domingo, 16 de janeiro de 2011

O IPO de Lisboa (ainda há pouco tempo em risco de sucumbir face aos apetites imobiliários) como nós defende a autonomização da a sua Pediatria!



Como se compreenderá da leitura do artigo abaixo, os Gestores do Centro Hospitalar de Lisboa Central, Gestores arquitectos e parcerias privadas e outros responsáveis pela desarticulação e futura destruição do Hospital Pediatrico de Lisboa deveriam inteirar-se da razão doa Profissionais de Saúde e dos seus colegas da Administração e Gestão do IPOG de Lisboa, (e já agora dos de ...Santa Maria, Santo Antonio, São João e Coimbra) defenderem uma perpectiva oposta a sua : a necessidade da Autonomização da Pediatria nuns casos a construção de novos Hospitais Pediatricos noutros..

"A concretização do projecto responderia à ambição do IPO de conseguir uma completa autonomização da Pediatria em relação aos circuitos dos doentes adultos, o que o mero bom-senso aconselha"



Centro Oncológico da Criança e do Adolescente - reafectação das instalações da antiga Escola Superior de Enfermagem Francisco Gentil


O Instituto Português do Oncologia de Lisboa apresentou ao Ministério da Saúde a proposta de criação de um Centro Oncológico da Criança e do Adolescente. Para a instalação deste Centro foi proposta a reafectação das instalações da antiga Escola Superior de Enfermagem Francisco Gentil, que foi extinta em 2004 por força da criação da Escola Superior de Enfermagem de Lisboa. Este espaço será dedicado aos cuidados de crianças e adolescentes com cancro e centralizará, no mesmo local, as áreas de tratamento em ambulatório e em internamento.

A alteração projectada assume-se como urgente na sequência da anunciada decisão do Ministério da Saúde de manter o Instituto nos actuais terrenos, opção que obriga à adopção de medidas que assegurem que esta manutenção no mesmo local não prejudica os utentes nos seus direitos de, ao recorrerem ao IPO, contarem com instalações dignas e adequadas às suas necessidades de saúde.

Perante a contingência de ter que intervir no seu actual campus hospitalar e planear as muitas intervenções que os seus edifícios exigem, ao final de várias décadas de utilização intensiva e tantas outras indefinições acerca do seu futuro, resultou que uma das áreas de maior premência de reestruturação é, precisamente, a Pediatria, que hoje vê as suas várias valências espalhadas pelos pavilhões existentes no perímetro hospitalar. Os prejuízos desta realidade são óbvios; para os doentes, que se vêem obrigados a deslocações adicionais e para a eficiência do Instituto, dado o acréscimo na dificuldade de gestão dos recursos existentes que se desdobram por todos estes espaços.

A proposta agora em causa vem no seguimento da avaliação das necessidades do Instituto na área pediátrica, que concluiu pela impossibilidade de, nas actuais instalações e dadas as suas limitações físicas, fazer evoluir a prestação de cuidados aos doentes em idade pediátrica para o patamar de qualidade que as mais recentes normas nacionais e internacionais estabelecem e que os doentes merecem.

A concretização do projecto responderia à ambição do IPO de conseguir uma completa autonomização da Pediatria em relação aos circuitos dos doentes adultos, o que o mero bom-senso aconselha, e que as características da doença exigem. A utilização do edifício ocupado pela antiga Escola de Enfermagem, nos termos projectados, permitiria garantir a privacidade destes utentes e melhoria das condições para que os pais os possam acompanhar em todas as fases da doença, quer às crianças quer aos adolescentes. Aliás, as particularidades da adolescência exigem que se dedique aos doentes oncológicos nesta faixa etária uma especial atenção, mas a verdade é que as actuais limitações das infra -estruturas do Instituto impedem que os mesmos sejam acompanhados pelo Serviço de Pediatria, que actualmente apenas abrange crianças até aos 15 anos. Só o funcionamento do Centro Oncológico da Criança e do Adolescente possibilitaria o englobar de doentes até aos 18 anos, colocar à sua disposição os recursos especiais da Pediatria e mesmo adaptar alguns processos de acompanhamento a este grupo, que não se enquadra nem nos protocolos definidos para as crianças, nem, certamente, na realidade dos adultos. De sublinhar que resultados de recentes estudos apontam, mesmo, para melhores resultados do tratamento de adolescentes e adultos jovens em Unidades Pediátricas, com ganhos significativos em sobrevivência.


Video Serviço de Pediatria

Com o novo Centro seria possível aumentar o número de camas e de atendimentos em regime ambulatório, mas, para além do avanço quantitativo esperado, e fazer investimentos adequados à evolução da complexidade dos tratamentos e da inovação nas técnicas utilizadas. Mais, considerando que os tratamentos na área da oncologia se assumem como cada vez mais agressivos, a exigência de medidas de segurança é, também, cada vez maior e as condições logísticas assumem especial relevância na ponderação desta questão.

Acresce que, na tradição de mais de 80 anos do Instituto, a humanização dos cuidados é essencial, pelo que a existência de um edifício com capacidade para oferecer conforto adequado a doentes em idade pediátrica e respectivos acompanhantes, com uma permanência prevista de 24 horas por dia, possibilitará que sejam pensadas de raiz e sem contingências ditadas pela exiguidade de espaço - em completa oposição ao que hoje acontece em que as fortes limitações levam a que as opções de melhorar as condições de conforto concorram com as necessidades relacionadas com a actividade clínica.

Todas estas razões levam a que não exista outra possibilidade para efectivar o projecto de modernização do Instituto que não a requalificação do edifício utilizado pela antiga Escola de Enfermagem para a instalação do Centro Oncológico da Criança e do Adolescente.

De referir que o IPO de Lisboa pretende que a transformação a operar no edifício seja exclusivamente interna, sendo a integridade da fachada exterior mantida, em respeito pela história da edificação que terá, indubitavelmente, na nova utilização uma nova e nobre continuação. Reconhecemos o papel histórico desempenhado pela antiga Escola Técnica de Enfermagem, posteriormente renomeada como Escola Superior de Enfermagem Francisco Gentil, mas novos desafios se colocam a este espaço.

Este é pois, não só um projecto ambicioso para servir as crianças e adolescentes com cancro, mas um projecto essencial para a reabilitação global da Instituição, já que funcionará como etapa de arranque de todas as restantes fases que estão pensadas para restaurar a dignidade, em termos de infra-estruturas, a uma Unidade Hospitalar de referência e com uma inigualável experiência na luta contra o cancro.

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