Terça-feira, 19 de Junho de 2007
A integração do Hospital de D. Estefânia no Centro Hospitalar de Lisboa Zona Central é um processo pouco discutido. Desde a fase de projecto à sua aprovação e actual fase de implementação, nunca soubemos da consulta oficial de alguma entidade ou personalidade com cargo representativo ou de carreira deste Hospital, que lhe validasse alguma substância de experiência e dedicação à causa da saúde da Mulher e da Criança.É lícito assim que indaguemos os seus fundamentos e que interroguemos as entidades públicas responsáveis pela sua implementação sobre as muitas interrogações de que temos tido eco, e se as questões e considerações abaixo expostas foram ponderadas como pressupostos que consideramos essenciais :-Será que o Hospital D. Estefânia faz parte do património cultural e afectivo de Lisboa e de Portugal? - O Hospital D. Estefânia tem 130 anos , atendeu e atende gerações de crianças provenientes dos quatro cantos do país, das Ilhas, e dos países de Língua Portuguesa, e a sua identidade deve ser preservada: um povo que despreza o seu passado inviabiliza o seu futuro.-Será que o seu espaço físico, sonhado e dotado pela rainha D. Estefânia e concretizado pelos reis D.Carlos e D. Luís, e os Serviços recém equipados e de qualidade internacionalmente reconhecida, poderão vir a ser substituídos com alguma vantagem substancial pelo que irá ser oferecido no futuro Hospital? O que significa "uma redução significativa no número de camas" referida no plano de Reorganização do Centro Hospitalar :- 60, 80, 100 camas? (Dispomos actuamente de cerca de 200 camas)-Será que o investimento e capacitação única dos profissionais e serviços deste Hospital, fruto de décadas de esforço e dedicação, podem ser esquecidos e ultrapassados? - Questionamos o paradoxo de muitos dos Serviços deste Hospital, desde sempre vocacionados para a criança, serem agora dirigidos por Especialistas de Adultos não sensibilizados para as necessidades do exercício da medicina pediátrica. Isto retira capacidades aos serviços, ao ponto de pôr em causa a qualidade dos cuidados prestados aos doentes, a dignidade para o exercício da medicina e a idoneidade/capacidade para formação de novos profissionais.-Será que os conceitos que justificam a existência de Hospitais dedicados a realidade Materno-Infantil foram ultrapassados por novas dinâmicas de organização hospitalar ? -Se foram, que sejam fornecidos os estudos e bibliografia que os fundamentam.-Será que o argumento de gestão unificada e mais eficaz de bens e serviços, cara a todos nós e àqueles que se ocupam e preocupam com os dinheiros públicos e com a sustentabilidade do SNS, não poderá ser harmonizado com a preservação de especificidades da nossa realidade materno-infantil, interligando-as com as transversalidades comuns às valências dos adultos ?Este Forum, como dissemos, está em fase de formação e procura o debate franco e o esclarecimento. Para esta causa solicitamos a colaboração de Pais, Profissionais no activo ou reformados de todas as áreas de saúde, antigos doentes, Gestores, Dignatários de antigos ou actuais cargos de Direcção, do Centro Iconográfico do H.D.E, Intervenientes na Comemoração dos 125 Anos do H.D.E, Associações Defensoras dos Direitos da Mãe e da Criança e do nosso Património Cultural de matriz laica ou religiosa, Ministros das diversas confissões religiosas, que prestam culto e assistência aos doentes no H.D.E. , filósofos, políticos, jornalistas, historiadores, amigos de Lisboa, e todos os que se revêem numa medicina humanista, se preocupam com preservação do nosso património e identidade e consideram que existem valores que não podem ser hipotecados a conjunturas transitórios, sejam estas económicas, mercantilistas ou político -partidárias. O H.D.E. existe há 130 anos como projecto que se tem estruturado na prestação de cuidados integrados e contínuos materno-infantis. Queremos asseugurar a continuidade e o reforço desse projecto, e condenamos qualquer medida no sentido da sua destruição.Estes valores , quanto a nós, são o que nosso passado histórico tem de melhor, consubstanciados no sonho da Rainha D. Estefânia; a matriz cultural e religiosa que a experiência de liberdade, tolerância e aprendizagem de convívio com a diversidade que o 25 de Abril conquistou e tem permitido preservar e aperfeiçoar e, acima de tudo um valor inquestionável: O nosso futuro é o das nossas mães e crianças.Finalizando e por se tratar de uma causa que interessa em particular aos Lisboetas, desafiamos todas as forças políticas que concorrem as eleições para a Camâra de Lisboa a pronunciarem-se e interrogarem connosco o Ministério da Saúde.Pedro Paulo Machado Alves Mendes , Jorge Castro, Carlos Azevedo, Fernanda Santos. Sofia Freitas, Francisco Domingues, Este Forum procura transmitir a opinião de outros funcionários , e população , que indirectamente estão a colaborar na criação deste espaço público. Caso esteja de acordo, pode subscrever este artigo.Comente, critique, corrija este e outros artigos . Dê o seu nome e rosto por esta campanha. Se quizer participar mais activamente na organização do Blog, envie um artigo de opinião ou escreva para o email : campanha.pelo.hde@gmail.comNota-Que os artigos são responsabilidade dos autores que os assumem ou os subscrevem-Se possivel identifique o seu comentário.-Serão retirados todos os comentários com linguagem obscena ou pessoalmente ofensiva.-Apesar das políticas de saúde estarem implícitas e este ser um espaço ideal para o seu debate, tal não deve ser confundido com uma luta partidária ou pessoal. Agradecemos que evitem a personalização e se centrem nos conteúdos das mensagens.Publicada por FORUM HDE em 10:17 3 comentários:
Sara disse:
"Passei muitas horas com a minha filha no HDE. Antes disso, já a minha irmã tinha passado muitos dias nesse hospital, quando criança, há mais de 20 anos.Em todas as situações, sente-se que as pessoas que lá trabalham estão especialmente sensibilizadas para falar quer com as crianças, quer com os seus pais, de uma forma diferente da que se assiste nos hospitais "generalistas". Há uma cultura da criança como centro da questão. E isso é fundamental quer para o tratamento da criança em si, que confia no seu interlocutor, quer para a estabilidade da natural ansiedade dos pais, vector não menos importante para todo o processo de cura dos filhos.Aplaudo a iniciativa de divulgar esta situação e adiro ao protesto!"
8 de Junho de 2007 4:1815 de Junho de 2007 13:28
kambuta disse:
"Subscrevo esta campanha. Sou Francisco Manuel da Costa Domingues,portador da cédula profissional nº21262 da Secção Regional do Sul da Ordem dos Médicos."17 de Junho de 2007 1:31
Anónimo disse:
"Estou de pleno acordo com as afirmações do Kambuta.Os meus dois filhos já lá estiveram internados o muito agradeço a boa vontade e compreensão dos médicos e todo o pessoal que ali trabalha, sempre pronta a resolver qualquer problema.Não consigo perceber o porque deste encerramento!!! Será que pensam fazer ali um novo Hotel esquecendo a História que D. Estefania fundadora há 130 anos mandou ali erguer este Hospital para crianças.Por isso aplauso esta iniciativa e adiro ao seu protesto."
Publicada por FORUM HDE em 3:09
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2 comentários:
Vou directo ao assunto: por amor às crianças fechem esse antro de tabaco. Como cidadão e, infelizmente, acompanhante do meus filhos nesse lugar, onde dizem querer cuidar de crianças entre as greves, não tem condições, nem reais espaços para as crianças, nem a preocupação nos seus direitos fundamentais. O HDE é bom, muito bom, mas só para os seus empregados, não admira que dê muito jeitinho a sua manutenção. CHEGA! BASTA! Esse HDE não tem dimensão e condições. As crianças têm direito a ter um Hospital, inserido noutro, ou não, mas a tê-lo.
Assinado
Paulo Soares
PS: mesmo a sério, para quem não percebu, esse "Hospital" enquanto local com essa função é uma granda porcaria. Seria uma vergonha se eu achasse que devia defender esse lugar triste para os meus filhos, como se já não lhes bastasse a própria doença.
Como moderador do Blog, obviamente discordo completamente do conteúdo e forma deste comentário.
Trata-se contudo de um espaço de livre opinião. Deixo a outros os comentários. Peço contudo atenção para evitar aceitar niveis de discussão que prejudiquem o esclarecimento e que poderá ser objectivo de alguns ( Não necessáriamente o Sr. Paulo Soares que).
Quanto a mim agradecia que me informasse a Instituição Hospitalar que tem recorrido quando necessita tratar dos seus filhos para que os outros Pais estejam informados e possam agradecer-lhe.
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