Abaixo transcreve-se o apontamento do Site da "Sociedade Portuguesa de Pediatria" e que se reporta ao problema essencial :
Transcrição do texto :
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O Hospital de Dona Estefânia completa 131 anos no dia 17 de Julho de 2008
O processo de extinção do único Hospital Pediátrico de Lisboa e Sul do País tem levantado alguma polémica.
"Numa altura em que se discute o futuro da pediatria em Portugal, vale a pena reflectir sobre este caso em particular e sobre o papel dos hospitais pediátricos polivalentes em geral. Conheça a posição da Plataforma Cívica de defesa do Património do Hospital de Dona Estefânia e de um Novo Hospital Pediátrico para Lisboa". ( sublinhado nosso )
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Algumas considerações sobre tema proposto : "Vale a pena reflectir sobre este caso em particular e sobre o papel dos hospitais pediátricos polivalentes em geral"
A razão desta campanha, justifica-se para alem do pressuposto fundamental de que "as crianças têm direito a um espaço e ambiente adequados à sua especificidade", considerarmos que a existência de Hospitais Pediatricos Especializados são um factor de garantia na qualidade da formação e consequente reprodução de quadros profissionais especializados em pediatria necessarios nos diversos patamares assistenciais na rede de cuidados infantis e inclusive nos Hospitais Distritais . .
O facto de nos Hospitais Centrais polivalentes os equipamentos e especialidades serem participados em comum com os adultos limita a expectativa de desenvolvimento e aperfeiçoamento profissional pediátrico . Esta consideração não implica qualquer juízo sobre excelência dos seus profissionais e reporta-se as consequências e limitações organizativas do modelo polivalente.
Pensamos assim, que foi a concentração casuística de patologias complexas em hospitais terciários infantis que permitiu a acumulação de experiência para que a maioria seja tratada no nosso Pais e não no estrangeiro.
Foi no Hospital D. Estefânia que se desenvolveu a Cirurgia Pediatrica (e mais recentemente outras sub especializações), que veio a ser exercida noutros centros, de renome nacional e internacional.
Na mesma linha de pensamento os Hospitais pediatricos justificam-se pela necessidade de concentrar a casuística de todas as patologias que, pela morbilidade e efeitos na saúde pública, obriguem à criação de "Guide Lines" verticais, que assegurem cuidados adequados baseados nas redes de acompanhamento consistentes de casos referenciados após primeiras consultas ( nefrologia e nefro urologia são um exemplo vivo , na prevenção da doença renal cronica ou das suas complicações com consequências gravíssimas para a criança família e economia em erário publico como neste e noutros campos se faz no HDE)
Estes Centros, que concentraram o saber pediátrico, constituem também espaços de diálogo, formação continua e actualização, não só dos nossos profissionais, mas também dos congéneres de língua portuguesa, de que todos já são exemplo, mas de que sublinhámos Coimbra através da Tele medicina em colaboração com Hospital Pediátrico de Luanda.
Não tenhamos dúvidas que, se não assumirmos este papel, outros países em nosso desprestigio o farão.
Lembramos assim aos políticos que os laços culturais e económicos se concretizam muito mais na prática humanismo do que na retórica dos banquetes e que o capital dos Hospitais Pediatricos não pode ser desbaratado por razões conjecturais e interesses da parcerias privadas , que na sua visão puramente gestionaria e economicista não se apercebem que com a destruição deste equipamento de Serviço Publico comprometerá a sua própria viabilidade pois corta pela raiz a reprodução e desenvolvimento do saber médico pediatrico.
Finalizando, referimos ainda como valor acrescentado dos Hospitais pediatricos, o facto de serem :
- Pólos geradores de afecto transversal a todos os grupos e classes sociais que dele indistintamente usufruem
- Um factor de coesão e identidade nacional (assente em valores mais consistentes e menos perenes que o futebol )
- O estabelecimento de laços com países de língua portuguesa que perduraram no futuro.
- Prestígio e sinal de civilidade das cidades que os acarinham ( no caso Lisboa )
Esclarecemos que não temos uma perspectiva isolacionista relativamente aos Hospitais de Adultos pois, ao assumimos a necessária independência e autonomia do hospital pediátrico, compreendemos como imprescindível a colaboração inter pares, quer em todas as situações clínico assistenciais com implicação multi disciplinar quer na complementaridade da troca de saberes e formação especializada, aliada a alguma poupança em economia de escala.
Consideramos não coerentes as opiniões que hiper valorizam experiências pessoais em unidades em hospitais polivalentes centrais ou distritais contrapondo-as aos erros de gestão e opções passadas eventualmente graves do Hospital D. Estefânia, pois não são de todo equiparáveis níveis assistenciais completamente distintos e não se justifica com os erros de gestão estratégicos do passado ou insuficiências no presente a destruição de um modelo e de um conceito imprescindíveis na rede dos cuidados de saúde materno - infantil de qualquer país desenvolvido.
Assim, por validas que estas experiências tenham sido, não podemos esquecer que só foram possíveis devido á existência do conceito e modelo de Hospital Pediátrico e que contribuíram ou vieram a permitir a sua formação como profissionais destes hospitais.
- De outra forma o consideramos relativamente aos Hospitais Centrais Mono bloco da década de 1950 em que os Serviços de Pediatria perdem-se nas prioridades e especialidades dos adultos e cuja concepção arquitectónico e administrativa tem implícita uma visão mais tecnocrática e desumanizada do acto médico pediátrico que dependerá mais da circunstancia e esforço os profissionais dedicados a pediatria pois estão desprovidos do apoio de personalidade representativa administrativa autónoma.
Uma entre outras conclusões....
Do acima exposto julgamos licito concluir que : A luta do Hospital D. Estefânia pelo conceito de " Hospital Pediátrico especializado", de que é precursor, deve ser entendida como do interesse da Pediatria Portuguesa e não como um problema localizado e do exclusivo domínio dos profissionais daquela instituição centenária .
Uma Ideia ao ar ......
Indagamos se não seria mutuamente digno e licito ponderar se o espaço do actual HDE, que deverá continuar obrigatoriamente relacionado com a Pediatria, não poderia vir a ser local de uma das sedes da Sociedade em epigrafe, que ali se idealizou e nasceu .
Assina: Pedro Paulo Machado Alves Mendes
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1 comentário:
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