ético e profissional com a contínua melhoria de cuidados prestados à criança e à mulher e a defesa dos direitos de acessibilidade, equidade e qualidade no atendimento que é legitimo esperar do Serviço Nacional de Saúde.
É importante relembrar que o Hospital de Dona Estefânia, construído num local doado pela Casa Real, é um dos primeiros Hospitais pediátricos na Europa, fundado em 1860 por acção da Rainha Dona Estefânia que se impressionou ao ver crianças tratadas em enfermarias de adultos no antigo Hospital de São José.
O Hospital de Dona Estefânia, actualmente com cerca de 230 camas, é um hospital pediátrico central especializado e de apoio perinatal diferenciado, com um departamento da mulher e da reprodução que inclui uma maternidade de referência e dá corpo ao conceito materno-infantil essencial à missão institucional.
Aqui nasceu a pediatria portuguesa e o ensino da pediatria. Dando continuidade a essa missão, o Hospital continua a ser um hospital com ensino universitário.
O Hospital de Dona Estefânia, como unidade materno-infantil polivalente, é diferente dos serviços de pediatria e dos serviços de obstetrícia inseridos em hospitais gerais. Aqui trabalham mais de três centenas de médicos especializados em praticamente todas as áreas da pediatria e da medicina da mulher, com a metodologia, a preparação, a sensibilidade e as tecnologias desenvolvidas especificamente para estes dois grupos de cidadãos. Aqui se formam e especializam centenas de profissionais nas áreas mais diferenciadas da pediatria e da medicina da mulher.
O Hospital continua a evoluir nas vertentes arquitectónica e funcional e atinge elevados níveis de modernidade e eficiência à medida que se reabilitam os seus espaços e equipamentos.
O Hospital está definitivamente marcado pelo seu ambiente pediátrico, resultado de décadas de aprendizagem numa relação exclusiva e dedicada à criança e ao seu mundo próprio. Aqui tudo tende a ser ajustado e reajustado às necessidades da criança e da família, intuitivo, natural, adequado e humanizado. A instituição adquiriu uma cultura específica e os seus profissionais têm um modo de estar diferente que é continuamente actualizado e transmitido de geração em geração.
O Hospital de Dona Estefânia é um equipamento de saúde que qualifica a cidade e o País e que tem visto reforçado o seu sentido no actual movimento de reconstrução de hospitais pediátricos na Europa e Estados Unidos e na consolidação dos centros materno-infantis numa procura de pólos de assistência mais diferenciada e especializada para doentes cada vez mais complexos ou com patologias emergentes.
O Hospital de Dona Estefânia está profundamente enraizado no subconsciente colectivo como um bem que pertence não só à região e aos seus habitantes, a que as famílias recorrem intuitivamente nos momentos de maior desespero, mas também ao País e a muitas gerações de mães e de doentes que foram crianças e hoje são adultos e idosos.
O Hospital de Dona Estefânia é uma referência cultural e histórica da Cidade e do País.
Assim:
1 – Em relação à questão da “passagem ao regime de Entidade Pública Empresarial”, tratando-se de um assunto de natureza conjuntural, da estrita deliberação política e administrativa do Governo e cujo regime está já definido no DL nº 233/2005 de 29 de Dezembro, os médicos consideram não dever pronunciar-se por a questão estar fora do seu âmbito de decisão.
2 – Quanto à questão de uma “eventual integração no Centro Hospitalar de Lisboa”, os médicos do Hospital de Dona Estefânia entendem que:
a) O Hospital de Dona Estefânia tem uma longa tradição de integração em estruturas de complementaridade, uma vez que faz parte do Grupo Hospitalar “ Hospitais Civis de Lisboa” desde a sua criação em 1913. A sua inclusão neste Grupo, tendo propiciado algumas vantagens, condicionou sérias vicissitudes, em especial nos últimos 20 anos, em grande parte pela natural dificuldade que o hospital de adultos sempre teve na assistência a crianças e grávidas.
A relativa exclusão a que o Grupo votou o Hospital de Dona Estefânia neste período recente, foi assumida como uma oportunidade de procura de outras alternativas consistentes de complementaridade e articulação. Essas alternativas envolveram, por um lado, outras instituições e, por outro, levaram o Hospital a desenvolver internamente soluções de maior diferenciação e especialização dos seus próprios profissionais o que, na área pediátrica, segue as tendências e as indicações das principais confederações europeias.
Progressivamente, o Hospital deixou de contar com a assistência por especialistas de adultos que tinham níveis de prática diversos na criança, para passar a privilegiar a assistência realizada por médicos com formação pediátrica de base e com competências específicas adquiridas através da formação complementar em áreas particulares ou de médicos com formação vertical que se dedicassem quase em exclusivo à criança e cujo acesso aos concursos de provimento requeriam já prova da experiência específica no grupo etário pediátrico. Esta é uma das mais valias que o Hospital pediátrico oferece às crianças que a ele acorrem e que passou a ser definidora dos cuidados especializados prestados.
b) A simples integração administrativa num centro hospitalar, que o Hospital globalmente rejeitou já em 2000 e os médicos continuam a rejeitar, acarreta evidentes prejuízos e riscos e só poderá ter alguns efeitos positivos, muito sectoriais, para a actual assistência aos doentes, se forem acautelados princípios básicos da assistência materno-infantil hospitalar.
Entre os aspectos negativos mais evidentes, refere-se: a redução do acesso da área da criança e da mulher ao centro de decisão que passa a estar muito mais afastado e envolvido nos problemas das múltiplas áreas de adultos; a redução da sensibilidade institucional aos problemas da criança e da mulher; a redução do investimento na diferenciação da área materno-infantil em relação ao todo constituído pelo hospital geral; o desaparecimento de um órgão de administração pediátrica autónoma local, considerado um factor extremamente negativo para estes hospitais; a redução da capacidade de atracção de mecenatos que, no mundo desenvolvido, é uma das formas principais de financiamento complementar dos hospitais materno-infantis e suporte compensatório das suas particulares condições de “facturação” segundo os moldes aplicados aos hospitais de adultos.
c) Uma reorganização meramente administrativa dos hospitais em questão seria incompreensível face aos custos que tal opção acarreta aos mais variados níveis. Não faria qualquer sentido que se associassem, formalmente, hospitais de adultos ao actual hospital materno-infantil e, na prática, continuassem a ser atendidas crianças nesses hospitais de adultos (Ex: Dermatologia, Cardiologia pediátrica, ORL, Estomatologia, Oftalmologia, etc.) numa co-utilização totalmente inadequada de salas de espera, atendimento técnico e enfermarias de internamento que já escandalizava a fundadora do Hospital no século XIX.
Os médicos do Hospital de Dona Estefânia reafirmam que o atendimento de todas as crianças no hospital materno-infantil é um princípio indispensável à credibilidade de qualquer reorganização global de um eventual centro hospitalar que pretenda desenvolver, modernizar e humanizar a sua prestação de cuidados.
d) Do mesmo modo, seria incompreensível a regressão aos tempos de há 30 anos no que respeita à diferenciação em muitos dos serviços de apoio à clínica, nomeadamente Patologia Clínica, Serviços Farmacêuticos e Imagiologia, hoje serviços bem diferenciados nas técnicas, procedimentos e dinâmicas utilizadas na medicina da criança. A eventual integração do Hospital de Dona Estefânia em qualquer outra estrutura administrativa ou regime jurídico nunca poderia subverter a condição diferenciada destes serviços pediátricos conseguida ao longo de muitos anos de formação especifica dos seus quadros, desbaratando-a num processo de “aproveitamento” de profissionais dedicados à medicina de adultos realizando técnicas de adultos, em espaços de adultos e com equipamentos de adultos.
e) Igualmente, não faz sentido que órgãos de aconselhamento técnico materno-infantil se dissolvam (Comissão Médica, Comissão de Ética, Comissão de Humanização, Comissão de Farmácia e Terapêutica, Comissão de Controlo de Infecção e Antibióticos, Comissão de Certificação de Interrupção da Gravidez, etc.) e, por exemplo, os problemas da criança, a que os serviços e profissionais de adultos são globalmente alheios ou menos informados, passem a ser discutidos e decididos em forae maioritariamente compostos por estas últimas estruturas e esses profissionais. Tal constituiria um forte prejuízo para os interesses da criança e da mulher e um retrocesso significativo na causa materno-infantil em Portugal.
Havendo ainda quem pense que um hospital pediátrico é composto apenas por pediatras (à semelhança de um serviço de pediatria de um hospital geral) e que as estruturas referidas de um centro hospitalar podem ter na sua composição um pediatra que assegure a respectiva representação, relembra-se que a realidade do Hospital de Dona Estefânia é a de mais de 30 especialidades, sub-especialidades e valências e muitas dezenas de consultas e núcleos especializados, dos quais a pediatria e os pediatras são apenas um dos elementos.
Em conclusão,só será de encarar a integração com todas as suas consequências e riscos, se esta for objecto de um protocolo de adesão ou afiliação que, entre outros, explicite:
- a salvaguarda de princípios fundamentais que, ainda assim, conduzam a ganhos compensatórios para a assistência aos doentes;
- a manutenção da diferenciação e autonomia técnico-assistencial do Hospital de Dona Estefânia na sua dimensão materno-infantil e com as suas unidades e profissionais diferenciados;
- a manutenção de um quadro de profissionais próprio do Hospital materno-infantil com a necessária especificação no quadro geral do centro hospitalar;
- a afirmação do Hospital como o elemento materno-infantil estruturante do centro hospitalar;
- a garantia da manutenção da sensibilidade e ambiente pediátrico próprios;
- a adequação da politica de atribuição de internos como factor determinante da continuidade do Hospital;
- a garantia de manutenção dos órgãos de gestão e apoio técnico local, nomeadamente as comissões técnicas próprias;
- a garantia da manutenção do apoio ao Hospital nas áreas de investigação;
- a manutenção da vertente de ensino universitário e pós-graduado como eixo de desenvolvimento fundamental do hospital e dos seus profissionais.
3 – Quanto ao “futuro Hospital de Todos os Santos”, programado para um tempo em que já actuaram e serão visíveis resultados de muitas das mudanças que afectam e afectarão a organização do nosso sistema de saúde, a posição actual dos médicos do Hospital de Dona Estefânia é consentânea com os princípios antes enunciados.
Esses princípios só serão cabalmente cumpridos se for adoptado um dos seguintes modelos: a) campus sanitário onde o Hospital de Dona Estefânia figure como elemento materno-infantil autónomo e articulado funcionalmente com o hospital de adultos;
b) alternativamente, através da reformulação progressiva do actual Hospital de Dona Estefânia no local onde sempre existiu e à custa dos terrenos ainda livres. Considera-se que, nesta localização, poderá integrar funcionalmente o campus do Hospital de Todos os Santos, tal como acontece em outras cidades.
Qualquer outra posição, com as informações disponíveis, seria certamente extemporânea.
Receba Vossa Exª os nossos melhores cumprimentos,
Lisboa, 3 de Maio de 2006
A Comissão Médica
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Existem alternativas ao projeto P.P.P. de reorganização da rede Hospitalar de Lisboa Central ?
Como projeto alternativo a este descalabro mas em acordo com necessidade de renovar e melhorar o atendimento hospitalar da área de referência de Lisboa Central e considerando o facto de os Hospitais que integram o CHLC possuírem valências que fazem parte da rede de referência da zona Sul ; e que apropriação do seu património edificado pelas imobiliárias contribuirá para uma descaracterização do centro histórico de Lisboa e somando-se a todo este conjunto de argumentos , a circunstancia os terrenos do Parque da Boa Vista em Chelas, onde se pretende implantar o futuro Hospital serem os de maior risco sísmico da área Metropolitana de Lisboa
Propomos em alternativa :
A construção do no Centro Hospitalar se localize nos atuais terrenos do Hospital do Curry Cabral , que são dotados de bons acessos relativos a todos os outros Hospitais de Lisboa e os principais eixos viários .
Este projeto poderá se implementar de forma faseada mas contemplando desde já o espaço construção para um novo hospital pediátrico autonómo para Lisboa, embora em estreitas relações com uma nova maternidade e hospital de adultos.
Este Centro Hospitalar seria vocacionado essencialmente para as especialidades medico cirúrgicas e responderia as necessidades da urgência metropolitana da sua referencia e as da Zona Sul do Pais
Os antigos Hospitais Civis de Lisboa permaneceriam em funcionalmente e seriam a sede de algumas especialidades medicas, gabinetes de consultas , cuidados continuados, hospitais de dia , centros e laboratórios de investigação , salas aulas, conferências, bibliotecas museologia etc
O Hospital D. Estefânia e Maternidade Alfredo da Costa manteriam-se-iam com as atuais funções e como centros de referência materno- infantil até que a construção de novo Centro Materno Infantil nos terrenos do atual Hospital Curry Cabral se concretizasse
Acolheriam depois os Serviços acima referidos.
Com esta opção Lisboa não seria descaracterizada, mantendo-se em atividade todas as circunstancias as suas instituições médicas centenárias como é tradição nos países cultos.
Simultaneamente se ganharia com a funcionalidade e modernidade de um novo centro Hospitalar .
Assina : PPMAM
Nota 1- Para alem da notoria relação com a reoganização da rede Hospitalar de Lisboa Central acresce as suas "estranhas relações de cooperação" com a Faculdade de Ciências Médicas de Lisboa " que passou agora chamar-se "NOVA Medical School "antiga |Faculdade de Ciências Médicas..?!!!!! que como o CHLC esta a transformar-se numa fonte de fornecimento de mão de obra e conhecimento qualificado para aquele grupo privado.
Seria interessante excluir eventuais conflitos de interesses de alguns participantes nestas relações e projectos .
Estatística de leitores do blog no ultimo mês por áreas geográficas
Vamos seguir este exemplo e salvar o Hospital Pediatrico de Lisboa ? quem dá o primeiro passo? https://www.youtube.com/watch?v=2_uZ8AZfPTU |
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