segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

Intervenção em Defesa do Hospital Pediatrico de Lisboa na 3ª Sessão – Debate Temático sobre a Colina de Santana







3ª Sessão – Debate Temático sobre a Colina de Santana

4 de Fevereiro  de 2014, 18.00

“Impacto urbanístico, social e habitacional das propostas”






Intervenção 2ª Parte Intervenção do publico:

Ver na integra:
http://www.youtube.com/watch?v=AgYIPZJXS1U


Senhores Deputados ,  agradecemos a vossa  atenção  para os considerandos e propostas que se seguem: 




- Na Carta de Vulnerabilidade Sísmica dos Solos, que acompanha o novo PDM de Lisboa, a área do Vale de Chelas é classificada como de risco sísmico médio-alto.

Ver :
http://www.slideshare.net/mekie/risco-ssmico-em-lisboa



- Os  senhores João Wemans e Pedro Dias Alves, engenheiros gestores, responsáveis pelas parcerias privadas na escolha do Plano Funcional e projecto do recentemente anulado  concurso para o futuro Hospital de Lisboa Oriental  (HLO), reconheceram publicamente como transcrito no Site da AECOPS de  que: “O  Hospital de Todos os Santos vai ser construído numa zona de malha urbana não consolidada e classificada como de risco sísmico “médio-alto”. 

Ler: 

http://www.aecops.pt/DesktopModules/IFrameAECOPS/Redimensionar.aspx?



- Que a construção do  futuro Hospital de Lisboa Oriental obriga a  uma cuidada  avaliação  prévia do local de implantação, dos pressupostos técnicos , projecto  de  arquitectura  e materiais de construção,  de modo  à  que  permaneça em funcionamento em caso de catástrofe e assim possa  cumprir as suas  imprescindíveis funções assistênciais.  Para alem disto é obrigatório proteger  dos riscos os utentes profissionais e equipamentos

- As consequências dos sismos e incêndios são maiores em   edifícios construídos em altura do que os de geometria horizontal, e  tudo indica ser o modelo vertical em altura   que esta  implícito no actual Plano Funcional  e que transitará para  novo concurso  como deu a entender o  Dr. Jorge Penedo no painel do  último debate do dia 28 de Janeiro .

- Que a solução  lógica para a  equação   “ como resolver de forma  eficaz problemas complexos e raros “ é :  promover a especialização dos intervenientes  e criar redes de referência que favoreçam  a concentração da  casuística em  um único centro,  de forma a  se criar massa critica  e o acumular  gradativo de experiência . 
Apenas assim é possível   aprimorar a técnica e os protocolos.  
 Na sequência deste raciocínio,  o encerramento e descaracterização em curso do Hospital D. Estefânia e a  sua  transição para um hospital generalista sem  diferenciação pediatrica  nas especialidades transversais ( processo já em curso) terá como consequência  que Lisboa fique destituida do seu unico Hospital Pediátrico e  assim   perderá a sua  competência  em  tratar  as doenças infantis complexas com alto impacto  familiar e  social.

-  Os  hospitais pediatricos  para alem de cuidados especializados complexos e de  proximidade, acumulam por inerência as  funções de ensino e  formação  profissional, e  são responsáveis pela criação dos protocolos  na  orientação diagnóstico e terapêutica nas diversas patologias. Esta formação  e informação é  essencial  para  a qualidade na prestação dos restantes serviços de pediatria da periferia.

- Nas grandes cidades do mundo civilizado assume-se que  a  especificidade materno infantil e  o o  atendimento  terciário em edifícios  dedicados  é um regra de excelência.  Em algumas capitais ( Londres )  em  alternativa ao  mega-hospital  generalista que nos querem impor,  modernizaram-se os antigos hospitais infantis . Noutros países  construíram-se em substituição dos antigos construiram-se outros novos de raiz (Paris, Irlanda Austrália, Irlanda, Estados Unidos) e finalmente noutros  optou-se  pela sua integração em  Centros Hospitalares onde  coexistem  em estreitas relações de proximidade mas em  edifícios distintos  o Hospital de Adultos e o Hospital Materno Infantil ( Canada, Espanha, Estados Unidos, Finlândia) 
Em Lisboa, caso se adoptasse por  esta ultima opção e se abandonasse a  selvagem destruição  já em curso  transitariam para o futuro  “Centro Hospitalar de Lisboa Oriental, o H. D. Estefânia e a Maternidade Alfredo da Costa,  sem amputação de competências,  qualidade e humanidade no tratamento que até a pouco os caracterizavam. 
Ao contrario se persistirem nesta desqualificação, Lisboa ficará  menorizada relativamente ao mundo civilizado e mesmo no próprio Pais,  pois ( felizmente)  Coimbra e Porto seguem o caminho lógico.

 - O exemplo da Irlanda,  em que  em pleno processo de resgate,  o 1º Ministro anunciou  com solenidade  a substituição em Dublin, do antigo por um Novo Hospital Pediátrico. O  projecto e plano funcional do novo hospital estão  publicados e são de acesso livre na Internet.
Ver.
 http://www.newchildrenshospital.ie/) .
Este procedimento civilizado e  transparente é o oposto  do que passou  relativamente ao futuro HLO/Chelas/ Ex HTS . Todo o processo deste concurso foi  opaco e ilegal  e conduzido nos bastidores  pelos representantes dos grupos financeiros  privados apenas preocupados com os  ganhos do  projecto e em aberto conflito de interesses , como se conclui  com a recente anulação do último concurso do “HTS”/ HLO/CHELAS.

- Este atropelo na  gestão da causa publica  será melhor compreendido  ao  admitirmos que  para alem dos  lucros na PPP alcançados com as rendas para a  construção do novo hospital  e na  gestão hoteleira,  os grupos financeiros em disputa  tiverem em mente  acumular ainda a      exploração lucrativa  da  sua gestão clínica ( como já acontece  em Braga e em Loures)  Deduz-se ser  este seu objectivo pela  filosofia  implícita no plano funcional do HTS de responsabilidade de uma multi nacional  e que se pauta pela rentabilização máxima dos espaços,  equipamentos, e dos  profissionais jogando com a sua indiferenciação.

Na sequência destes considerandos , agradecemos  aos Senhores  Deputados se em acordo com o  pressupostos que  solicitem ao Ministério da Saúde  que:


 -Impeça a reedição   do  tristemente sucedido no  malogrado Hospital de Todos os Santos  que sucumbiu quando do terramoto de 1755 e assim  faça respeitar a  recomendações da Organização Mundial de Saúde que desaconselha  a construção de hospitais em áreas de risco sísmico.


- Solicite  os  pareceres da Protecção Civil e Laboratório de Engenharia Civil sobre o local e tipo de construção a que deverá obedecer o Novo Hospital de Chelas e  em particular que sejam valorizadas  as  condicionantes  geológicas  da composição do subsolo subjacente e “os efeitos de sitio” que na área em causa poderiam ser  potenciados pela eventualidade  de liquefacção . 
Ler :  pagina 176  documento de autoria da Sra. Doutora Isabel Maria Figueiredo Lopes .   http://www.civil.ist.utl.pt/~ilopes/ILOPES-MsCThesis.pdf)

- Se na circunstância de condicionalismos inultrapassáveis e  falta de  opções credíveis  venham a  obrigar de    que novo  hospital  venha mesmo assim  a ser   construído no Vale de Chelas, que se abandone o projecto de um    Mega Hospital Generalista e se opte pelo  Conceito de “Centro Hospitalar”  constituído por uma  construção modular, com edifícios separados estendendo-se em volumetria  horizontal. Esta configuração permite um acesso facilitado de meios de socorro   e  tem menos probabilidade de vir a  sofrer as consequências de catástrofe.  Esta ultima  modalidade para alem  de evitar que assistência materno infantil fique perdida,  asfixiada e desvirtuada  num mega hospital generalista indiferenciado,   permitirá  que  no futuro,  em  caso de necessidade esta  possa  se beneficiar de uma  expansão não conflituosa

-Que se faça respeitar a  opção tomada no anterior governo  que na sequência dos prejuízos ocorridos quando da  Gestão privada do Amadora Sintra excluiu  do âmbito da PPP a gestão clínica do  projecto futuro Hospital. Este objectivo subterrâneo  constitui a causa ultima de todas as opções danosas na reorganização em curso da rede hospitalar e que se transformou num  apressada disputa pela apropriação de camas pelo sector privado.

-Que se interrompa de imediato a descaracterização e destruição em curso do Hospital D. Estefânia

-Que todas as decisões que vierem a ser  tomadas devem estar  fundamentada em estudos  publicados e de acesso livre ao publico em geral.

- Que a Câmara Municipal informe e solicite ao Banco de Investimento Europeu  que   condicione e bloqueie   o seu empréstimo  a PPP enquanto   persistirem quaisquer  duvidas sobre   segurança sísmica ,  qualidade dos materiais utilizados, respeito pelas regras da contratação publica do futuro Hospital.

LISBOA 04-02-2014

Pedro Paulo Machado Alves Mendes
 (Médico Radiologista no Hospital D. Estefânia)



Sem comentários: