domingo, 8 de junho de 2008

Sobre a Reunião para Apresentação do Hospital de Todos os Santos pelo Conselho de Administração do Centro Hospitalar





























































No dia 4 de Junho de 2008 , realizou-se no auditório do Hospital de D. Estefania uma reunião organizada pelo Conselho de Administração do Centro Hospitalar. Rica em ilações procuraremos analisa-la de forma sistematizada ao longo de vários textos que publicaremos no Blog e Boletim .

Nesta reunião o primeiro ponto da ordem de trabalhos foi :

Apresentação do Hospital de Todos os Santos ( filme)


A esta apresentação se reportara primeiro texto que aqui publicaremos onde faremos uma critica a apresentação ficcionada e projectiva do Hospital, apresentada em vídeo que inaugurou a reunião e procurou estabelecer a relação e semelhanca de objectivos do novo hospital com o primeiro Hospital de Todos os Santos, mandado erigir pelo rei D. João II em 15 de Maio de 1492 e inaugurado pelo Rei D. Manuel em 1501.

Apresentação do Hospital de Todos os Santos (filme) •


Em primeiro lugar saudamos o facto de ter sido realizada uma Sessão Pública sobre o Plano Funcional do futuro Hospital de Todos os Santos.
Até o presente todas os factos eram dados com adquiridos e os funcionários estavam afastados de qualquer opinião.

Folgamos ainda em saber que se trata de um plano ainda em aberto a reformulações e que o antigo (que vivamente aqui criticamos) esta a ser alvo de completa reformulação, admitindo-se agora individualização do edifício pediátrico. (positivo, mas que quanto à nós por si insuficiente de acordo com documento da antiga Comissão médica)

Julgamos que assim implicitamente concordam que as opiniões que temos emitido são construtivas e nossa luta benéfica para a criança.

Pensamos contudo que não será em reuniões daquele tipo que poderão se chegar a consensos esclarecedores.

È imprescindivel criar comissões de consultadoria com representividade cientifica , clínica e técnica para acompanhamento para o novo plano funcional. Há que dar divulgação na Internet e publica do novo plano director e das propostas para sua melhoria . Há que solicitar as Direcções e Serviços pareceres e propostas .

Só desta forma se evitam lapsos amadores (como por exemplo a o do equipamento da neonatologia em que se provou que o numero de camas proposto foi feita ao acaso sem aconselhamento ou mera opinião da Direcção do Serviço).
È obrigatório envolver o corpo clinico do HDE no projecto se o quizermos coerente e fundamentado.

Sem a criação de estruturas de consultadoria para criação de um plano funcional , qualquer discussão é formal e sem efeitos praticos e estas sessões de esclarecimento " serviram apenas para iludir a inexistência de um plano fundamentado e serão propagandisticas.

Pretendemos assim de forma sistematizada e acompanhando a agenda da reunião analisar alguns dos temas abordados.

Neste artigo, principiaremos pelo enquadramento histórico do projecto que nos foi proporcionado através de um filme publicitário que inaugurou a referida sessão informativa.

Nesta apresentação ficcionada e projectiva do Hospital, os criadores do projecto procuraram estabelecer-se a relação e semelhança de objectivos com a história do primeiro Hospital de Todos os Santos, mandado erigir pelo rei D. João II em 15 de Maio de 1492 e inaugurado pelo Rei D. Manuel em 1501.

O antigo Hospital foi, como é patente na gravura em epigrafe, de um belo e grandioso Hospital monobloco que foi sucessivamente reconstruído e finalmente destruído após três grandes incêndios, o último dos quais na sequência do grande Terramoto de Lisboa, em 1755.
Interessa assim saber se a longa mas triste história do antigo H.T.S., trás algum ensinamento a reter e aproveitar no novo projecto em que referiram como paradigma. Quanto a nos sim, mas esta não parece ter sido assimilada pelos defensores actuais que persistem no mesmo erro que facilitou a destruição do antigo.
Antes de discorrer sobre o tema a titulo de preambulo, chamamos a atenção nas figuras em epigrafe para a bela arquitectura do antigo HTS e que contrasta com a maqueta do novo Hospital de Chelas, de acordo com publicado na Internet. Nesta ultima se propagandeiam apenas números em grandes parangonas afixados em um quadrado de betão colorido á azul .
Valorizam-se as “estatísticas “ mas o….moderno conceito de conceito de que “o ambiente também cura” esta esquecido.

Bem vamos ao que interessa: O que há apreender com o antigo malogrado HTS e incorporar na construção do novo HTS?


Para tal e fundamental que se compreenda a real dimensão da tragedia da História do “Hospital Real Todos o Santos”
Esta descrita de forma sumaria mas elucidativa e não ficcionada nos excertos da crónica de referência do Padre João Bautista de Castro (Após duplo clique em cima da imagem obtém-se ampliação e melhor leitura)
O referido autor foi um historiador da época, e este seu livro é considerado de referência e foi editado três anos (1758) após o Terramoto, chamado de Lisboa (1755).

Não nos cabe aqui, inclusive por falta de conhecimentos avaliar se os preceitos da construção anti sísmica serão respeitados no futuro HTS (como o foram no palácio da Caixa Geral de Depósitos considerado como grande referencia pelos especialistas por ter sido construído sob esferas de betão)
Não nos cabe igualmente avaliar se a geologia dos terrenos de Chelas foi avaliada (lembremos o sucedido no Hospital Pediátrico de Coimbra cuja construção tem-se atrasado por estar a ser construído em um terreno alagadiço….).
Caberá assim aos conhecedores de que a Zona Oriental de Lisboa e o Vale de Chelas de risco sísmico,( ainda maior da actual topografia do HDE) avaliar sua geologia particular e definir todas as condicionantes do projecto.

Mas se não nos reportamos ao risco sísmico já podemos tecer algumas considerações sobre a maior morbilidade dos incêndios que os acompanham ou existem por si sós.

Pensamos ser intuitivo que os grandes edifícios monobloco, como o que pretendem construir e foi o antigo H.T.S são impeditivos não só na circunscrição dos incêndios mas o que é mais grave, na evacuação dos doentes

Disse-nos uma arquitecta de que solicitamos um parecer que ressalvando não tecer qualquer comentário sobre o H. de Todos os Santos que desconhece escreveu-nos que:

“Menores distâncias entre os compartimentos e o solo, terraços acessíveis a escadas/helicópteros, e menos pisos a percorrer são fundamentais todas as evacuações eficazes. E tal só se torna possível em projecto multi módulos com edifícios não muito altos, separados entre si por espaços largos que permitam livre circulação.
Estas asserções são particularmente verdadeiras quando reportamo-nos a crianças com capacidades cognitivas e motoras imaturas, doentes, acamadas, ventiladas).”

ou

" I. Breitman, falando sobre a evolução da arquitetura hospitalar durante palestra realizada Congresso de Administração Hospitalar, em 1997, chamou a atenção para o surgimento de uma nova proposta, caracterizada por hospitais horizontais, de no máximo dois pavimentos, em que os diferentes setores hospitalares se
distribuiriam em pisos intercalados, ligados por meio de rampas.
O novo modelo teria, entre outras vantagens, o fato de dispensar o uso de elevadores e facilitar a evacuação dos pacientes, no caso da ocorrência de incêndio"

Concluindo quanto a nós, para além da óbvia justificação de um Hospital Pediátrico especializado Terciário em Lisboa, argumento que se basta a si próprio , afirmamos que:

A diferenciação arquitectónica física do conjunto materno infantil em um edifício separado com altura aceitável e amplos acessos envolventes de modo a circunscrever catástrofes ou minorar a sua morbilidade poderá por si só justificar um edifício materno infantil individualizado no futuro HTS.

Pensamos assim que tão ou mais importante do que citar a história é apreender as sua lições!

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