Quando há 5 anos iniciamos a nossa luta em defesa de um Hospital Pediátrico para Lisboa e do Património do Hospital de D. Estefânia como de pertença da mãe , da criança, obtivemos o apoio maciço da população que se manifestou com 80.000 assinaturas endereçadas ao Presidente da Republica ..(1). não se manifestou apoio activo das restantes unidades que constituem o Centro Hospitalar.
A existência nos grandes centros populacionais de Hospitais Pediatricos Terciários autónomos geralmente integrados em "Centros Hospitalares" com que estabelecem relações complementares é hoje um conceito adquirido no mundo civilizado.
A evolução histórica do antigos Hospitais Civis de Lisboa foi ela própria um exemplo desta evolução conceptual e é do interesse comum aos profissionais e população de que o futuro Hospital de Todos os Santos não se resuma" em mais um" Hospital Generalista de tipo Distrital de acordo com o actual projecto redutor e interesseiro da PPP, mas sim num "Centro Hospitalar" com unidades Materno e Infantil diferenciadas.
Em relação ao actual Património edificado e espaço físico do actual Centro Hospitalar , desde sempre alertamos para os interesses especulativos e financeiros envolvidos e na sua ausência de sensibilidade e que contam com a conivência de parte de poder politico para sua actuação arbitraria de " factos consumados". Interviemos com um abaixo assinado junto a Câmara Municipal de Lisboa quando da discussão do PDM e foi-nos garantido que aquele espaço seria dedicado a "equipamentos" e não a construção de condomínios.
Não poderíamos assim deixar de estar inteira e activamente solidários com o actual processo de critica aos projectos de arquitectura da "Colina de Santana "que como é a regra neste processo tem sido tratado em "privado" e com "privados" de que os munícipes e profissionais foram alijados.
Propomos aqui que este movimento critica se alargue ao Plano Funcional e ao Projecto Arquitectura " do Futuro Hospital de Todos os Santos"no sentido de que venha a respeitar o legado e diferenciação das diversas unidades Hospitalares que o compõe e nomeadamente o Hospital D. Estefânia e a Maternidade Alfredo da Costa.
*1- Infelizmente sem os resultados que se esperariam por razões pouco claras.
Assina: Pedro Mendes - Médico Radiologista HDE
Assina: Pedro Mendes - Médico Radiologista HDE
Seguem-se a documentação do processo em cursona integra :
Pela Reprovação Global do projeto de
Loteamento Hospital Miguel Bombarda – nº 14/URB/2013, em Consulta e Discussão Pública de 1 a 31
de Julho, assim como dos projectos de Loteamento para os Hospitais de S. José,
Sta Marta e Capuchos.
Por pequeno aviso publicado num jornal,
soubemos que iriam para consulta e discussão pública entre 1 e 12 de Julho
no edifício do Campo Grande, 1F, quatro Projectos de Loteamento (venda mais
facilitada, por lote) para os Hospitais Miguel Bombarda, S. José, Sta Marta e
Capuchos, que deram entrada na Câmara Municipal de Lisboa em meados de Junho,
para aprovação.
Após denúncia do espaço de tempo ser curto, o
prazo foi alargado até dia 31 e adiada a decisão da CML para depois das
eleições autárquicas. Assim, há que exigir de todos os partidos e candidatos,
uma posição clara sobre estes chamados Loteamentos, nomeadamente a sua
REPROVAÇÃO.
Pela quantidade e importância de edifícios
que os projectos prevêm demolir ou transformar, estamos desde logo em presença
de uma das maiores intervenções urbanísticas de sempre realizadas na zona
histórica de Lisboa. Os projectos foram apresentados pela Estamo, empresa do
Ministério das Finanças, que há uns anos “comprou” esses hospitais, pedindo
empréstimos cujo montante serviu para encapotar o défice da Saúde …
Descrevemos a seguir as principais
intervenções contidas nesses projectosl:
- Hospital Miguel Bombarda
Seria
mantido e restaurado o Pavilhão de Segurança e o pequeno Laboratório /Morgue,
destinado a fins culturais não especificados (não se refere o singular Museu
aberto, único na Península …); também mantido o outro pequeno edifício
classificado, de Interesse Publico, o Balneário D. Maria II.
O Edifício Principal, o notável e
histórico Convento da Congregação da Missão, de S. Vicente de Paulo
(1720-1740), que resistiu sem danos ao terramoto de 1755, onde se instalou em
1848 o primeiro hospital psiquiátrico do país, e que se conserva na quase
totalidade sem alterações (ao contrário do que afirma em sucessivos erros históricos
grosseiros o dito projecto, ignorando dezenas de documentos e as plantas de
1835 existentes no Arquivo Militar) será destinado a Hotel, com parque
subterrâneo e demolição dos interiores, à excepção das fachadas, da Igreja, do
salão nobre e do gabinete onde o Prof. Miguel Bombarda foi assassinado em 1910,
sendo integrado no Hotel o já referido Balneário …
Todos os outros edifícios seriam totalmente demolidos,
apesar do seu excepcional valor histórico e arquitectónico, apesar de
todo o Hospital ser Zona Especial de Proteção (Portaria nº 1176/2010 de 24 de
Dezembro) e apesar de ter sido proposta a sua classificação em Março último,
em Candidatura apresentada à Direção Geral do Património, sustentada em
investigação irrefutável, subscrita pelas prestigiadas Sociedades de Psiquiatria,
de Neurologia, de Arte Terapia, de Arte Outsider, pela Congregação da Missão, e
pelos dois mais distintos historiadores de arte, Prof. Raquel Henriques da
Silva e Prof. Vítor Serrão.
Assim, as demolições seriam quase totais,
abrangendo os interiores históricos do Convento (que resistiu ao terramoto
mas não resistiria ao vandalismo que assola Lisboa), o Edifício de
Enfermarias em poste telefónico (de 1885-1894), dos primeiros do mundo, de um
piso baseado em Esquirol e de racionalismo pré modernista, rodeado de jardins, do
arquitecto José Maria Nepomuceno, o Edifício de Enfermarias em U (de 1900),
vanguardista dos primeiros em betão, a Cozinha (de 1904), com tecto futurista
em ferro, o enorme, elegante e raríssimo Telheiro, para o Passeio dos Doentes (1894),
e até o poço e o tanque da Quinta de Rilhafoles, anteriores ao convento, com
cerca de 500 anos, etc.
O Balneário, inaugurado pela rainha D. Maria
II em 1853, considerado na época e ainda hoje o melhor da Europa, que conserva
grande parte dos equipamentos … integrado num reles Hotel sem identidade
… que conterá também o gabinete do Prof. Bombarda, o mais significativo
testemunho material da implantação da República, e constituirá também uma infâmia
para a Congregação da Missão de S. Vicente de Paulo e para a Família Vicentina
O que se pretende é escandaloso, representa um
Grave Atentado contra a Cultura Portuguesa e Europeia, destruindo edifícios
de excepcional valor histórico e arquitectónico, em termos nacionais e
internacionais, e apagando a Memória, da religiosidade, da Ciência e das suas
inovações e mestres (Miguel Bombarda, Júlio de Matos, Sobral Cid, António
Flores, Barahona Fernandes, Almeida Amaral ou Eduardo Cortesão), e da vivência
dos Doentes Mentais e da sua criatividade artística e sofrimento.
E para quê ?? Para um Hotel sem identidade, para 4 lotes/prédios
paralelos, outro prédio duplo junto à Gomes Freire, com seis torres de 8 pisos (que
depois subirão para 12, como é costume …), num condomínio desenquadrado e
hostil à zona, por onde será rasgada uma incrível e perigosa Rua para
viaturas, em zig zag com 6 curvas, 2 delas em cotovelo, que passará por baixo
de 4 prédios e irá do Conde Redondo até à Gomes Freire … um pavor !
O que propomos ?
Dizer Não à destruição da Cultura e da Identidade de Lisboa, e criar no belo
espaço e edifícios do ex Hospital Miguel Bombarda, praticamente sem obras, um
Pólo Cultural de excelência, revitalizador da zona e da cidade, dinâmico e
sustentável, aberto aos moradores, atração para turistas e visitantes (com
retoma do eléctrico Martim Moniz-Gomes Freire), que inclua um Museu alargado
dedicado à Arte de Doentes e de Autodidactas de todo o país, e à
História da Psiquiatria e das Ciências da Mente, desde logo com os
integrais arquivos médico e forense do Hospital, dos melhores da Europa, as
coleções de arte e de fotografia, com mais de 12000 exemplares (dos artistas
Jaime Fernandes, José Gomes, Valentim, do poeta Ângelo de Lima, e de tantos
outros), um Centro de Investigação, amplas exposições permanente (uma
delas dedicada à Congregação da Missão) e temporárias, conferências e
workshops, um Ateliê de artes plásticas, Galeria (para venda de peças),
Loja e Café, espectáculos
de música, teatro e bailado, etc
No Hospital de S. José, memória do
Hospital de Todos-os-Santos e símbolo da Medicina Portuguesa, não se indica o
destino do notável edifício, ex Colégio dos Jesuítas (deveria ser um Museu da
Saúde), dois novos prédios de 6 pisos prejudicam a vista do Colégio/Hospital, e
tapam o Torreão de Sant’Ana, o maior da muralha Fernandina, de 1383. E sem
justificação é demolido o notável edifício do Instituto de Medicina Legal, do
arq. Leonel Gaia. No Hospital dos Capuchos só o estritamente
classificado é mantido, e eleva-se um silo de estacionamento no horizonte da
Igreja. E no Hospital de Sta
Marta com a sua bela Igreja e Claustros, onde o nosso Nobel Egas Moniz
inventou a angiografia e a leucotomia, instala-se outro Hotel, quando pelo local turístico e beleza
só faz sentido um Museu, como o da Música ou das artes indo-portuguesas. Em
tudo, querem esquecer a História e destruir Património.
Sem prejuízo de outras ações, apelamos aos
cidadãos consciente para exercerem os seus direitos na Discussão, sem medo, e a
solicitaram ao Sr. Presidente da Câmara de Lisboa, a REPROVAÇÃO destes
projectos, que terá de ser efectuada em separado por Hospital e em impresso ou
termos específicos.
Comissão para a Salvaguarda do Património
Lisboa
12/7/2013
contactar 933220913 / 217585085 / reginacarr@hotmail.com
Exma Ministra das Finanças
Doutora Maria Luís Albuquerque
Foram apresentados pela Estamo
(empresa do Ministério das Finanças), no passado mês de Junho, na Câmara
Municipal de Lisboa, para aprovação, quatro Projetos de Loteamento dos
Hospitais de S. José, de Sta Marta, dos Capuchos e Miguel Bombarda,
localizados na secular Colina de
Sant’Ana.
Os subscritores desta carta consideram
esses Projetos um Gravíssimo Atentado ao Património Histórico, Cultural e
Arquitectónico de Portugal e da Europa, altamente lesivos da Memória da
religiosidade, da assistência hospitalar, da medicina, de mestres da ciência e
da vivência dos doentes, além de prejudicarem o desenvolvimento económico do
país a curto e longo prazo, afectando irremediavelmente o Turismo Cultural,
com a ilusão de se obterem umas receitas fáceis, e, por esses motivos, de
Superior Interesse Nacional, solicitam a Vossa Excelência, Senhora Ministra
das Finanças, o Cancelamento Imediato daqueles quatro Projetos de Loteamento.
Seria redundante especificar nesta
carta o Excepcional Valor Patrimonial destes quatro Hospitais, tornado público
por prestigiadas entidades e por historiadores especializados.
Salientamos, no entanto, algumas
das graves omissões, erros e soluções contidas em todos esses projetos.
As omissóes e erros grosseiros
verificam-se logo nas memórias justificativas que servem de base às soluções
definidas: omite-se por completo a história da assistência hospitalar nos
quatro hospitais, que consequentemente não é considerada a de maior influência no
país; não foram realizados quaisquer estudos sobre as dezenas de edifícios hospitalares a demolir,
incluindo com rigor as suas finalidades integradas, datação, autoria, arquitectura,
valor estético, etc, e cuja importância patrimonial não foi portanto estabelecida;
não foram consideradas condicionantes obrigatórias, como, por exemplo, do PDM
(bem descritas nos documentos do ICOMOS), ignoram ou erram as zonas especiais de
proteção de edifícios classificados, dentro ou fora dos hospitais, etc.
Assim, partindo de bases erradas
ou sem justificações, obrigatórias em projetos desta dimensão, as soluções
definidas nas memórias descritivas incluem finalidades de reutilização vagas ou
até altamente ofensivas do património classificado, e contemplam demolições
generalizadas e largas dezenas de novas construções (e em altura), em todos os
espaços adjacentes aos estritamente classificados. Essas construções
desintegradas, contrariando as recomendações da UNESCO, sobrepoem-se, em
volumetria e áreas de implantação, aos imóveis classificados, desvirtuando de
modo acentuado a sua leitura e identidade, e mesmo impedindo o livre acesso de
visitantes aos magníficos edifícios classificados ou a classificar, incluindo
património azulejar e clínico de sítio, além de afetarem séria e
irreversivelmente o sistema de vistas da extraordinária paisagem urbana de
Lisboa, de enorme importância cultural e económica.
A título de exemplo, podemos
referir, para os quatro Hospitais:
- Hospital de S. José: o projeto somente
aponta para a cedência à CML do edififício principal classificado (continuador
do Hospital de Todos-os-Santos, de 1492, cujo modelo renascentista de
funcionamento se disseminou no país e além-mar, do Japão ao Brasil), sem
apontar para a instalação de um Museu da Saúde, exibindo o acervo que tem sido
recolhido e inventariado; os lotes cercam esse vasto edifício e, do lado poente,
elevam-se três andares acima dele, adulterando a soberba vista desde o Castelo,
e tapando o grande Torreão de Sant’Ana (de 1383) da muralha fernandina,
monumento nacional.
- Hospital de Sta Marta: além de
se construirem prédios em altura no declive da colina e na travessa, aqui prejudicando
os moradores, o edifício conventual, com valiosíssima azulejaria, e Igreja,
átrio e claustro belíssimos, e onde o nosso único Nobel da Medicina Egaz Moniz
inventou a angiografia e a leucotomia, seria transformado em Hotel (?!), uma
finalidade ofensiva deste património histórico-científico e
arquitectónico-artístico; a mais sustentável
e lógica reutilização, nesse local de Lisboa onde circulam dezenas de milhares
de turistas diariamente, será abrir o espaço aos visitantes e aí instalar um
Museu (único na zona), dedicado a um dos muitos notáveis acervos ou temáticas
sem divulgação (música, lusofonia, artes luso-asiáticas, etc)
- Hospital dos Capuchos: um
pequeno núcleo do convento seria completamente cercado de construção nova,
incluindo o pátio da cisterna e relógio quinhentista ao centro, também
adulterado na sua bela proporção, com demolição integral dos edifícios e construção
nova de maior volumetria e implantação; nada é definido sobre a reutilização
das partes classificadas, e ao palácio Mello, com raríssima azulejaria barroca
alusiva à música, é adossada nova construção, desfigurando-o.
Hospital Miguel Bombarda (único
dos 4 hospitais com classificações em apreciação, e Museu aberto, com proposta
de alargamento): para o primeiro e mais influente hospital psiquiátrico
português, o projeto engana-se na zona especial de proteção (não de 50m mas que
abrange todo o recinto hospitalar) dos edifícios classificados, Balneário D. Maria II (1853) e Pavilhão
de Segurança (1896); também oculta a Candidatura apresentada em Março de 2013 à
Direção Geral do Património, para Classificação de diversos edifícios (com
irrefutável Memória Justificativa), subscrita pelas prestigiadas Sociedades
Portuguesas de Psiquiatria, de Neurologia, de Arte Terapia e de Arte Outsider,
além da Congregação da Missão, e da Prof. Raquel Henriques da Silva e do Prof.
Vítor Serrão.
O projeto preconiza a demolição
integral dos edifícios a classificar, de excepcional valor, entre eles o
edifício das Enfermarias em “poste telefónico (1885-1894, primeiro do mundo), e
as Enfermarias em U (1900, das primeiras em betão armado), e a instalação com
demolição dos interiores, de um Hotel (?!), de fins lucrativos, na Casa-Mãe da
Congregação da Missão, de S. Vicente de Paulo, uma ofensa à religiosidade, à
história da assistência e à memória dos doentes, e onde, escandalosamente,
ficará integrado o Balneário, considerado o melhor da Europa, e o gabinete onde
o Prof. Miguel Bombarda foi assassinado em 1910; em erro grosseiro considera o
edifício conventual como construído em grande parte após a fundação do hospital
em 1848, ocultando a documentação e as plantas de 1835, que provam que este
convento do séc. XVIII, não só foi dos poucos que resistiu ao terramoto, como
conserva a maioria das fachadas e interiores originais.
Rejeita a finalidade proposta
desde 2010 por ilustres personalidades, de alargamento do actual Museu para um Pólo
Cultural de Arte de Doentes e de Neurociências, integrando raras e numerosas coleções
de pintura de doentes e de autodidatas de todo o país, e o integral arquivo,
único no país e raro em termos europeus, sustentável financeiramente e
fomentador do turismo cultural, proposta que conta com o apoio e intercâmbio do
Museu de L’Art Brut de Lausanne, o melhor e maior do mundo nesta categoria de
arte.
Quanto a construções novas, este
projeto atinge um terrível e perigoso delírio, com seis torres de 8/12 andares
na zona mais alta da cidade, visíveis do Castelo, Graça e S. Pedro de Alcântara,
e uma nova Rua com seis apertadas curvas, em desnível, passaria por baixo das
torres, desde o Conde Redondo à Gomes Freire.
Agradecendo a atenção de Vossa
Excelência para o solicitado Cancelamento Imediato,
somos, com os melhores
cumprimentos
Lisboa, 22 Julho 2013
os abaixo-assinados, nas folhas
seguintes
Com conhecimento a:
Presidente da República, Primeiro Ministro, Ministro da Saúde, Troika,
Presidente CML, media
Contactos e esclarecimentos –
Comissão para a Salvaguarda do Património, reginacarr@hotmail.com, 933220913,
217585085