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Grupo Mello Saúde /PPPuma sombra omnipresente
nas diversas candidaturas |
INTRODUÇÃO : A teia subterrânea que envolve os diversos candidatos a Presidência da Republica
A redação considera pertinente a divulgação dos dois textos que seguem a esta introdução.
O primeiro texto, que recebemos, sem a identificação da autora, merece publicação pela coragem das afirmações e o de refletir o estado de Espírito de desalento da quase generalidade dos profissionais do CHLC. Ressalva-se a discordância com algumas das suas considerações.
O segundo texto , é importante
porque revela "a teia " com que os Grupos Financeiros privados envolvem os Candidatos a Presidência da Republica através do envio de " apoiantes /cuidadosamente escolhidos " ( no caso Marcelo Rebelo de Sousa)
Não esqueçamos que o Professor Cavaco Silva visitou o Hospital D. Estefânia quando isto lhe dava popularidade, mas que ao receber o Abaixo Assinado em defesa do Hospital Pediátrico subscrito por 80000 portugueses , deu uma aula de cinismo que humilharia Pilatos, reduzindo-o a um insigne aprendiz, pois não só lavou "as mãos" de tomar qualquer posição como seria o seu dever moral de representar os portugueses que nele ingenuamente acreditaram mas o mais o mais grave , aconselhou a Comissão a se dirigir ao seu amigo o Eng. P. D.A , antigo gerente do Grupo Mello ) e "pedir-lhe o favor" de modificar o projecto de que na altura responsável. O Presidente da Republica Portuguesa , assumiu a sua subserviência aos Grandes Grupos Economicos.........
A importância dos Mandatários do Candidatos deve-se a possibilidade de " no caso do seu" candidato ser eleito, estes poderão vir a assumir o cargo de Assessores da Presidência, e inclusive indicados para a preencher os lugares de Secretários de Estado. Com exemplo recente refere-se o Dr. Leal da Costa que foi Assessor do P.Cavaco Silva e depois assumiu o cargo de Secretario de Estado do Dr. Paulo Macedo....que exerceu com "o mérito" que todos conhecemos......
Em relação ao Professor Marcelo Rebelo de Sousa, que quando comentador político , deu espaço televisivo a Plataforma Cívica de Defesa do Hospital Pediátrico, na Pessoa do Professor Gentil Martins ( que agradeçemos) e afirmou então publicamente que era "Um disparate a Destruição do Hospital D. Estefânia" surge agora na entrevista do (2ª texto) como um claro porta voz dos interesses dos Grupos Financeiros apostados nos lucros das PPP do futuro Hospital Oriental em Chelas e assim na destruição do Hde.
A
Dra. Maria de Belem que no passado em visita ao HDE e antes da atual descaracterização selvagem , declarou que aquela Instituição era "um exemplo de bom funcionamento" . Foi contudo ela que adjudicou o contrato de PPP para a gestão clínica do Amadora Sintra para o Grupo Mello ( que havia transitado por assinar governo de Cavaco Silva que perderá as eleições ) e dai talvéz ambiguidade / deslize da observação de Clara Ferreira Alves quando afirma a meia boca , no programa do " O eixo do Mal do dia 09-01-2016 salvo erro de percepção " em critica mordaz a candidata que "Dra. Maria de Belém se sentará no colo dos Mellos". Esta meia insinuação, caso tenha sido de facto proferida deveria ser esclarecida pois deixa preocupados aos seus eventuais eleitores e contradiz a "força de carácter e seriedade" que a candidata faz transparecer.
De qualquer forma o que é publico foi que quando era Presidente da Comissão Parlamentar de Saúde aceitou acumular com uma consultoria junto do grupo Espírito Santo Saúde - que na altura iniciava os seus projectos de expansão e se posicionava como uma das maiores empresas privadas do sector privado , como veio depois a confirmar-se ........Maria de Belém sempre afirmou não descortinar qualquer incompatibilidade entre as duas funções ...será devido à que este " a vontade" faça parte da rotina da vida politica.....
Em relação ao Professor Sampaio da Nóvoa haverá que referir que teria por onde melhor escolher do que o Professor António Correia de Campos para mandatário para sua campanha na Saúde . Não terá sido o Professor Correia de Campos o elo de ligação que selou as políticas do Bloco Central com o fim de destruição e privatização do SNS e estruturou as PPP na saúde? Não foi o Professor Correia de Campos o seu diligente impulsionador ao entregar a gestão privada e construção das PPP de novo Hospital de Cascais, de Vila Franca de Chira e de Loures. Isto para não falarmos de ser coo responsável pela Reforma Hospitalar em curso em que se propõe a substituir a 2200 camas dos antigos Hospitais Civis de Lisboa por um Hospital Generalista com 800 camas e com 60 camas pediatricas e destruição do Hospital D. Estefânia em beneficio dos Hospitais Privados?
Não terá sido por acaso que o António Arnaud , em tom critico, declarou que que o Prof. Correia de Campos "tinha sido um bom aluno do Banco Mundial" (BM) por quando lá trabalhara e aprenderá bem a lição e que e não era ser um defensor do SNS (O B.M./ escola de Chicago foi o Centro de formação dos neo conservadores e neoliberais que colonizaram o mundo e onde Compromisso Portugal tem as suas raízes. Não esqueçamos ainda a personalidade insensível e autoritária do Professor Correia de Campos que mandou desativar Hospitais e Maternidades sem criar previamente alternativas, desamparando as populações . Recordemos que castigou os profissionais de saúde que estiveram em desacordo com as suas "orientações" instaurando-lhes processos disciplinares . Notar ainda que a boa moda salazarenta, epitetava todos os seus opositores de "comunistas"..... Como explicar esta contradição entre o propósito expresso pelo candidato de independência face ao poder económico e a escolha de Correia de Campos para mandatário da saúde ou da sua escolha para mandatário
dos Serviços Públicos de António Arnaut e a de Correia de Campos.. quando foi publica a divergência entre os dois no passado Ou ainda como é escolhido este mandatário se a Comissão de Saúde não foi consultada?!!!! A resposta é simples a maquina partidária infiltrada dentro da Campanha atua de forma subterrânea impondo-se e não respeitando ninguém........
J
ulgamos assim que Sampaio da Nóvoa deveria o mais rapidamente possível relegar o Professor Correia de Campos a um papel secundário na sua campanha....em caso de duvida indaguem a opinião de António Arnaud, seu mandatário para os "Serviços Publicos"
António
Arnaut dixit: :"Talvez
pela sua passagem pelo Banco Mundial", Correia de Campos tenha mudado de
ideias e passado a ter "uma visão liberal", admite Arnaut,
salientando que "ele tem o direito de mudar, mas como socialista tem
obrigação de defender o modelo de SNS traçado na Constituição, com a matriz do
PS".
TEXTO 1
Já Chega!
Na “ressaca” de uma consoada que pela primeira vez em seis anos consecutivos
pude festejar junto da família, reservo uns momentos para maçar quem quiser ler
estes desabafos.
A
maior parte dos meus amigos do FB conhece-me bem, porque muitos são mais do que
amigos virtuais. Conhecem o meu modo de estar por vezes truculento, o espírito
não alinhado e rebelde, a intolerância para o disparate e a displicência, a
falta de corporativismo. Costumam resumir tudo na designação “mau feitio”. Os
mais contaminados pelos eufemismos em voga dirão que tenho um baixo quociente
de inteligência emocional. Não discordo do veredicto, prefiro ter mau feitio a
ter mau carácter e o meu QI (não emocional) avaliado, em tempos de juventude,
em 138 e 140 parece afastar-me dos níveis de debilidade e embotamento de
raciocínio.
Vem tudo isto a propósito de que, sendo médica, me sinto
diariamente agredida, insultada e difamada pelos profissionais do “eu acho” e
do “eles deviam”.
Para quem me conheça menos eu
apresento-me: médica anestesista, 57 anos, 31 de profissão dedicada nos
últimos 14 anos sobretudo à Neuro-anestesia, dez dos quais no H. de S.
José.
Para esclarecimento de muitos que transformam os honorários
médicos em mistérios de sociedades secretas, a minha remuneração na categoria
de assistente hospitalar graduada, com exclusividade na função pública, horário
de 42 horas semanais (actualmente 39, pela redução anual de uma hora após
os 55 anos) é de 4107 € (preço hora ~ 22 €) dos quais receberei no fim do mês ~
2400 € (preço hora ~ 9€). A condição contratual de exclusividade obriga-me à
prestação de mais 12 horas extra semanais se a instituição hospitalar o exigir
(e exige), resultando em 53 horas semanais, das quais 24 são um período
contínuo. Posso ser solicitada (e pressionada) a realizar mais horas semanais.
Actualmente, face à carência de recursos na área de anestesiologia, perfaço, em
média, 70 horas semanais (39 em actividade de bloco operatório programado, o
resto em urgência) e tenho um fim de semana por mês sem urgência (nos
meses mais compridos posso chegar à loucura de ter dois). Por lei poderia não
realizar trabalho nocturno a partir dos 50 anos e ter isenção total de trabalho
de urgência a partir dos 55. Se eu e os meus colegas do H de Faro cumprirmos a
lei do trabalho à risca, a urgência cirúrgica será encerrada porque restam
três elementos para garantir o apoio anestésico 24/24 horas – 7 dias por
semana. Em resumo, com o ordenado base e as horas acrescidas, recordo – 70
horas semanais – a minha remuneração fica em – 3800€. Acima da média dos
ordenados em Portugal? Sem dúvida! Mas 70 horas representam a soma do horário
de dois médicos sem exclusividade que é de 35 horas.
Portanto, meus
senhores, os malandros dos médicos trabalham ao fim-de-semana mesmo quando a
lei os isenta; e também trabalham nos feriados.
Perguntam alguns porque
têm os médicos que ganhar mais do os maquinistas do metro, do que os policias,
do que os licenciados em geral. Faço um pequeno desvio para falar das
forças da ordem. Os que têm como dever zelar pela nossa segurança são talvez a
única categoria profissional mais odiada do que os médicos. Desprestigiados,
mal remunerados, sujeitos a julgamentos e em alguns casos a penas de prisão
quando cumprem a missão que lhes é profissionalmente exigida. Ridículo e
afrontoso que um polícia tenha que pagar o próprio equipamento, surreal que se
responsabilize por danos em viaturas usadas em serviço. Não há salário
demasiado alto para quem arrisca a vida para que a nossa esteja segura. Existem
abusos, sabemos que sim, protestamos contra a caça à multa e algumas
arbitrariedades de que somos vitimas. Mas imagino como será difícil ver uma e
outra vez sair pela porta da frente o marginal que horas antes detiveram, não
raramente arriscando a vida, e que um juiz, de interpretação mais liberal da
lei, põe e liberdade.
Vivemos numa sociedade acéfala de faz de conta, de
inversão de valores, do politicamente correcto, do fundamentalismo da
tolerância, dos chavões momentâneos gritados em ondas emocionais bem
orquestradas, em proveito próprio, pelos bonecreiros da política.
Somos
formatados para pensar o que os media querem que pensemos, sem contraditório,
sem interrogação, adormecidos e embalados em conceitos pre fabricados.
De
uma era em que as saídas profissionais se estruturavam na adolescência, em que
ser “bom aluno” nos permitia antecipar um vasto leque de escolhas, passamos
para a era do “todos licenciados mas poucos com emprego” A iniciativa privada
rejubilou com a possibilidade de fazer crescer universidades como cogumelos que
vomitam todos os anos ufanos jovens diplomados em áreas de denominação exótica
e cuja utilidade social carece de ser provada. Orgulhosos progenitores, que
gastaram “uma nota preta” em mensalidades, exibem orgulhosos os filhos doutores
a quem está reservado o desemprego, a emigração , o prolongar da agonia (deles
e dos pais) em mestrados tão úteis quanto as licenciaturas ou, injustiça das
injustiças, aceitar um trabalho abaixo do que é devido a um “licenciado”.
A
questão agrava-se com as licenciaturas modelo expresso, em que plantar uma
árvore no dia da dita ou assistir a três comícios, pode dar direito a
equivalência numa cadeira e com o padrinho certo, chegar até ministro ou
primeiro ministro. Nivela-se por baixo no esforço, mas pretende-se nivelar por
alto nos direitos.
Em Medicina não se obtêm créditos por colar pensos rápidos
ou assistir a todas as temporadas do Dr. House. Prescinde-se de muitas saídas
com os amigos, de muitas horas de divertimento.
Num mundo governado
pelos licenciados fast banaliza-se o trabalho acrescido que implica atingir os
patamares cimeiros da elite universitária. Sim ELITE, sem falsas modéstias, sem
sentimentos de culpa.
Sim, sabemos o que nos espera, as horas de estudo
intenso que se prolongam após a licenciatura. Sim, adoptamos o juramento de
Hipocrates, de que muitos falam e poucos fora da área médica conhecem. Mas
saberá quem nos diaboliza, como é morrer por dentro cada vez que temos que
anunciar um desfecho trágico, saberá quem nos acusa de sermos frios e
distantes, como exorcizamos os nossos demónios e os nossos medos, porque
ninguém como nós entende a fragilidade da vida e o pouco que é necessário para
que tudo se desmorone ? Entenderá quem tanto nos critica, como é recomeçar uma
e outra vez esta luta desigual contra o fatalismo “do destino”, da “sua hora”
ou da “vontade de Deus”?
Na ordem social das coisas considerava-se
adequado remunerar de acordo com o contributo para o bem comum e a importância
desse papel na sociedade. Hoje somos todos licenciados, mas um engraxador
licenciado continuará a engraxar sapatos (e muita ciência é necessária na arte
de engraxar), e um médico continuará a tratar doentes. Terão a mesma relevância
social ? Terá a função de maquinista do metro, para usar uma comparação que li
na imprensa, equiparação à actividade clinica ? Existe um facto muito simples
que permite dar a resposta; qualquer médico em seis meses, vá lá, um ano
de treino, será um apto engraxador ou condutor de metro, o inverso é verdade?
O
endeusamento de que alguns falam vem da relação amor/ódio que a sociedade
sempre estabeleceu com a classe médica. Como disse no início sou pouco
corporativa e tenho plena consciência de que na minha, como em todas as
profissões, existe muita erva daninha. Cometo erros como todos. Só não os
comete quem não se aproxima dos doentes. Entre erro e negligência há um diferença
abissal ; cometemos um erro, quando escolhemos uma estratégia terapêutica que
julgávamos a mais adequada e a evolução revelou que não era, cometemos um erro
quando equacionamos mal um diagnostico ou o timing de uma intervenção. Somos
negligentes quando nos estamos nas tintas para reflectir sobre uma solução
diagnostica ou terapêutica e optamos pelo que nos dá menos trabalho ou melhor
nos remunera. O erro não deverá ser repetido se as mesmas circunstâncias
ocorrerem. Chama-se experiência e não envolve só os mais novos. A negligência
deve ser severamente punida. Convém não confundir estes dois conceitos.
Neste
tu cá tu lá da democracia porreiraça, temos um franja da população formada em
Medicina na Anatomia de Grey, nos diagnósticos surreais do Dr. House e na
pesquisa Googleniana frequente. Surgem assim os opinadores que restruturam uma
e outra vez o SNS e que a darem-lhes poder acrescentariam às leis que nos
regem, uma alínea especial para a pena de morte a aplicar aos médicos.
Estranhamente
não raro são elevados aos píncaros da fama, ao Olimpo dos deuses da medicina,
clínicos a quem os pares não confiariam um panarício. São normalmente médicos
de sorriso fácil, palmadinha nas costas, que gostam de introduzir uma nota de
ansiedade acrescida antecipando diagnósticos catastróficos que “felizmente não
se confirmam porque chegámos a tempo”, que incutem no doente o sentimento de
auto congratulação pela decisão tomada, pelo dinheiro investido, pelo acerto da
escolha. São os médicos do “principio de enfarte” , do “principio de AVC”‘, do
“principio de pneumonia”, entidades patológicas desconhecias dos tratados
universais de medicina mas que se perpetuam de boca em boca disseminando a fama
e a simpatia do senhor doutor. São os médicos das longas prescrições e muito mais
longas requisições de exames.
É diferente no SNS puro e duro, onde o
sorriso se apaga ao fim de meia-hora de luta com o sistema informático que
pretende modernizar hospitais com servidores que mal aguentam a instalação do
Tetris. Surgem os médicos carrancudos de farda amarrotada, dois números acima
ou abaixo do normal, porque “é o que há”, olharentos por privação de sono,
resignados às avarias e falta de equipamento numa gincana quotidiana para
ultrapassar o “não há”, não compraram” ou “já não vem mais”. Que chatice ser
neste antro para indigentes que são despejados os que optam pela saúde VIP dos
hospitais privados, quando o plafond se esgota, as economias desapareceram e a
casa já está à venda. O sorriso fácil esmorece e a palmadinha nas costas vira
empurrãozinho firme. O enfarte já ultrapassou o princípio e aproxima-se do fim.
Negam-nos
até o podermos tratar doentes, agora tratamos “utentes” e até “clientes”, nesta
lógica de gestor que o hospital e o hipermercado se gerem do mesmo modo. Os
resultados estão à vista.
Integrei como anestesista a equipa de
neurocirurgia vascular de S.José, que só abandonei por ter mudado de hospital.
Quem me conhece sabe que se necessário trabalharia de borla para salvar uma
vida. Fi-lo muitas vezes noutros contextos. Tenho a certeza que todos os
elementos que integravam a equipa o fariam também. O que o público e os
potenciais doentes têm que entender é que o que ficou destruído com os cortes
cegos e surdos, foi a estrutura complexa que envolve o diagnóstico e a
terapêutica destes doentes e que não pode ser exigido a profissionais de saúde
que literalmente paguem para trabalhar como acontecia com a equipa de
enfermagem. Nenhuma disponibilidade e boa vontade isoladas, poderia remendar o
assunto. A fatalidade que vitimou o jovem David era uma fatalidade anunciada.
Em revolta, alguns de nós desejaram que tivesse atingido quem permaneceu cego e
surdo aos avisos e às propostas, o Sr ministro ou o sociopata que o
assessorava. Teria surgido mais cedo a solução.
Não, não somos bem pagos,
pelo menos no SNS. e sim, somos uma profissão de elite. Com muito orgulho.
Um
bom ano de 2016.
Texto 2
-Entrevista a Marcelo Rebelo
de Sousa (MRS) na TVI em 30.12.2015 por Judite de Sousa (JS), no Jornal das 8
A
propósito da morte de um homem com aneurisma cerebral que não foi operado, por
a equipa de neurocirurgia vascular não estar de serviço no fim de semana, no
serviço de urgência do Hospital de S. José:
Como
Médica especialista da carreira Hospitalar não posso ficar indiferente aos
comentários totalmente despropositados, que cito e passo a comentar:
MRS “Em 1º lugar tenho a dizer que estive no Hospital de S. José por entender que um candidato
presidencial e que pode vir a ser Presidente da República daqui a semanas, se
for esse o voto dos portugueses, há duas palavras que tenho de dizer, uma de
confiança no SNS, não vá generalizar-se o que é um facto grave e lamentável,
mas que não representa o retrato do SNS e por outro lado uma palavra de
responsabilidade… além disso eu tive a ocasião de recordar uma matéria que não
ficou muito clara para o comum dos mortais mas que é a seguinte…o que se passa
nos Hospitais Civis de Lisboa tem a ver com o atraso no investimento em novos
Hospitais.
Eu recordo que era meu pai Ministro
da Saúde na ditadura e na altura tendo como colaborador o Dr. Jorge Ferreira e
o pai do Dr. Jorge Sampaio, Dr. Arnaldo Sampaio, foi programado o Hospital
Oriental há mais de 40 anos. Passaram mais de 40 anos, por razões várias houve
atrasos, que com a crise se mantiveram e se acentuaram”
JS “Eu reparo que o PSD votou contra o
SNS…”
MRS
“Mas isso é outra coisa.
Mas isto é para dizer que
houve aqui uma lacuna e que há uma lacuna, que faz com que Hospitais
vocacionados para outro tempo, com grande mérito dos seus profissionais e em
muitos casos sobretudo, particularmente em períodos muito intensos, não estejam
em condições e portanto…lembro-me aliás de ter dito há 1 ano, quando houve um
surto de gripe particularmente intenso e as urgências não funcionaram, porquê?
Porque se exige a unidades que fazem das tripas coração, mas que têm condições
muito limitadas em determinadas circunstâncias de ponta, se exige mais do que
elas podem dar, basta pensar o seguinte: num hospital novo há uma série de
valências que estão todas juntas e é possível ter especialistas para todas
situações ali, não é possível em muitos casos ter especialistas para todas as
situações, particularmente as mais exigentes, no ponto de vista de qualificação,
todos os dias, em todas as semanas, isso gera problemas que uma vez são
resolvidos e outras não, problemas de coordenação com entidades públicas ou até
de recurso a entidades privadas …”
Passo a comentar:
1 – Qualquer
pessoa, com um mínimo de conhecimento da situação, sabe que não existe uma
relação entre a ausência de escala de fim-de-semana da equipa de neurocirurgia
vascular do Serviço de Urgência do Hospital de S. José e o atraso no investimento
em novos Hospitais.
2-Não
há qualquer relação entre um surto de gripe, em que nos Hospitais, as urgências
não funcionaram e a falta de um hospital
novo, em que uma série de
valências estão todas juntas e é possível ter especialistas para todas as situações.
Confunde circunstâncias de ponta, com
serviços de ponta.
Por
esta lógica só seria possível tratar bem todos os doentes, quando tivéssemos
em cada cidade um ou mais Hospitais de Sta. Maria (com todas as valências e respetivas
equipas para assegurar o seu funcionamento dia e noite).
Tudo
serve (dando a aparência de ir às razões de fundo) para justificar a negociata
da construção de um novo Hospital PPP em Lisboa.
Despudoradamente
omite-se o facto de que para a construção do Hospital Oriental de Lisboa está
planeado o encerramento de seis Hospitais no Centro da Cidade, a funcionar em
pleno – o problema de que resultou infelizmente a morte de um jovem foi
resolvido na semana seguinte, provando que este se devia, não a falta de
recursos, mas de gestão dos mesmos.
Nem
o Ministério da Saúde, nem mesmo os responsáveis que se demitiram (quer da Administração
Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo, quer dos Centros Hospitalares de Lisboa
Central e de Lisboa Norte) alguma vez referiram uma razão tão absurda.
Custa
a aceitar que, quem nos ilude desta maneira é, neste momento, quem parece ter
mais possibilidades de vir a ser o próximo Presidente da República.
Elsa
Soares Jara
Lisboa,
2 de Janeiro de 2016