sábado, 30 de julho de 2011

Artigo da Revista Visão de 14 de Julho / Alertamos a agravante em Portugal de os grupos financeiros responsáveis pela PPPs para a construção do futuro HTS e seus aliados, poderem vir a estar objectivamente relacionados com a destruição do Hospital Pediátrico de Lisboa.

Revista Visão / 14 de Julho de 2011/ Página 18


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Allyson Pollock  : "As PPPs na Saúde foram uma catástrofe no Reino Unido"

Professora de Saúde Pública na Universidade de Londres tem investigado as Parcerias Público Privadas no seu país Veio a Lisboa falar sobre isso a convite da Associação dos Economistas da Saúde que festeja 25 anos por Emilia Caetano.
Que consequências tiveram as Parcerias Público Privadas PPPs na Saúde
Há que vê las como parte de uma política de privatização No Reino Unido traduziram se de início em privatizar os terrenos os edifícios e os serviços de apoio da lavandaria à cozinha contratando trabalhadores de fora Não ousaram então tocarnos médicos e enfermeiros porque tinham sindicatos fortes A maior consequência foi a mudança de relação entre os cidadãos e os seus serviços Outra foram os custos, Os custos AS PPPs têm custos altíssimos decorrentes da ida para o mercado desde a faturação ao
pagamento das administrações e das equipas enormes que as duas partes Governo e privados têm de contratar advogados consultores e contabilistas quer antes do contrato quer quando surgem problemas
O Governo diz que transfere o risco do setor público para o privado Mas esse risco tem um valor fixado pelo mercado O público tem de pagar as altas taxas de juro resultantes desse risco mais o retorno que
os acionistas exigem E é muito difícil avaliar o sistema pela falta de transparência
Porquê nem o Governo nem o setor privado querem que o público saiba bem o que se passa
Portanto os contratos são feitos com uma cláusula de sigilo comercial A empresa contratante alega que se não for assim perderá a sua capacidade de negociação Este sistema sai mais caro do que o SNS Absolutamente O Governo recorre ao capital de risco e aos bancos quando se pedisse os empréstimos diretamente arranjava muito mais baratos Este sistema não faz sentido nem do ponto de vista económico nem de justiça Em termos puros de saúde a experiência também não foi boa Foi uma catástrofe Quando se vai para o mercado as pessoas que não têm acesso ao sistema tornam se invisíveis Nos EUA há 71 milhões de pessoas sem acesso ou com acesso limitado à saúde. Tornaram se invisíveis para o sistema porque o mercado só se interessa por quem pode pagar Então cortam se os serviços aos que não têm voz
O que foi cortado no seu país ?
Os maiores cortes foram no apoio aos idosos nos cuidados continuados no tratamento dos doentes psiquiátricos e dos crónicos. Muitos deles foram transferidos para serviços da comunidade ou locais e
têm de pagar mais do seu bolso. Há hoje 450 mil pessoas que dantes estariam cobertas pelo SNS e que deixaram de estar Hoje temos alguns hospitais de alta tecnologia mas essas pessoas foram deixadas para trás ,O SNS só com dinheiro público ainda é viável É uma decisão política ter um SNS e assumir quanto se quer gastar. E claro que se pode sustentar,  o nosso foi criado quando o país estava falido em 1948 a seguir à II Guerra Mundial Hoje invoca se um argumento que é um mito o do envelhecimento da população É verdade que se vive mais mas a maioria de nós só precisa de cuidados frequentes numa fase mais tardia da vida Há só que ajustar o sistema a essa mudança
Mas os fármacos e as novas tecnologias são caríssimos......
Esse sim é um problema real O Governo decidiu não controlar esses custos por razões comerciais e não de saúde .Temos demasiadas drogas novas para benefícios demasiado reduzidos e não precisamos da maioria O Governo devia fazer um inquérito rigoroso aos medicamentos e às tecnologias para decidir o que manter.
O que acha da lei que David Cameron levou recentemente ao parlamento
O objetivo é desmantelar o SNS Acaba com o dever do Governo de fornecer serviços de saúde a todos Será possível privatizar mais e mais depressa A lei ainda não aprovada prevê fontes de financiamento alternativas e põe os utentes a pagar mais. Cria um sistema muito parecido com o Americano.

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