terça-feira, 24 de junho de 2008

Artigo de Opinião : O Porque dos Serviços de Imagiologia Pediatricos

INTRODUÇÃO PRÉVIA :
Na reunião de 4 de Junho, convocada pelo C.A. do Centro Hospitalar, para apresentação do futuro Hospital de Todos os Santos, fizeram constar que:
"O SERVIÇO DE IMAGIOLOGIA PEDIATRICO SERÁ PARTILHADO COM O DE ADULTOS".



Uma Ressonância Magnética de Campo Aberto, apropriada a criança, num Hospital Pediátrico Terciário Moderno e que faça parte da capital de um País, já não do 1º, pelo menos do.. 2º ou 3º mundo!















Enviaram-nos um artigo de opinião crítico ao conceito de Serviço de Radiologia transversal a adultos e crianças, defendido pelos criadores do plano funcional do H.T.S. na reunião de 4 de Junho, que agradecemos e publicamos na íntegra: -

TITULO


" PORQUE DEFENDEMOS UM SERVIÇO DE RADIOLOGIA PEDIÁTRICO"

O bem-estar da criança e o seu valor na sociedade dependem da cultura e do clima económico que a rodeia.
O primeiro hospital pediátrico “Dispensary for sick children “ data de 1769, em Londres e dirigia-se a crianças órfãs ou abandonadas. Encerra doze anos depois por falta de suporte financeiro. Nos Estados Unidos, o primeiro hospital pediátrico surge em 1855 em Philadelphia, seguido pela abertura de outros hospitais pediátricos como o de Chicago em 1865 e o de Boston em 1869. Em Portugal o hospital de Dona Estefânia, dedicado às crianças de Lisboa, data de 1860 e foi um dos pioneiros na Europa. A especialidade médica de pediatria nasce em 1893 na escola Médica de Harvard com o professor Thomas Morgan Rotch, o mesmo, que em 1910, publica o primeiro livro de radiologia pediátrica «The Roentgen Method of Pediatrics». A radiologia pediátrica evoluiu lentamente devido a aparelhagem de RX inadequada à população pediátrica sendo necessário um tempo de exposição muito longo para obter uma radiografia. Na década 1920-1930 vários serviços de radiologia foram criados exclusivamente para hospitais pediátricos. Mas é depois da segunda guerra mundial que a especialidade de radiologia pediátrica irrompe. Em 1945 J.Caffey publica o segundo livro de radiologia pediátrica. No final do século XX com o aperfeiçoamento dos equipamentos de RX, a computorização e a explosão de novas técnicas de imagem médica, não utilizando radiação ionizante e sem efeitos biológicos conhecidos, a investigação imagiológica torna-se adequada à criança, sendo hoje a radiologia pediátrica uma ferramenta imprescindível à prática clínica.
O Serviço de Radiologia Pediátrica deve adaptar-se ao meio hospitalar em que está inserido, respondendo com qualidade e prontidão aos exames solicitadas pelas especialidades médicas e cirúrgicas, em doentes internados, externos, ou provindo do Serviço de Urgência.
Um Serviço de Imagiologia dedicado à população pediátrica requer particular atenção:
- Na preparação teórica e prática dos seus profissionais (médicos, técnicos, enfermeiros, auxiliares de acção médica, administrativos).
- No seu equipamento: radiologia convencional, ecografia, tomografia computorizada (TC) e ressonância magnética (RM).
- No atendimento.

A imagiologia Pediátrica requer conhecimentos específicos no domínio da anatomia, fisiologia, fisiopatologia, e patologia pediátrica em muito diferente da do adulto e que se estende desde a idade pré natal ao adolescente; os médicos especialistas nesta área devem também ter um perfeito domínio das técnicas imagiológicas permitindo escolher as estratégias de diagnóstico mais adequadas à criança, optimizar os métodos menos invasivos, sem radiação ionizante e efectuar ou orientar a sua execução de forma consciente e segura. A interpretação desses exames é um desafio contínuo sendo de grande importância a discussão pluridisciplinar com os outros Serviços hospitalares pediátricos médicos e cirúrgicos.
Os técnicos de radiologia, tal como os médicos devem ter treino específico para a realização de exames em idade pediátrica com particular atenção às formas de imobilização da criança, que variam consoante o exame solicitado e o grupo etário e às doses de radiação, respeitando a menor dose de radiação necessária para obter uma imagem com leitura. O trabalho exclusivamente dedicado a este grupo etário permite-lhes uma facilidade de actuação, tornando desnecessárias repetições de “disparos”, de películas ou de outras incidências complementares, beneficiando largamente a criança, poupando-a a doses desnecessárias de radiação e encurtando o tempo do exame.
A colaboração de outros médicos no Serviço de Radiologia Pediátrica, em particular dos Anestesiologistas também é amplamente favorecida com a dedicação destes à Pediatria.
Os procedimentos de enfermagem devem ser manipulados por enfermeiros familiarizados com a prática pediátrica, de forma a decorrerem com maior tranquilidade e de modo menos traumatizante para esses jovens pacientes. Administrativos e auxiliares de acção médica devem também estar adaptados às especificidades das suas funções no Serviço de Radiologia Pediátrica.
A imagiologia médica está dependente dos equipamentos que dispõe. É necessário que os vários equipamentos imagiológicos que integram um Serviço de Radiologia Pediátrica sejam de alta gama e adaptados à população pediátrica com os diversos acessórios. Todo o material médico presente nesse Serviço obrigatoriamente obedece aos requisitos pediátricos tais como o material anestésico ou o carro de emergência médica.
O acolhimento da criança no Serviço de Radiologia é outro aspecto importante a privilegiar. Um exame imagiológico pode correr mal apenas porque não se conseguiu sossegar a criança e obrigar a atitudes mais invasivas como a sedação ou a anestesia. Acalmar a criança passa em primeiro lugar pelos pais que podem estar assustados não só pela forma como irá decorrer o exame como pelo resultado. Uma informação prévia aos pais explicando a importância do exame, a necessidade de uma preparação (jejum, bexiga cheia, etc.), no que consiste e as várias etapas, pode ajudar a responder à ansiedade dos pais e transformá-los em “preciosos” aliados. O bem-estar da criança permite reduzir o medo. A sala de espera deve ser um local agradável e de descontracção com ambientes próprios a cada subgrupo. Uma área mais carinhosa para os lactentes onde podem ser amamentados, limpos e adormecidos. Uma área de brincadeira com múltiplos jogos para crianças pequenas, uma televisão com vídeos passando desenhos animados com heróis conhecidos cativando mais a atenção das crianças em idade pré-escolar. Uma consola com jogos interactivos para crianças em idade escolar. Algumas revistas de moda e jornais desportivos para adolescentes e alguns pais…A distribuição de guloseimas ou a promessa de uma recompensa no final do exame são outras formas de cativar a simpatia dos nossos pequenos utentes. Um ambiente alegre ajuda a superar o tempo de espera.
As salas de exame não podem ser assustadoras. A decoração da sala, muitas vezes a cargo dos Psicólogos, contribui para minimizar o medo do equipamento. Durante a exploração imagiológica a atitude do médico ou do técnico que executa o exame deve adaptar-se não só à gravidade do doente mas à idade da criança para obter o máximo de colaboração. No Recém-Nascido o conforto físico é o principal requisito. Na criança pequena a presença da mãe é fundamental. A criança em idade escolar é receptiva á explicação do exame, demonstra curiosidade em ver as imagens e até vontade em ajudar. O adolescente apesar por vezes do seu grande tamanho reage de forma diferente do adulto. É um período de transição, de afirmação e por vezes de grande turbulência. Deve se respeitar ao máximo a sua personalidade. Pode já ter uma vida sexual activa. Pode querer privacidade e optar pela não presença dos pais na sala.
Estes conceitos são pedra angular de bom funcionamento dum Serviço de Radiologia Pediátrica. Misturar crianças com adultos doentes num mesmo Serviço de Radiologia, desumaniza o atendimento e reduz as capacidades técnicas e profissionais. É importante, se forem necessários mais exames, que a criança volte ao Serviço de Radiologia com um sorriso nos lábios.
É à volta dessa sorriso que a equipa de radiologia pediátrica se une.

Assina: E.S.




Alguns comentários relativamente ao artigo supracitado :

Obviamente existem opiniões divergentes entre pares.
Desafiamos os colegas que não concordam com o acima exposto que expliquem porque a quase totalidade dos autores dos artigos e dos livros de radiologia pediátrica são médicos que exercem em Serviços de Radiologia de Hospitais Pediátricos e não em Hospitais Generalistas, como se propõe ser o futuro Hospital de Todos os Santos. O facto da produção científica ser quase exclusivamente proveniente dos Serviços de Radiologia de Hospitais Pediátricos especializados e não dos Generalistas, prova que é esta dedicação e especialização que permitem atingir a excelência e a criação de ciência.Justificamos assim porque a diluição das sub especialidades em serviços transversais é, no que diz respeito à Pediatria, um retrocesso redutor à era da pré-especialização.

Se tem dúvidas, pesquise na Net : "Radiology childrens Hospitals" e confirme conosco que a era dos exames radiológicos infantis realizados em equipamentos para adultos está ultrapassada há mais de 20 anos!

O Hospital de Todos os Santos que se diz "de ponta", eventualmente aniquilará o Serviço de Radiologia Pediátrico especializado, resumindo-o, segundo algumas opiniões, apenas á ecografia e á radiologia, sem possuir quadro técnico diferenciado e "esquecendo", inclusive, a obrigatoriedade da sala pediátrica com intensificador de imagem para exames contrastados.

O tempo de ocupação da sala que implica o exame pediátrico, a especificidade e o número de RNMs e TCs hoje realizados na Zona Sul, justificam per si , equipamentos dedicados( com uma eventual rentabilização marginal para ginecologia - obstetricia, mas nunca para as outras patologias do adulto e geronte.)
Trata-se assim de um projecto ultrapassado ( procurem imaginar como os julgaria o Prof. Dr. J. Caffey caso se apresentassem como defensores de um Serviço de Radiologia Transversal e indiferenciado...)

Exemplificamos o que afirmamos sem qualquer esforço, transcrevendo um artigo obtido através duma pesquisa rápida na Net:-

Radiology Services at The Children’s HospitalThe Mae Boettcher Center for Pediatric Imaging at The Children’s Hospital is recognized for their expertise in imaging and evaluating a broad spectrum of childhood diseases and conditions use state-of-the-art diagnostic equipment with special pediatric features. The Radiology team at The Children’s Hospital has special equipment designed just for children, making tests more comfortable for kids and also producing more accurate information for our specialists. The Radiology team at The Children’s Hospital consists of board-certified and fellowship-trained pediatric radiologists. Our team works with kids, and only kids, every day. This means they are comfortable dealing with kids and making them feel safe in the test environment. When necessary, conscious sedation is frequently substituted for general anesthesia depending on patient age and type of procedure.

Conditions Treated
Imaging services are performed for all childhood diseases or conditions, including:

Cardiovascular conditions
Chest and respiratory conditions
Gastrointestinal conditions
Neonatal conditions
Neurological conditions
Oncology conditions
Orthopedic conditions
Skeletal conditions
Traumatic injury
Urologic conditions
Imaging Technologies Provided at The Children’s Hospital
Radiography and X-rays
Ultrasound
Magnetic Resonance Imaging (MRI)
MRI is particularly useful in evaluating neurologic, orthopedic and oncologic disorders. The technology's unprecedented image accuracy can mean the early detection and treatment of many diseases. Magnetic resonance angiography (MRA) allows for non-invasive visualization of veins and arteries without intravenous contrast administration. Maximum patient comfort and security including:

Noise cancelling technology and music to help children relax
Two-way audio system so child and clinician can communicate throughout the exam
Constant closed-circuit TV supervision for complete patient safety
Computerized Tomography (CT or CAT Scan)
A CT, or CAT, scan enables specialists at The Children’s Hospital to look at ‘slices’ of a patient’s body. The use of contrast agents, administered through an IV, can be used, depending on the tissues that need to be seen. High-speed, high-resolution technology with spiral scan capability permits an entire abdominal exam to be performed in less than 10 minutes. Fluoroscopic CT with real time imaging is used for CT guided intervention. Scanning and programmable sub-second imaging can eliminate the need for sedation with most children.


No futuro Hospital de Todos Santos o Servico de Radiologia será comum com o de adultos !
Como afirmar, então, tratar-se do plano funcional de um Hospital Moderno!?

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