O primeiro de autoria do Dr. José Pedro Vieira , Neuro pediatra no Hospital D. Estefânia e reporta-se sobre a origem dos hospitais pediatricos . O outro de Françoise S. Ramalho , da Universidade de Paris , que investigou a História da criação do Hospital D. Estefânia. Trata-se de um artigo extenso, e de que publicamos a sua introdução e o endereço na NET , mas que aconselhamos aos interessados a leitura na integra, pois ilustra as vicissitudes que enfrentaram os que naquela altura defenderam o progresso enfrentando obstáculos semelhantes aos de hoje.........
Nesta data devemos agradecer o trabalho de preservação do património histórico do Hospital D. Estefânia da iniciativa do Nucleo Museologico do Hospital D. Estefânia, pois.... historia cultura e identidade de um povo confunde-se com a das suas instituições.
E finalmente não podemos deixar de voltar a chamar atenção para a recente extinção do gabinete de Comunicação , que inadvertidamente irá retirar ao Hospital D. Estefânia o direito à sua voz propria e votando-o assim desinvestimento e decadência, pois a maioria das obras realizadas neste Hospital devem-se ao Mecenato de que o Gabinete de Comunicação foi o intermediário..... Este ato corresponderá a mais um passo no sentido da sua programada extinção e que se desenvolve a revelia manifesta da sociedade portuguesa e dos seus organismos representativos.
domingo, 8 de fevereiro de 2009
FAZ SENTIDO MANTER OS HOSPITAIS PEDIATRICOS ?
A evolução das políticas dirigidas para a saúde materno
infantil percorreu um longo caminho.
Na Antiguidade as crianças eram olhadas como seres imperfeitos num estado de
transição para a idade adulta e não tinham nenhum estatuto de protecção pela
sociedade. Pelo contrário o abandono das crianças era frequente. As crianças
doentes ou com defeitos congénitos eram abandonadas ou mesmo sacrificadas.Na Idade Média as crianças não eram igualmente objecto de qualquer espécie de atenção ou protecção pela sociedade. A elevada mortalidade nestas épocas afectava grandemente as crianças e a mortalidade infantil rondava os 50%.
As crianças abandonadas por falecimento dos pais, por doença ou deformidade congénita, proveniência de uma relação ilegítima ou de prostituição ou simplesmente de famílias pobres e muito numerosas estiveram até ao século XVII sob a protecção da Igreja em geral em circunstâncias de asilo bastante precárias
A separação entre a Igreja e o Estado, a partir da Revolução Francesa, esteve na origem da criação das primeiras Instituições Públicas destinadas a acolher crianças abandonadas. Surgiu então pela primeira vez a necessidade de criar uma politica de saúde materno-infantil. Primordialmente esta politica não era ainda virada para a criança (como um individuo com entidade própria e com direitos) mas apenas significava o reconhecimento de que as epidemias e uma alta taxa de morbilidade e mortalidade constituíam um problema de saúde pública. A epidemiologia desta época assentava antes pelo contrário nos conceitos de que a fragilidade e a vulnerabilidade das crianças provenientes de um meio ambiente sem adequadas condições sanitárias e um meio familiar defeituoso nos princípios morais necessitava de uma intervenção educativa e de correcção desempenhada pelo Estado capaz de permitir uma evolução para um adulto responsável e integrado na sociedade.
Entre os séculos XIX e XX deu-se uma mudança significativa quanto a esta visão «sanitarista» ou «higienista», que ocorreu em paralelo com movimentos de contestação social e de exigências crescentes dos cidadãos. As pessoas em geral e mesmo a ideologia dominante passaram a considerar os males sociais como a resultante de condições de vida inadequadas e o Estado teria o dever de suprir as necessidades e garantir a observação dos direitos dos seus elementos mais desfavorecidos.
Na sua origem os Hospitais foram Instituições Religiosas, com fins caritativos, recolhendo os pobres, sem alojamento e os enfermos. A prática da Medicina nestes locais era também de natureza caritativa, embora tivesse um componente académico.
No século XIX foram criados os primeiros Hospitais Pediátricos com o propósito de retirar as crianças doentes de um ambiente promíscuo de coabitação com os adultos.
Embora os conceitos epidemiológicos de saúde materno-infantil venham do século XVIII a Pediatria como um ramo individualizado da Medicina só se estabeleceu mais tarde, nos finais do século XIX, em paralelo com a criação de Hospitais pediátricos.
Os Hospitais Pediátricos foram criados nos finais do século XIX em todas as grandes cidades do Mundo Ocidental e para além desta função social em muitos casos desempenharam um importante papel na aquisição de novos conhecimentos em Pediatria.
Os avanços da Medicina no século XX desencadearam, nas Sociedades industrializadas, um extraordinário declínio de todos os indicadores de mortalidade e um considerável prolongamento na expectativa de vida das pessoas.
Os gastos com os Sistemas de Saúde cresceram exponencialmente e os Hospitais Pediátricos são agora fortemente visados nas tentativas de conter esses custos porque são considerados como um dos elementos dos Sistemas de Saúde geradores de maiores gastos.
Por outro lado estes Hospitais, pelas características peculiares de serem locais de atendimento e de prestação de cuidados de Saúde exclusivamente destinados ás crianças, conquistaram uma posição de preferência junto dos cidadãos e deram contributos relevantes para a evolução da Pediatria.
O Hospital de Dona Estefânia data de 1877 e representa para a nossa História do século XIX uma experiência civilizacional e um reconhecimento precoce da necessidade de acompanhar a experiência e o pensamento dos países mais desenvolvidos.
A verdade é que nenhum País desenvolvido deu como terminada a sua experiência com Hospitais Pediátricos nem é evidente sequer que haja uma tendência para a sua extinção. A extinção do Hospital de Dona Estefânia, o único Hospital Pediátrico de Lisboa, representa uma verdadeira excepção no panorama das sociedades ocidentais e é um claro indicador da escassa consistência e da fragilidade do nosso desenvolvimento económico, cultural e, em geral, civilizacional.
Conseguirá o Hospital de Dona Estefânia resistir à ameaça de extinção???
Artigo enviado para publicação
Dr. José Pedro Vieira
Bienfaisance
royale et crise hospitalière : « l’impossible » création d’un hôpital pour
enfants à Lisbonne (1858-1878)"
enquadra historicamente a construção do Hospital D.
Estefânia". Aconselhamos a lê-lo na integra.
Par : Françoise Salaün Ramalho
Date : 2007 | disponible sur http://www.cairn.info/article.php?ID_ARTICLE=LMS_221_0055
Initialement conçu pour l’enfance malade, l’hôpital Estefânia de Lisbonne ouvre en 1878, vingt ans après sa fondation, comme établissement pour patients adultes. La création compliquée de cet établissement couvre une période particulièrement riche de l’histoire hospitalière portugaise. Dans un pays marqué par une progressive laïcisation de l’assistance et à une époque où les pouvoirs publics manifestent un intérêt croissant pour les questions de protection de l’enfance, des arguments moraux et sanitaires militent en faveur de l’hospitalisation séparée des plus jeunes. Mais la crise hospitalière que connaît alors la capitale portugaise (manque de lits, vétusté des structures, mélange des pathologies) engage tout un débat sur la taille, l’emplacement et la conception des hôpitaux. Si l’urgence des besoins empêche la création d’un établissement exclusivement pédiatrique, l’ouverture d’un service réservé aux enfants dans l’hôpital Estefânia marque néanmoins le début de l’hospitalisation infantile au Portugal.
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Auteur
Françoise Salaün Ramalho[*]
[*] Historienne, membre du CRESC, UFR LSHS, Université de Paris...
Si l’on s’interroge sur les motifs qui ont incité la reine Estefânia à fonder un hôpital pour enfants à Lisbonne, force est de tenir compte, en premier lieu, de sa générosité envers les pauvres et les établissements de bienfaisance, qualité signalée par ses biographes [24]
[24] Cf. notamment Estephania rainha de Portugal : vida...
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." Mais il importe aussi de souligner une culture et une sensibilité propres à son pays d’origine. L’Allemagne n’était pas restée étrangère au mouvement européen de création d’hôpitaux pour enfants. Après Paris et son hôpital des Enfants-Malades fondé en 1802, les principales villes européennes s’étaient dotées de structures de ce type et Estefânia ne pouvait ignorer l’existence des hôpitaux d’enfants de Berlin (1843) ou de Munich (1846). Par ailleurs l’implication d’une épouse de souverain dans un projet de cette nature ne constitue pas un cas isolé en Europe. À Paris, à la même époque, l’impératrice Eugénie inspire la création d’un second hôpital pour enfants, situé dans un quartier ouvrier de l’est de la capitale. L’établissement de 425 lits est inauguré en mars 1854 par le couple impérial sous le nom d’hôpital Sainte-Eugénie "
En 1880, l’hôpital Saint-Eugénie est rebaptisé hôpital...
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Constantino Sakellarides dixit :
“não há nada que seja defensável para a manutenção das PPP. Não se percebe como empresas do outro lado do mundo (China, Brasil ou EUA), cujo interesse é retirar dinheiro, têm maior sensibilidade do que o Estado para defender o SNS”.
“não há nada que seja defensável para a manutenção das PPP. Não se percebe como empresas do outro lado do mundo (China, Brasil ou EUA), cujo interesse é retirar dinheiro, têm maior sensibilidade do que o Estado para defender o SNS”.
Julgamos que não será abusivo considerar que o Dr Luís Filipe Pereira, antigo Ministro da Saúde de Durão Barroso, ( notas 1 e 2 ) e que foi responsável pela reformulação do 2º Plano Funcional do futuro Hospital de Lisboa Oriental ( o 1º foi anulado por irregularidades ....? ) , representa interesses por certo "diversos" , que nada terão haver como os das nossas crianças e que sem duvida os Profissionais ligados Pediatria, estariam mais aptos a represntar !
Nota 1 :
Luís Filipe Pereira tem uma carreira extensa, trabalhando em atividades públicas e na iniciativa privada. Foi ministro da Saúde em dois governos consecutivos do PSD, o de Durão Barroso e o de Pedro Santana Lopes. Antes, foi secretário de Estado da Energia, no governo de Cavaco Silva.
Esteve ligado durante vários anos ao Grupo Mello, tendo inclusive sido presidente da Efacec e da CUF. Passou por várias outras empresas, incluindo a EDP e a Quimigal.
Depois da saída de Silva Peneda, o Conselho Económico e Social "é o órgão constitucional de consulta e concertação no domínio económico e social.
Nota 2-
Hollande considera moralmente inaceitavel a prestação de Serviços de Durão Barroso, para a Goldman -Sachs
https://www.dinheirovivo.pt/banca/agora-hollande-durao-barroso-no-goldman-sachs-moralmente-inaceitavel/
Nota 3 : Estatistica das visitas ao Blog no ultimo mês de Julho de 2016.
Nota 2-
Hollande considera moralmente inaceitavel a prestação de Serviços de Durão Barroso, para a Goldman -Sachs
https://www.dinheirovivo.pt/banca/agora-hollande-durao-barroso-no-goldman-sachs-moralmente-inaceitavel/
Nota 3 : Estatistica das visitas ao Blog no ultimo mês de Julho de 2016.
No Mês de Julho, tivemos de 913 visitas , de acordo com as médias mensais habituais. |
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