sexta-feira, 18 de abril de 2008

A Cronologia imaginaria da "Requalificação " do valiosos terrenos do Hospital Pediatrico D. Estefânia.



Capitulo I- O Hospital D. Estefânia inicialmente não entraria no projecto do Centro Hospitalar, mas as evidências apontam que seu terreno valioso passou á ser considerado, como moeda de troca , no decorrer das negociações. Apesar destas informações advirem de fontes fidedignas,
poderíamos considerar serem apenas conjecturas inspiradas no que aconteceu á outros espaços, outrora pertencentes á Cidade de Lisboa.

Amplie para saber da verdade....




1º Ato: Preparar o terreno

O antigo Ministro Correia de Campos tornou-se impopular pela sua postura impositiva e pela forma como actuou endossando claramente uma politica de destruição dos Serviços de Saúde. O desmantelamento deste sector inicia-se, não se deixando espaço para propostas alternativas que contemplassem a viabilidade, continuidade e aprimoramento destes serviços.
É nesta terra tornada propícia, que se instalam de imediato e como por magia, serviços de saúde ligados a grupos financeiros.
Queremos ressaltar o facto de não termos objecções contra o sector privado mas consideramos imprescindível que a área de saúde como um todo e especialmente a hospitalar e pediátrica precisam ser protegidas da contingência ilógica da medicina baseada exclusivamente no lucro. Esta perspectiva torna-se imperativa para uma comunidade que se projecta na nação visando o futuro.

2º Ato: Eleições á vista

É plausível que a hipótese da substituição do ministro já estava prevista face a proximidade das eleições, pois entre o intervalo de duas vergastadas, com algum açucar, pode contar-se neste espaço com o esquecimento dos eleitores.
O Ministro, conhecedor do "timing" e responsável pelo Guião da peça, apressadamente entra em acordo com a Câmara de Lisboa "fecha o negócio" com os terrenos em Chelas por 13.000.000 de Euros para construção do novo Hospital de Todos os Santos. Cogita-se ainda da possibilidade do novo Hospital dar argumentos para o encerramento do Aeroporto da Portela e outro aproveitamento para os seus terrenos.

Após isto o ministro demite-se mas não sem antes garantir que o projecto tomasse um caminho aparentemente irreversível. Esta decisão envolve também a extinção do Hospital Pediátrico.


3º Ato: Um anexo ou uma anedota triste para a Pediatria Portuguesa ?

O Hospital D. Estefânia por passe de mágica desaparece como nome e identidade e resume-se a um anexo que aparece no plano funcional do novo hospital com o título pomposo de "Ambiente Pediátrico”.

Torna-se patente a omissão da necessidade do enquadramento do projecto em uma Carta de Cuidados Hospitalares em Pediatria.

Este “modus operandi” leva-nos a deduzir que tratou-se dum projecto de gabinete acordado entre parcerias e ignorando sumariamente, num desrespeito arrogante ao parecer da antiga comissão médica e o da sociedade civil que se manifesta veementemente num abaixo assinado com mais de 75 000 assinaturas!

Em síntese : o plano funcional do futuro HTS , no que diz respeito ao "Ambiente Pediátrico " resultou da perspectiva para a Saúde, da Intersalus e demais parcerias privadas, ignorando acintosamente a opinião do corpo clínico do Hospital D. Estefânia.
Deste modo este plano foi levado avante sem divulgação, impedindo uma análise mais aprofundada. Acresce curiosamente a omissão do nome "D.Estefânia".
Os responsáveis supõe desta forma poder risca-lo da memória colectiva e assim posteriormente do patrimônio publico.
Caso assim não pensaram, pela sua actuação deixam margens para esta dúvida pois casos similares já ocorreram. Fundamentados nestes factos precedentes é que nossa acção se norteia: pois é mais prudente tentar prevenir do que não se poder remediar .

4º Ato: Consolidação

No dia 12 de Abril, após o suposto e provável percurso acima descrito no corredor dos gabinetes interessados, é instituído rapidamente um Concurso Internacional para a realização do projecto arquitetônico do HDS.

A ponta do “Iceberg” já delineada nos planos pré traçados e endossados pelo ex Ministro Correia de Campos, antes da sua saída da cena, torna-se agora perceptível no que tinha de submerso.

No acto público com orgulho verbalizam: “Finalmente poderão se requalificar os actuais terrenos dos antigos Hospitais de Lisboa Central, inclusive o Hospital D. Estefânia, maior e muitíssimo mais valioso do que o recém comprado.”

Gostaríamos de deixar aqui este recado aos governantes por nós eleitos:

1. Os terrenos do Hospital D. Estefânia e seu edifício, foram e são um Patrimonio Histórico, doado com a finalidade precípua de servir apenas a Saúde das Crianças de Portugal!

2. Informamos ainda, que assumimos a defesa intransigente da finalidade a qual se destinou o HDE na sua origem, não compactuando com o desvirtuamento do intento original camuflado em eventuais “re qualificações” que o desviariam do seu campo de actuação.

3. Ao adotar com alarme esta perspectiva fundamentamo-nos na finalidade das obras que que pretendem executar em terrenos recentemente alienados na cidade de Lisboa: cassinos, condôminos, parques de estacionamento, centros comerciais, fundações privadas ou de uso público restrito. Estas obras que do seu ponto de vista são mais rentáveis, para nós não passam de construções assépticas, massificadas, livres do povo e sua cultura popular. Despojam assim a população de Lisboa dos seus espaços mais identificativos e históricos. Os indícios que apontamos neste último tópico, levam-nos á uma indagação mais abrangente sobre as causas e consequências desta tendência de descaracterização das cidades do mundo actual, desvinculando as populações de suas tradições e do território sobre o qual suas cidades se assentam. Estamos talvez a presenciar uma trama consertada nos bastidores, impondo projectos globalizados que contribuem para a perda da identificação cultural.


5º Ato: Epílogo

Resquício de luz no fundo do túnel ou apenas areia pré eleições?

Gostaríamos de supor uma vitória da razão e ascensão duma perspectiva mais lúcida e sensível no Ministério , pois agora já se diz : “Está fora de questão a alienação deste Hospital e esquecimento do seu nome".

Aguardamos assim um posicionamento oficial escrito, pois só assim poderemos crer, face aos antecedentes já ocorridos com outros bens públicos.

Solicitamos veemente que aproveitem esta última oportunidade! Façam-no antes da próximas eleições, não se resignando ao papel de meros figurantes…

Este Guião importado que planejaram implantar está em contradição com a actual opção de outras Capitais Europeias. Estas últimas mantém os seus antigos Hospitais Pediátricos nos seus Centros Históricos! Estas cidades acarinham os seus Hospitais Pediátricos ao invés de relega-los ao desprezo e decadência para depois justificarem a necessidade de sua destruição.

Lutemos contra a desertificação do Centro Histórico de Lisboa com o afastamento dos seus Serviços e Equipamentos, e da população fixa e flutuante e seu comércio que alimenta e trás vida a cidade!

Por um novo Hospital Pediátrico para Lisboa !
Requalificar Lisboa é requalificar o Hospital D. Estefânia e não destrui-lo!

Leiam no Blog o exemplo do Hospital Eveline em Londres !


Assina Pedro Paulo Mendes

Sem comentários: