quinta-feira, 24 de julho de 2008

INFORMAÇÃO DA REUNIÃO "PLATAFORMA" COM A SRA. MINISTRA DA SAÚDE

Reunião da “Plataforma” com a Sra. Ministra da Saúde
Em 15 de Julho de 2008

Este encontro decorreu em ambiente de grande cordialidade e disponibilidade, resultando num diálogo aberto e construtivo. Nela estiveram presentes a Senhora Ministra, Dra. Ana Jorge e a sua Chefe de Gabinete e, em representação da Plataforma, Ana Soudo, António Gentil Martins, Fátima Alves e Pedro Paulo Mendes.
A Sra Ministra foi informada da existência de um abaixo assinado com mais de 76.000 assinaturas, dirigido ao Senhor Presidente da República, sendo-lhe entregue o “Manifesto” da Plataforma, representando as preocupações quanto ao futuro da Assistência Hospitalar Pediátrica especializada, no previsto Hospital de Todos os Santos, face ao Plano Funcional oficialmente conhecido.
Face ás dúvidas e objeções apresentadas, a Sra. Ministra recordou que, ao assumir as suas funções, encontrou um projecto já em andamento, não o conhecendo em todos os pormenores, mas para o qual (o que já em parte fizera), defenderia o primado da assistência pediátrica em ambiente próprio e com técnicas especializadas, salvo raras excepções muito pontuais e devidamente justificadas.
Ficou desde logo a saber-se que o plano divulgado já não era válido e que a própria Sra. Ministra já tinha encontrado várias discordâncias, tendo uma posição favorável “à maior individualização possível” entre Serviços de Crianças e de Adultos, nomeadamente referindo as àreas de Cuidados Intensivos, Queimados, Medicina Física e Reabilitação e Pedo-Psiquiatria.
É no sentido desta “ maior individualização possível” que a Plataforma manifestou a sua clara preferência, não só por um edifício autónomo ( embora com fácil ligação ao Hospital de adultos ), como também por uma autonomia de Gestão da área Pediátrica, indispensável para uma mais completa defesa dos interesses da criança. A Plataforma insistiu pois na necessidade da existência de uma clara separação, não só funcional mas mesmo arquitetónica, entre crianças e adultos.
Mostrou entender a necessidade de existir um “Quadro Pediátrico próprio”, a todos os níveis, em particular nas valências e técnicas mais complexas e especializadas. Referiu nomeadamente a necessidade de ter os meios técnicos apropriados e individualizados para todas as sub-Especialidades com massa crítica suficiente para rentabilizar os investimentos. Isto poderá vir a ter de ser considerado, nomeadamente em relação ao Serviço de Radiologia, que a Sra. Ministra, neste momento, pensa comum ( bem como o de Hemodiálise ).
A Sra. Minstra afirmou que iria de novo examinar em detalhe o Plano funcional actualmente existente, face ás posições definidas pela Plataforma, lembrando que os aspectos arquitectónicos ainda estão por definir.
Comentou também que o menor número de camas previsto para as crianças resultava dos internamentos, que se consideravam excessivamente longos no Hospital de D. Estefânia,e da aposta na Cirurgia Ambulatória.
Finalmente assegurou que o actual edifício do Hospital de D. Estefânia e o seu terreno envolvente, nunca seriam alienados para negócios imobiliários, continuando dedicados á causa das crianças ( referindo mesmo contactos já havidos com a Câmara Municipal de Lisboa ).
Os Membros da Plataforma presentes na Reunião pensam que ela foi, globalmente, positiva, pesem embora as indefinições e discordâncias, ainda aparentemente existentes. Nestas condições considera-se que urge oficializar um novo plano funcional e que este deve ser de fácil e prévio livre acesso ao Corpo Clínico do Hospital, evitando os mal-entendidos que resultam de uma aparente continuidade do projecto actualmente conhecido ( dado que vários Coordenadores - Directores de Serviço do Hospital de D. Estefânia foram já chamados a pronunciar-se sobre a aquisição de equipamentos para o futuro Hospital de Todos os Santos ).
A Plataforma colocou-se incondicionalmente ao dispor da Sra. Ministra para novas Reuniões, só úteis após ser conhecido o novo plano funcional, supostamente, definitivo.

A Plataforma

Documento entregue à Sra. Ministra da Saúde:
"Construímos esta Plataforma Cívica porque:
Somos defensores
:
- Do direito de Lisboa ( e do Sul do País) a ter um Hospital Pediátrico especializado, conceptual e tecnologicamente moderno e avançado, de acordo com os superiores interesses da criança, como vem sucedendo na esmagadora maioria das grandes cidades da Europa e da América do Norte, no espírito que levou à criação do Hospital de D.ª Estefânia por D.Pedro V e de acordo com os desejos de sua mulher, a raínha D.ª Estefânia, há cerca de 130 anos.
- Do direito das crianças a terem um espaço próprio, com ambiente hospitalar adequado, construído e organizado por forma a propiciar o respeito integral pelas suas particularidades, físicas e psicológicas. Isso implica a concentração de meios, a nível transversal e vertical, de todas as áreas de assistência e apoio necessárias à criança e ao adolescente (mas sem que transversalidade possa significar partilha com adultos, como por vezes sugere o plano do futuro Hospital de Todos os Santos).
- Que os planos para a saúde materno-infantil devem nortear-se por directrizes que contemplem não só o presente, mas sobretudo o futuro. E nesse aspecto também um Hospital Pediátrico é prioritário, num País que justifica, justa e realisticamente, promover a natalidade.
- Que o actual espaço ocupado pelo Hospital de D.ª Estefânia é património cultural e afectivo da criança, da cidade e mesmo do País, há 131 anos (sendo um dos mais antigos da Europa), e que a ela deve manter-se dedicado, mesmo se o hospital pediátrico que defendemos possa vir a concretizar-se noutro local, reconhecendo as vantagens que poderão advir da proximidade (mas objectiva separação)com um Hospital para adultos.
Discordamos:
- Que o Hospital de D.ª Estefânia possa eventualmente ser transformado em mais um Serviço de Pediatria Médico-Cirúrgica, agregado ao futuro Hospital de Todos os Santos, com a condição da criança afastada dos núcleos de decisão. Um abaixo-assinado, com mais de 76 000 assinaturas, vem certamente dar razão a esta discordância.
Consideramos:
- Que o Plano Funcional apresentado para o futuro Hospital de Todos os Santos é redutor, não só na essência, como nos conteúdos, devendo ser radicalmente alterado, como aliás os seus promotores terão já reconhecido. Pretendendo apresentar-se como um Hospital "de ponta" subverte a continuidade da personalização dos cuidados necessários, da doença aguda até aos cuidados de recuperação e convalescença, podendo assim lesar gravemente a relação afectiva entre Profissional de Saúde/Doente/ Família, já natural e inicialmente estabelecida.
- Que se desconhecem eventuais parcerias a negociar para o financiamento e manutenção funcional das novas estruturas e eventuais condicionamentos com efeitos negativos na Assistência Pediátrica, mas foi positiva a afirmação pública da Sr.ª Ministra da Saúde, de que o actual espaço do Hospital D.ª Estefânia se manterá ao serviço da criança.
- Que será sempre uma mais-valia importante, uma estreita colaboração e uma articulação efectiva e eficaz entre o novo Hospital Pediátrico (Hospital D.ª Estefânia) e o novo Hospital de Adultos (Todos os Santos) e até nada obsta a que existam áreas partilhadas, como Biblioteca, refeitório, etc, desde que sem prejuízo na autonomia do que é específico dos interesses da criança.
Concluíndo:
Os superiores interesse da criança e do adolescente impõem a existência, em Lisboa, de um Hospital Pediátrico Polivalente, conceptual e tecnologicamnete moderno, com verdadeira autonomia técnico-administrativa.
"
Os Promotores da Plataforma.

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Boletim nº3 - 131 Anos - Comemorar o Aniversario e Defender o Hospital Pediátrico !





Meu caro Hospital (Carta aberta)

A 17 de Julho de 2008 completas 131 anos de assistência às crianças doentes de Lisboa e do País e a
milhares de bebés que ajudaste a nascer. Seria justo motivo de comemoração mais de um século de
relevantes serviços ao País como “Hospital das crianças de Lisboa” e de símbolo de confiança para muitas
gerações de portugueses que te têm como referência de qualidade no cuidados à criança e à grávida e de modelo
de ambiente pediátrico.
Mas se, no actual processo da tua extinção e para glória do tratamento das crianças nas unidades de adultos do
futuro Hospital de Todos os Santos, te amputaram dos órgãos próprios de gestão e agora
aguardas na fila dos adjuntos do Centro Hospitalar de Lisboa-Centro por orientações nos cuidados à criança,
te retiraram autonomia de decidir sobre a forma de cuidar das crianças e já são agora os especialistas de
adultos que têm a última palavra, te desvalorizaram comissões de apoio e controlo técnico do hospital pediátrico e as aboliram ou subordinaram a comissões de adultos, te extinguiram os órgãos de opinião médica,
te destruíram a hierarquia técnica abolindo os Directores dos Serviços clínicos, transformando-os em
“Coordenadores” como se as equipas médicas fossem meras repartições administrativas,
te nomearam directores de serviços de adultos de outros hospitais (que a maioria dos nossos profissionais
não conhece nem sabe onde se encontram) como teus novos directores em quem, naturalmente, se deveria
confiar como vozes experientes e conhecedoras nas decisões médicas sobre doentes pediátricos complexos,
e agora, te vigiam serviços de perfil pediátrico com recurso a delegados disciplinadores vindos do exterior,
te enxotam os dadores benévolos de sangue e extinguem serviços que adquiriram acreditações
internacionais especificas de qualidade pelos seus elevadíssimos padrões de tratamento de crianças e
grávidas, passando a depender de hospitais de adultos sem qualquer acreditação, te mantêm a maternidade na indefinição e os seus profissionais expostos ao despojo por parte de serviços de outras instituições, te colocam em retrocesso evolutivo os profissionais diferenciados, que voltarão a tratar também de adultos e idosos doentes após muitos anos de investimento pessoal e treino técnico especializado na patologia da criança, então, desventurado Hospital de Dona Estefânia, apenas
exorto a Rainha Dona Estefânia pelo seu exemplo, os milhares de médicos, enfermeiros, técnicos, educadores,
administrativos, auxiliares e benfeitores que ao longo dos teus 131 anos ajudaram a criar e desenvolver o que
ainda hoje és e ... sinceramente, este ano não vejo que velas te irão apagar, nem tenho coragem de te iludir com
uma canção de parabéns.
Talvez para o ano!?

PS: quis enviar-te esta carta pessoal, mas como já não tens endereço nem órgãos próprios que te representem, optei por uma
“carta aberta”, esperando que a possas receber algures. Mário Coelho – Pediatra

“A coisa pior não é não ter conseguido; é nunca sequer ter tentado”

Há mais de 130 anos que aplica e desenvolve um modelo assistencial e de cuidados em ambiente
pediátrico próprio que sempre o diferenciou das restantes unidades hospitalares e o colocou no
imaginário colectivo dos cidadãos e das famílias como o “Hospital das crianças de Lisboa”. Aí são anualmente
realizados centenas de milhar de atendimentos, actos clínicos e exames, desde consultas em mais de 60 áreas
diferenciadas na saúde da criança, até actos de complexidade técnica e graus de intervencionismo
elevados, realizados por profissionais integralmente dedicados à saúde do feto, recém-nascido, criança e
adolescente, em condições que tendem a respeitar a natural bio-psico-especificidade desses doentes.
A reforma dos velhos Hospitais Civis de Lisboa, programada há mais de 50 anos e agora iniciada num
contexto económico particularmente desfavorável e numa onda gestionária de forte componente
economicista, tem como dano colateral o encerramento da actividade assistencial do Hospital
de Dona Estefânia e com ele, o fim do modelo de cuidados pediátricos integrais especializados que
constitui, só por si, um patamar civilizacional que deveria orgulhar a nação que o possui e os cidadãos que
dele desfrutam.

Hospital de Todos os Santos: opção redutora
Existem muitas alternativas de reforma do actual parque hospitalar de Lisboa e em particular dos seus velhos
Hospitais Civis. A localização ocidental proposta há décadas para a zona de Chelas, numa altura em que a
grande Lisboa era muito diferente da actual, tal como a configuração do futuro hospital geral de Todos os
Santos num modelo de meados do século passado e típico de hospitais periféricos são muito discutíveis e
vão originar significativos desequilíbrios na cobertura assistencial das populações, não só a pediátrica mas
de todos as idades. Nesse sentido, o novo hospital geral de Todos os Santos, em Chelas, a manterem-se os planos
actuais, será mais um “elefante branco” na negação do que deveria ter sido aprendido em casos anteriores e
uma opção muito questionável quer no seu plano financeiro e gestionário quer nos resultados sobre o
ordenamento da própria Cidade.
Os dirigentes não são donos do País nem das suas instituições, mas sim administradores da coisa pública
por delegação temporária dos cidadãos. Nesse sentido, não deveriam fechar, abrir ou substituir instituições
sem a demonstração cabal das razões e vantagens e sem ter em conta as implicações históricas, de utilidade
e sustentabilidade imediata e futura das suas acções. Uma vez que o Estado não dá sinais de se recordar
destes factos, resta aos cidadãos fazer uso do seu direito cívico de intervir pelas vias ainda possíveis para opinar
sobre o único cenário presente, o do projecto do futuro hospital geral em Chelas, designado por “Hospital de
Todos os Santos”.

Que defende a Plataforma Cívica e os milhares de subscritores da Petição?
De forma sintética, os objectivos da Plataforma Cívica e da filosofia da Petição podem organizar-se em dois eixos
de conceitos e valores ligados entre si: a defesa do património do Hospital de Dona Estefânia e a
concretização de um novo Hospital Pediátrico para Lisboa. Em cada um destes aspectos defendemos que:

1 – Quanto ao património do Hospital de Dona Estefânia:
- se mantenha o espaço do Hospital como um património da criança, da sua dignidade e da sua
condição. Nesse conceito incluiu-se a possibilidade de ai se instalarem instituições e equipamentos de apoio e
defesa da criança, na vertente da saúde (como a doença crónica ou exigindo reabilitação prolongada), ou outras.
- o espaço e os edifícios não sejam alienados aos interesses imobiliários e à pressão do estacionamento
na zona e se mantenha na esfera pública essa herança nacional e intergeracional com mais de 130 anos.
- se preserve o espaço patrimonial religioso único e se respeite gerações de cidadãos que veneram este local
com fé e a memória das crianças videntes de Fátima. - a designação de Dona Estefânia se mantenha em
qualquer estrutura futura a instalar no espaço, tenha ela a forma de Fundação, Instituto público ou outra.

2 – Quanto ao novo espaço hospitalar de Chelas para onde se propõe transferir o que restar do
Hospital de Dona Estefânia:
O que define o Hospital das crianças de Lisboa não são as paredes onde se aloja, sejam elas de moderna
fibra de vidro ou de antiga alvenaria. O seu elemento caracterizador é o serviço ímpar que presta à
população, através do exercício de um modelo único de cuidados prestados em ambiente pediátrico
adequado como tem vindo a ser conseguido ao longo de décadas de desenvolvimento da medicina especializada
do feto, do recém-nascido, da criança e do adolescente.
Nesse sentido, defendemos como mínimo aceitável que:
- sejam consideradas as orientações base do documento técnico elaborado pela Comissão Médica
do Hospital de Dona Estefânia em 2006 (Ver Boletim ”A Estefânia-No1, Maio 2008).
- o Hospital de Dona Estefânia seja transferido na sua totalidade e diferenciação pediátrica, sem mais
perdas, para um edifício autónomo e desenhado exclusivamente para as especificidades da assistência
à criança e que concretize a desejada criação de um novo Hospital Pediátrico de Lisboa. Por todas as razões,
nada vemos que se possa opor a que esse novo hospital se continue a designar por Hospital de Dona Estefânia.
- o novo hospital pediátrico de Lisboa concretize os nossos desejos de modernização e uma verdadeira
diferenciação assistencial que, dentro de expectativas realistas de desenvolvimento dos equipamentos
específicos para a pediatria, tenha a criança doente como elemento central e não como um parceiro
acidental de utilização de equipamentos adquiridos para adultos e “ajeitados” para as características da criança.
Sempre defenderemos que a criança tem identidade e dignidade próprias e não deve ser tratada como
consorte ou titular menor de direitos de cidadania.
- o novo Hospital Pediátrico de Lisboa disponha dos meios de diagnóstico e tratamento próprios para as
crianças e que a regra seja a de usufruir de ambiente e espaço pediátricos enquanto dura a sua estadia e
contacto com o hospital. Essas premissas devem verificar-se em internamento, consulta, urgência,
hospital de dia, intervenções cirúrgicas, técnicas invasivas ou exames especiais. Só evoluindo nesse
sentido e concretizando que o “ambiente pediátrico” envolve profissionais, pais e acompanhantes, se pode dar
lugar à modernidade e se contraria o inexplicável retrocesso que o plano funcional do futuro Hospital
de Todos os Santos encerra ao ignorar a especificidade da criança e das famílias nestes
vectores. Só em casos excepcionais de inexistência de alternativas pediátricas num futuro previsível, será licito
estabelecer a indispensável parceria com as unidades de adultos, tendo em conta que, ainda assim, a regra a
perseguir deve ser a dos técnicos de adultos se deslocarem ao hospital pediátrico e não o contrário.
- o novo Hospital Pediátrico de Lisboa possua uma ligação fácil, interna e exclusiva ao(s) edifício(o) do
hospital de adultos e sejam considerados espaços quer para respostas de segurança a catástrofes locais e às
especificidades de controlo de pânico e evacuação de crianças, quer para o crescimento e desenvolvimento
do Hospital pediátrico nas décadas seguintes. Tal facto não exclui, antes pelo contrário, que existam espaços
comuns no novo pólo hospitalar que congreguem todos os profissionais e produzam economias benéficas de
escala, tais como: biblioteca, refeitório, anfiteatros, áreas de ensino, serviços administrativos, segurança, etc.
desde que as crianças não sejam penalizadas colateralmente.
- os profissionais que irão cuidar das crianças continuem a dispor da preparação técnica
apropriada e estejam imbuídos da indispensável vocação para este grupo etário, não sendo permitido o
“aproveitamento” de quaisquer outros funcionários para cuidar de crianças em escalas episódicas ou de
conveniência. Nesse sentido, o quadro de pessoal próprio do Hospital Pediátrico é uma necessidade de
qualidade e um factor indispensável do envolvimento dos profissionais e da sua dedicação e evolução na
patologia da criança.
- as comissões técnicas que lidam com situações próprias da pediatria e que raramente ou nunca se
encontram na medicina de adultos, sejam compostas por profissionais com formação, treino e experiência
pediátrica comprovada, como são os casos das Comissões de Ética, Farmácia e Terapêutica,
Humanização, etc.. A curta experiência de não aceitação inicial desta lógica pelos dirigentes do actual Centro
Hospitalar de Lisboa, acabou por levar à recente nomeação de subcomissões pediátricas específicas
como, em devido tempo, tinha sido aconselhado pela Comissão Médica do Hospital de Dona Estefânia.

A Plataforma Cívica

Visite o site da Plataforma Cívica em
www.campanhapelohde.blogspot.com

Opinião: “Assistência Pediátrica especializada: Lisboa capital do
3o Mundo?”
O futuro Hospital Geral de Todos os Santos-Chelas, com inauguração prevista para 2012 (?), tem sido
pomposamente apresentado como um grande e moderno hospital que irá “permitir” o encerramento de quatro
hospitais de Lisboa, incluindo o único hospital pediátrico da cidade e da zona sul do país – o
Hospital de Dona Estefânia. No projecto do novo hospital apenas ficará um bloco para a criança
encaixotado numa construção em tudo projectada para adultos e em que as crianças terão de repartir
múltiplos espaços, circuitos, técnicos e aparelhos, com adultos e idosos. O anúncio tem sido repetido e
acompanhado pelo alto som das trombetas, procurando tornar inaudível qualquer reflexão técnica e cívica sobre
os danos concretos que mais um “elefante branco” trará, quer para o País, a cidade de Lisboa e a rede
pública de cuidados de saúde, quer para a assistência e a condição da criança de toda a zona sul do País.
Dada a amplitude dos prejuízos já identificados e rejeitados por dezenas de milhares de cidadãos (ver
Petição com mais de 76.000 assinaturas: Boletim No1-Maio- 2008), vários responsáveis políticos e institucionais
começam a despertar para, pelo menos, ouvir o que se passa sob a espuma propagandística. Esse dado é um
sinal de esperança no melhor funcionamento da nossa democracia com maior participação dos cidadãos e no
primado do interesse da comunidade.

Neste número 3 de “A Estefânia” apenas mencionarei alguns factos que, por excessiva boa fé de uns,
desactualização de conceitos ou linear ignorância de outros, constituem ameaças maiores à condição
futura das nossas crianças.
Ao destruir o único hospital pediátrico especializado da zona sul do País – O Hospital de Dona Estefânia –
reduzindo-o a um espaço diluído, física e funcionalmente, no futuro hospital geral de Chelas,
afirmando a sua adequação à pediatria e ao ambiente pediátrico especializado com base em actos de fé sem
consistência argumentativa validada quer pela experiência, quer pela evolução dos padrões da
assistência à criança a nível do mundo desenvolvido, os decisores colocam Portugal e a cidade de Lisboa ao
nível dos padrões conceptuais do 3o Mundo. Portugal e a sua capital constituirão um novo “caso estudo” de
como um país da Europa e do mundo desenvolvido, ocupando um lugar invejável no ranking mundial da
saúde muito à custa da espectacular melhoria dos índices de saúde infantil, adoptará os conceitos sanitários do
subdesenvolvimento na assistência à criança. Podem transmitir-nos que os males da extinção do
hospital pediátrico de Lisboa serão “compensados” pelo acervo tecnológico do novo hospital geral de Chelas,
mistificando o facto de um edifico novo, eventualmente bem equipado, não ser sinónimo de
um hospital moderno. O que faz a modernidade de um hospital é o exercício de conceitos modernos da
assistência médica especializada, nomeadamente pediátrica e essa terá de ser realizada em ambiente
pediátrico próprio, autónomo e protegido, levada à prática por profissionais com diferenciação e treino
pediátricos e suportada por equipamentos adequados e não “ajeitados” dos adultos. Pode mesmo o Plano
Funcional–“Anexo Pediátrico” prometer que o ambiente pediátrico do novo hospital geral de Chelas vai ser
muito mais que “Patos Donald” ou “Dragon Balls” espalhados generosamente pelas paredes e que também
estão previstas sanitas pequenininhas para atender às especificidades dos pequenininhos doentes. Mas mesmo
que tudo seja fervorosamente explicado sobre a extinção do Hospital Pediátrico de Lisboa, ainda ficará por
explicar porque é que, em termos de opções de saúde pediátrica especializada, Portugal com a sua cidade
capital passam a integrar o grupo de países sem hospitais pediátricos identificados (Quadro 1), boa
parte dos quais pertence ao 3o Mundo em índices de desenvolvimento humano, mortalidade infantil e
materna e, parte deles, têm regimes que ignoram grosseiramente necessidades e a opinião dos seus povos.

Quadro 1:Países SEM hospitais pediátricos
identificados
Andorra, Antiqua e Barbuda, Argélia, Bahamas, Barbados,
Barém, Belise, Benim, Botswana, Brunei*, Butão, Cabo-Verde, Camarões, Catar, Cazaquistão, Chade, Chipre,
Comoros, Costa do Marfim, Djibuiti, Eritreia, Estónia, Fidji, Gambia, Gana, Grenada, Guatemala*, Guiné, Guiné-Bissau,
Guiné Equatorial, Honduras, Iémen, Ilhas Marshall, Ilhas Salomão, Kiribati, Kuwait*, Laos, Lesoto, Malásia, Malawi,
Maldivas, Malta, Maurícias, Mauritânia*, Micronésia, Moçambique, Namíbia, Nauru, Oman, Palau, Papua Nova-
Guiné, Quirguistão, Republica Centro Africana, Republica Democrática do Congo, Santa Lúcia, São Marino, São Tomé e
Príncipe, São Vicente e Granadinas, Serra Leoa, Sheycheles, Síria, São Cristóvão e Nevis, Somália, Suazilândia, Suriname,
Tailândia, Tajiquistão, Timor Leste, Tonga, Turquemenistão, Tuvalu, Usbequistão, Vanuatu, Zâmbia, Zimbabwe.
*Com hospitais pediátricos em projecto ou construção actual Haverá que explicar também esta particularidade lusa
de divergir dos países desenvolvidos, muitos dos quais são origem de famílias com crianças que procuram o
nosso país como destino seguro e europeu de férias. Não haverá que questionar porque é que países como os
referidos no Quadro 2 têm vários (p.v. dezenas) hospitais pediátricos, uns recentemente reabilitados e
modernizados e outros em actual construção de raiz?

Quadro 2:Países COM hospitais pediátricos Países da Comunidade Europeia (Alemanha, Áustria, Bélgica,
Dinamarca, Eslováquia, Eslovénia, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Hungria, Holanda, Irlanda, Itália, Letónia,
Lituânia, Luxemburgo, Polónia, Portugal-Lisboa*, Portugal- Coimbra, Reino-Unido, Republica Checa, Suécia,), países
candidatos à CE (Croácia, Turquia), África do Sul, Albânia,Argentina, Arménia, Austrália, Brasil, Burundi, Canadá, Chile,
China, Cuba, Egipto, EUA, Índia, Indonésia, Israel, Marrocos, México, Nova Zelândia, Panamá, Peru, Porto Rico, República
Dominicana, Roménia, Rússia, Suiça, Tunísia, Ucrânia, Uruguai, Venezuela, Afeganistão, Angola, Arábia Saudita,
Azerbaijão, Bangladesh, Bielorrússia, Bolívia, Bósnia, Burkina Faso, Cambodja, Colômbia, Congo, Coreia do Norte,
Coreia do Sul, Costa Rica, El Salvador, Equador, Etiópia, Gabão, Geórgia, Haiti, Hong-Kong, Irão, Iraque, Jamaica,
Japão, Jordânia, Líbano, Libéria, Líbia, Macedónia, Madagáscar, Mali, México, Moldávia, Myanmar, Nepal,
Nicarágua, Nigéria, Paquistão, Paraguai, Quénia, Ruanda, Samoa Ocidental, Senegal, Singapura, Sudão, Tanzânia, Togo,
Trindade e Tobago, Uganda, Vietname. * Portugal-Lisboa deixará este grupo em 2012 e integra o Quadro 1

Será que tantos países desenvolvidos ainda não tiveram o privilégio de descobrir a premunição portuguesa na
extinção dos hospitais especializados na saúde da criança? Ou será que os seus decisores pensam e actuam
de uma outra forma que consideram mais adequada ao estatuto e necessidades dos seus pequenos cidadãos e
ao seu próprio futuro como país?

Perante esta situação, não haverá que reflectir, que pensar um pouco? Não haverá respostas a dar? Não
haverá que esclarecer quais a verdadeiras razões para se destruir um dos primeiros hospitais pediátricos da
Europa e do Mundo – o Hospital de Dona Estefânia, hospital pediátrico de Lisboa - e os seus conceitos de
assistência à criança, substituindo-o por um sector de um edifício em tudo equiparado a um hospital geral
periférico?. Os responsáveis políticos do País não terão de se esclarecer e de esclarecer sobre estas questões?

Mário Coelho-Pediatra (Apoiante da Plataforma)

Envie-nos as usas opiniões para o e-mail:
estefania.boletim@gmail.com

Ficha Técnica: Edição da Plataforma em Defesa do Património do Hospital
de Dona Estefânia e de um novo Hospital Pediátrico para Lisboa;
Coordenador de edição: Mário Coelho; Formatação: Miguel Félix;
Distribuição gratuita em papel e via Internet

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Informações sobre a entrega do Abaixo Assinado e da divulgação e apoios a campanha

Muitos apoiantes têm indagado quando será entregue o Abaixo-assinado ao Presidente da Republica Portuguesa.

Esclarecemos que :

O Excelentíssimo Sr. Presidente da República Portuguesa, Professor Aníbal Cavaco Silva fez saber, na pessoa do Prof. António Gentil Martins que representou a plataforma nesta diligência, que:
" O Sr. Presidente terá muito gosto em vos receber e ouvir as vossas razões, solicitando contudo que previamente e por razão de protocolo institucional que antes fizemos chegar o Manifesto a Sra. Ministra da Saúde".
Por termos a mesma sensibilidade e confiarmos na capacidade de dialogo da actual Ministra , solicitamos a sua Secretaria, que fosse agendada uma entrevista com Dra. Ana Jorge , e que será (finalmente e depois de algum tempo de espera ) concretizada no próximo dia 15 de Julho.


Citando o Boletim Estefânia nº 2 (abaixo transcrito na integra):


"Ministra da Saúde recebe a Plataforma Cívica em 15 de Julho"
Por solicitação da Plataforma Cívica em Defesa do Património do Hospital de Dona Estefânia e de um novo Hospital Pediátrico para Lisboa (ver Boletim “A Estefânia” Nº1 Abril 2008), a Senhora Ministra da Saúde vai receber-nos no próximo dia 15 de Julho.
Na audiência procuraremos expor as razões de existência deste movimento resumidas no manifesto publicado No boletim nº1 “A Estefânia”
No próximo Boletim resumiremos o resultado dessa reunião.



Informamos ainda que a Plataforma, tem enviado o Boletim e Manifesto , para os diversos Partidos e grupos e comissões representadas na Assembleia da Republica e Governo na pessoa do Sr. Primeiro Ministro e organizações de apoio e defesa dos direitos da criança, e que a quase totalidade das entidades contactadas e nomeadamente o Sr. Primeiro-ministro, acusaram a recepção dos documentos por nos publicados e formal e atenciosamente, responderam-nos :
"agradecemos e será a dada a devida atenção a informação enviada"
(Este documentos estão no Arquivo da Plataforma e são de livre consulta)



Outras informações importantes:

"Após a entrevista do Grupo Municipal do PEV a elementos representantes da Plataforma de Defesa do património do HDE e de um Novo Hospital Pediátrico para Lisboa, foi apresentada na sessão de Assembleia Municipal de Lisboa, do dia 17 de Junho, uma Recomendação sobre o tema, que poderá ser consultada no URL http://pev.am-lisboa.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=179&Itemid=36

Esta recomendação em Defesa do Hospital Pediatrico, foi aprovada na Assembleia Municipal de Lisboa

A intervenção do Deputado Municipal Sobreda Antunes acerca da recomendação poderá também ser consultada no seguinte URL http://pev.am-lisboa.pt/index.php?option=com_content&task=view&id=177&Itemid=33


Nota dos editores :
Nota 1:Informa-se ainda que resultados práticos de outras entrevistas concedidas pela Plataforma serão igualmente aqui divulgados.

Nota 2 : Aceitamos apoios em Defesa do Hospital Pediatrico, de todas as forças politicas e organizaçoes culturais ou religiosas.
Nesta plataforma podem coexistir as diversas sensibilidades ideologicas e religiosas. Todas estas divergências estão contudo fora do circulo transparente que nos une na acção e que é a defesa do Hospital Pediatrico de Lisboa.

terça-feira, 8 de julho de 2008

Leia e divulgue: Boletim Informativo nº2 " A Estefânia "



LEIA O BOLETIM E DESCUBRA PORQUE :

... nas próprias palavras do CA, os profissionais não devem ter qualquer medo em manifestar as suas opiniões sobre este ou outro assunto...

....Não aceito ser desvalorizada pelo facto dos doentes serem mais pequenos ou em menor número; exijo respeito pela minha diferenciação e quero melhorar, não piorar, a minha prestação profissional. Nos moldes actuais, o futuro é triste e peço que seja considerada a hipótese de criação de um Hospital Pediátrico onde continue a caber a Medicina de Reabilitação, como espaço e filosofia.....

....O meu receio é que as próximas revisões do Plano Funcional revelem igual menosprezo pelos envolvidos, numa lógica de tempo que apenas assiste interesses imediatos, mas pela qual a História nos vai penalizar por cúmplices, ainda que involuntários ou opositores. ....


Um Serviço de Radiologia Pediátrica não se confunde com um Serviço de Radiologia de Adultos

Misturar crianças com adultos doentes num mesmo Serviço de Radiologia desumaniza o atendimento e reduz as capacidades técnicas e profissionais. A imagiologia Pediátrica é muito diferente da do adulto, pois requer conhecimentos específicos no domínio da anatomia, fisiologia, fisiopatologia e patologia pediátrica.

...É à volta desse sorriso que a equipa de radiologia pediátrica se une. É difícil entender?....


NOTA EDITORIAL : " TU FAZES O QUE DEVES, O ESTADO FARÁ O QUE BEM ENTENDER...."

ARTIGOS PUBLICADOS NO BOLETIM Nº 2 :

-REUNIÃO DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO COM OS PROFISSIONAIS DO HOSPITAL DE DONA ESTEFÂNIA

-"O PLANO FUNCIONAL DO FUTURO HTS E A ( RE) HABILITAÇÃO PEDIÁTRICA"

-UM SERVIÇO DE RADIOLOGIA PEDIÁTRICA NÃO SE CONFUNDE COM UM SERVIÇO DE RADIOLOGIA DE ADULTOS



TRANSCRIÇÃO NA INTEGRA DA EDIÇÃO :

Reunião do Conselho de Administração com os profissionais
do Hospital de Dona Estefânia

O sucesso do futuro Hospital de Todos os Santos, em Chelas, depende do empenho esclarecido dos profissionais que vão viver o complexo período de transição para um equipamento hospitalar que se promete fortemente tecnológico. No dia 4 de Junho, o Conselho de Administração (CA) do Centro Hospitalar de Lisboa-Central (CHL-C) realizou no Hospital de Dona Estefânia uma sessão de esclarecimento sobre o futuro hospital de Chelas. Focaram-se vários aspectos positivos que apraz registar e outros tantos negativos sob assistência pediátrica que não foram esclarecidos nem fundamentados.
Assim ficámos a saber que:
- a presença de mais de 200 profissionais demonstrou a inquietação e o empenho do Hospital nestas questões, realçando-se o ambiente sereno e construtivo da sessão.
- o CA está disponível para qualquer explicação e fará as sessões que forem necessárias para responder às preocupações do Hospital, objectivo expresso da nossa Plataforma e dos Boletim “A Estefânia”. Assim, continuaremos com esta forma de intervenção cívica.
- ficou no ar a afirmação de que “praticamente tudo está em aberto”. À atitude do CA, a Plataforma Cívica retribuirá com igual seriedade e empenho, dando o seu contributo à divulgação dos princípios que reclama sobre o que considera a melhor defesa da criança, juntando os intervenientes num espaço de opinião que permita maior reflexão sobre estes problemas.
- nas próprias palavras do CA, os profissionais não devem ter qualquer medo em manifestar as suas opiniões sobre este ou outro assunto.
- o vídeo computorizado em imagens ficcionadas a três dimensões apresentado no início da sessão sobre a ideia projectiva de um futuro hospital em Chelas procurou transmitir uma imagem de modernidade que não disfarçou a falta de soluções para a indispensável separação física de crianças e adultos doentes. Quem pôde ficar até ao final concluiu que se tratava de um vídeo promocional virtual, sem relação directa coma realidade do futuro edifício de Todos os Santos, pois serão as empresas vencedoras dos concursos que irão propor o traçado arquitectónico de acordo com um Plano funcional ainda em revisão e um parque tecnológico ainda desconhecido.
- o CA reconhece que o Plano Funcional do futuro hospital geral de Chelas está em completa revisão pois tem inúmeros erros e muitos aspectos técnicos questionáveis. Esta situação já tinha sido previamente identificada no editorial do Boletim Nº1 ”A Estefânia” e a desvalorização desse Plano Funcional por parte do próprio CA é um facto potencialmente positivo.
- o CA afirmou que, ao contrário de várias informações iniciais, as crianças teriam um espaço no futuro hospital geral, consubstanciado num bloco próprio. No entanto, continuariam a partilhar com os doentes adultos e idosos a maioria das áreas técnicas. Esta Plataforma continua a discordar que esses espaços sejam apenas o dormitório-hotel das crianças doentes e que, quando as crianças necessitarem de técnicas médicas invasivas, procedimentos operatórios ou outros, tenham de ser transportados de maca ou cadeira de rodas para se misturarem com os doentes adultos. Regista-se que os adultos têm esses “privilégios” ao dispor no espaço que lhes é destinado. Não desistiremos de tentar sensibilizar os decisores para tal incoerência.
- o CA esclareceu que as camas pediátricas passariam a ser cerca de 170, mais de 300% face ao inicialmente previsto no Plano Funcional. Congratulamo-nos com esta evolução da posição dos decisores, que está mais aproximada das necessidades demonstradas e reclamadas pelos profissionais do Hospital. No entanto, a confusão aumentou quando foi afirmado que “algumas” destas camas serão “camas técnicas”, muitas delas situadas em espaços de adultos. Não se percebeu se tal “aumento” de camas iria levar ao aumento total de camas do futuro hospital ou se implicaria uma redução paralela no número de camas de adultos.
- o CA reconhece o erro conceptual do desacreditado Plano Funcional do futuro hospital de Chelas que previa que as crianças com doenças psiquiátricas seriam assistidas e internadas no mesmo local que os adultos com doença mental. O CA ouviu e teve o bom senso de aceitar que as crianças com doença psiquiátrica passariam então a ser assistidas e internadas em “área pediátrica”. Não foi esclarecida a localização das camas pedopsiquiátricas, nem se, compensatoriamente, se iriam reduzir as camas destinadas a outras crianças.
- não existia um centro de desenvolvimento infantil para o futuro hospital de Chelas que pomposamente se auto-apelida de “moderno” e pretende ter a pediatria diluída no seu interior físico em modelo dos anos 60 do século passado. O CA afirmou que afinal haverá um Centro de Desenvolvimento Infantil anexo (?) à pediatria.
- o CA admite que as áreas com comprovada especificação pediátrica (?) ficariam na zona pediátrica do futuro hospital. No caso da Medicina Física e de Reabilitação (MFR), esta ficaria inserida no Centro de Desenvolvimento Infantil. Tal decisão parece-nos demasiado redutora do âmbito da MFR, não tendo ficado esclarecido se estão envolvidas outras áreas da MFR (Ex: reabilitação respiratória, neurológica, ortopédica, queimados, etc.) nem qual a relação física e organizacional com o restante hospital.
- o CA confirmou a opção de que as crianças iriam utilizar um bloco operatório fora da pediatria e em comum com os adultos, cujo plano de gestão de espaços, à semelhança de outros aspectos desta mistura geral, estaria ainda em estudo. Não foi esclarecida a forma de separação dos espaços, circuitos e equipas, nem como será garantido que as crianças continuem a beneficiar do apoio de profissionais especificamente preparados para as atender, por exemplo, nos recobros/salas de técnicas com anestesia.
- o CA insistiu na ideia de planear os espaços de técnicas médicas pediátricas numa utilização mista com os adultos. Acreditamos que é pouco informada a aparente convicção de que os equipamentos imagiológicos e outros não continuarão a evoluir nas especificações técnicas destinadas à criança e que, num hospital que se promete “altamente tecnológico” e até “robotizado”, caberia às crianças um lugar ao nível do século passado. Esta situação, quanto a nós, carece de reflexão urgente, pois antecipa um modelo de parque técnico e funcional baseado em equipamentos médicos cujo processo de selecção e aquisição será mais tardio, após os concursos arquitectónico e de engenharia. O facto é que aparelhos específicos para a criança surgem cada vez mais no mercado e tal tendência não vai parar nos anos que antecedem a abertura do futuro hospital. Sem esta reflexão, em breve teremos os primeiros remendos na obra e maiores custos para os habituais trabalhos acessórios.
- o CA admite que algumas técnicas pediátricas poderiam ter espaços próprios exclusivamente para crianças, dependendo do volume de exames. Não foi respondido que técnicas e número de exames de cada técnica seriam considerados suficientes para que as crianças pudessem continuar a “beneficiar” de espaços e técnicas separados dos doentes adultos.
- o CA afirmou reconhecer que “se a pediatria não quer estar inserida no ambiente dos adultos, também os adultos não querem nem desejam ter as crianças nos seus espaços”. Apesar desta opinião generalizada e da sua afirmação desassombrada pelos próprios dirigentes, o CA continua a insistir no contrário.
- o CA reconheceu que desconhecia a magnitude do mal estar e descontentamento que grassa no Hospital e que se verificou atingir praticamente todos os sectores técnicos e classes profissionais.
- o CA alertou que haverá profissionais que não irão para o futuro hospital geral de Chelas, se assim “quiserem” (?) mas não definiu em que quadro de pessoal se concretizará esta afirmação.
- em breve, um membro do governo virá anunciar a solução para o actual Hospital de Dona Estefânia. A solução é considerada boa pelo CA, sendo há muito comentada nos corredores dos poderes.
- o CA entendia que o elevado nível de desconfiança em relação ao plano do futuro Hospital de Todos os Santos se devia a reacções “normais” de medo e de dor pela mudança e o “compreensível” sentimento de perda. Foi transmitido ao CA que não é o medo da mudança ou outro que assiste ao desagrado quase generalizado, mas sim a frustração de muitos profissionais que não se revêem num projecto que, à partida, gerara tanta expectativa de melhoria das condições de assistência às crianças e adolescentes.
A Plataforma Cívica

Coluna de Opinião (Cartas para publicação)

“O Plano Funcional do futuro HTS e a (Re)Habilitação Pediátrica”

A reunião de esclarecimento do Conselho de Administração (CA) sobre o futuro Hospital de Todos os Santos (HTS) teve o mérito de fundamentar o meu crescente desassossego. Não fiquei nada esclarecida, nem sobre o futuro, nem sobre o interesse da supremacia de um hospital geral contra a ideia, conciliadora, de um hospital pediátrico integrado num campus hospitalar.
A reunião teve dois efeitos: - criar uma nostalgia dos Hospitais Civis de Lisboa (HCL) e fazer sentir-me totalmente inepta para acompanhar o salto qualitativo que representa a passagem do actual Centro Hospitalar de Lisboa Central (CHLC) para o futuro Hospital de Todos os Santos (HTS) de “excelência”.
Conheço os HCL desde a infância, como frequentadora e simpatizante antes de me tornar profissional e sempre fui mantendo algum contacto, de características variáveis consoante os crescimentos recíprocos. Aí fiz os internatos médicos, optando pelo Hospital Dona Estefânia (HDE).
Por razões políticas, que deveriam ser válidas na altura, os HCL foram dissolvidos e viveram separados durante anos, não se sentindo que fossem comprometidos o empenho ou a diferenciação dos seus profissionais. Agora, por capricho ou por razões provavelmente válidas por um período igualmente finito, decidem a nossa inclusão (sem o Hospital de Curry Cabral) no CHLC, criando serviços artificiais e sem qualquer respeito pelo crescimento e diferenciação entretanto ocorridos. Refiro-me, obviamente, à minha especialidade “transversal”, recentemente integrada num Serviço de Medicina Física e de Reabilitação (SMFR) geral, que reúne os dos extintos HCL. Ao longo dos anos, os elementos das várias categorias profissionais do SMFR do Hospital Dona Estefânia adquiriram uma diferenciação específica em crianças e adolescentes. Alguns de nós fizeram grandes investimentos pessoais privilegiando a diferenciação (a “carolice”, herança dos HCL), as nossas referências HCL foram-se perdendo e os contactos passaram a ser a Pediatria e sub-especialidades pediátricas. O fascínio da aprendizagem do movimento e do desenvolvimento num indivíduo em crescimento, a gestão da doença crónica e do que ela implica, a originalidade da intervenção terapêutica.... Subitamente fui integrada num SMFR com hierarquias distantes, decididas por razões não aparentes. Como médica, sei que posso ser parceira de gestão, mas não é minha especialidade ou vocação e defendo que os directores continuem a ser as referências científicas a quem se recorre para obter as opiniões profissionais decisivas. Quando a palavra retrocesso é a que mais ouço para caracterizar a actual unificação, não tenho imaginação suficiente para idealizar o salto para a excelência que representa o futuro HTS. Os serviços são as pessoas que os constituem, no que isso tem de bom e mau, e resultam duma construção diária de conhecimentos científicos e interpessoais, às vezes em equilíbrio instável, mas sempre com o objectivo único de servir os doentes, neste caso crianças e adolescentes. Como querer que esta organização se mantenha em serviços artificiais e toscamente criados sem qualquer respeito pelos diferentes percursos históricos?
Do futuro, que há de concreto? O plano funcional do HTS!
Ninguém consegue elogiar este plano que mais parece um texto apócrifo. Nele, o “ambiente pediátrico” é colocado a posteriori num plano simplista de um qualquer Serviço de Medicina Física e de Reabilitação, como se a Reabilitação Pediátrica representasse, não toda uma filosofia, mas um acréscimo artificialmente conseguido com autocolantes do Noddy. O “ambiente pediátrico” fica situado no meio do serviço de MFR a que se acede por uma entrada comum a crianças e adultos.
Há referência a “boxes” de tratamento!! Este anglicismo não faz parte do meu léxico de Reabilitação Pediátrica; os agentes físicos são raramente utilizados em pediatria e os adolescentes que, actualmente, estão num programa de estimulação eléctrica, fazem-no em conjunto, numa área ampla e promovendo competição/entreajuda. E nem por se designarem boxes “polivalentes” (preciosismo sublime!) fica o “ambiente pediátrico” salvaguardado!
Segundo o Plano haverá uma Sala de Actividades da Vida Diária (AVD). AVD?? É um termo que não tem pertinência em Reabilitação Pediátrica e muito menos justifica uma sala. Quão singelas são as “AVD” de um Recém Nascido! No entanto é ele que tem uma lesão do plexo braquial ou um torticollis congénito e é ele que é preciso diagnosticar e tratar. Até a linguagem técnica é diferente, assim como a patologia e as formas de diagnóstico ou de intervenção terapêutica; mas esta diferenciação não foi contemplada nesta junção de Serviços e muito menos o será, ao manter-se o actual modelo de cuidados previsto para o “excelente” HTS.
Assim, deve entender-se que o meu desassossego não vem da perda de uma situação ou do medo da mudança, mas sim da certeza que a tendência actual é para pior, sem que se consiga fazer vê-lo a quem tem por missão a gestão, o único fim último admitido na nossa sociedade actual.
Não aceito ser desvalorizada pelo facto dos doentes serem mais pequenos ou em menor número; exijo respeito pela minha diferenciação e quero melhorar, não piorar, a minha prestação profissional. Nos moldes actuais, o futuro é triste e peço que seja considerada a hipótese de criação de um Hospital Pediátrico onde continue a caber a Medicina de Reabilitação, como espaço e filosofia. O meu receio é que as próximas revisões do Plano Funcional revelem igual menosprezo pelos envolvidos, numa lógica de tempo que apenas assiste interesses imediatos, mas pela qual a História nos vai penalizar por cúmplices, ainda que involuntários ou opositores.
(Carta enviada por Ana Soudo – Médica Fisiatra)


Um Serviço de Radiologia Pediátrica não se confunde com um Serviço de Radiologia de Adultos


Misturar crianças com adultos doentes num mesmo Serviço de Radiologia desumaniza o atendimento e reduz as capacidades técnicas e profissionais. A imagiologia Pediátrica é muito diferente da do adulto, pois requer conhecimentos específicos no domínio da anatomia, fisiologia, fisiopatologia e patologia pediátrica. A interpretação dos exames de imagem é um desafio contínuo, sendo fundamental a discussão pluridisciplinar com os outros Serviços hospitalares pediátricos médicos e cirúrgicos. Estes conceitos são pedra angular de bom funcionamento dum Serviço de Radiologia Pediátrica.
O primeiro hospital pediátrico, Dispensary for Sick Children, data de 1769, em Londres. Em Portugal, o Hospital de Dona Estefânia dedicado às crianças de Lisboa, data de 1860 e foi um dos pioneiros na Europa. A Pediatria nasce em 1893, em Harvard e em 1910 é publicado o primeiro livro de radiologia pediátrica “The Roentgen Method of Pediatrics”. Entre 1920-1930 vários serviços de radiologia foram criados exclusivamente nos hospitais pediátricos, mas foi depois da II Guerra Mundial que a especialidade de radiologia pediátrica irrompeu e a constante evolução dos equipamentos tornou a radiologia pediátrica actual imprescindível à prática clínica.
Um Serviço de Imagiologia dedicado à criança requer particular atenção: na preparação teórica e prática dos seus profissionais (médicos, técnicos, enfermeiros, auxiliares de acção médica, administrativos); no seu equipamento: radiologia convencional, ecografia, tomografia computorizada (TC) e ressonância magnética (RM); e no atendimento adequado às características das crianças, à sua relação com o meio e com as tecnologias de diagnóstico imagiológico.
Os médicos especialistas nesta área devem ter perfeito domínio das técnicas imagiológicas, das estratégias diagnóstico mais adequadas à criança, da optimização dos métodos menos invasivos, sem radiação ionizante e da sua execução ou orientação de forma segura.
Também os técnicos de radiologia devem ter treino específico para a realização de exames em idade pediátrica, com particular atenção à obtenção de confiança das crianças e às formas particulares de imobilização que variam consoante o exame solicitado, o grupo etário, as doses de radiação mínimas para obter imagens úteis e nível de treino continuado que reduza as repetições de “disparos” ou de outras incidências complementares, poupando estes doentes a doses desnecessárias de radiação e encurtando os tempos dos exames. A colaboração de outros médicos no Serviço de Radiologia Pediátrica, em particular dos Anestesiologistas é favorecida com a dedicação destes à Pediatria. Enfermeiros, Administrativos e Auxiliares de acção médica devem estar também familiarizados com a prática pediátrica e a especificidade das funções no Serviço de Radiologia Pediátrica.
É necessário que os equipamentos imagiológicos de alta gama, acessórios, material anestésico e o carro de emergência que integram um Serviço de Radiologia Pediátrica sejam adaptados à população infantil.
O acolhimento da criança no Serviço de Radiologia é um aspecto primordial. Um exame imagiológico pode correr mal apenas porque não se conseguiu sossegar a criança e obrigar a atitudes mais invasivas como a sedação ou a anestesia. Acalmar a criança passa em primeiro lugar pelos pais que podem estar assustados não só pela forma como irá decorrer o exame como pelo seu resultado. A garantia do bem-estar da criança e uma informação prévia sobre a importância do exame, a necessidade de uma preparação, no que consiste e as várias etapas, pode ajudar a responder à ansiedade dos pais e transformá-los em “preciosos” aliados.
A sala de espera deve ser agradável com ambiente próprio a cada subgrupo etário. Uma área mais carinhosa para lactentes onde podem ser amamentados, limpos e adormecidos. Uma área de brincadeira e jogos para crianças pequenas, televisão e vídeos adequados cativa mais a atenção das crianças em idade pré-escolar. Uma consola com jogos interactivos para crianças em idade escolar. Algumas revistas e jornais para adolescentes e alguns pais… Um ambiente alegre ajuda a superar o tempo de espera.
As salas de exame não podem ser assustadoras. A decoração da sala, muitas vezes a cargo dos Psicólogos, contribui para minimizar o medo do equipamento. Durante a exploração imagiológica a atitude do médico ou do técnico que executa o exame deve adaptar-se não só à gravidade do doente mas à idade da criança para obter o máximo de colaboração. No Recém-Nascido o conforto físico é o principal requisito. Na criança pequena a presença da mãe é fundamental. A criança em idade escolar é receptiva á explicação do exame, demonstra curiosidade em ver as imagens e até vontade em ajudar. O adolescente, em fase de transição e alguma turbulência, reage de forma diferente do adulto e pode querer privacidade sem a presença dos pais na sala. É importante, se forem necessários mais exames, que a criança volte ao Serviço de Radiologia confiante e com um sorriso nos lábios. É à volta desse sorriso que a equipa de radiologia pediátrica se une. É difícil entender?
(Carta enviada por Eugénia Soares - Médica Radiologista)


Ministra da Saúde recebe a Plataforma Cívica em 15 de Julho
Por solicitação da Plataforma Cívica em Defesa do Património do Hospital de Dona Estefânia e de um novo Hospital Pediátrico para Lisboa (ver Boletim “A Estefânia” Nº1 Abril 2008), a Senhora Ministra da Saúde vai receber-nos no próximo dia 15 de Julho. Na audiência procuraremos expor as razões de existência deste movimento. No boletim “A Estefânia” resumiremos o resultado dessa reunião.


Leis outros textos e cartas visitando www.campanhapelohde.blogspot.com

Ficha Técnica: Edição da Plataforma em Defesa do Património do Hospital de Dona Estefânia e de um novo Hospital Pediátrico para Lisboa; Coordenador de edição: Mário Coelho; Formatação: Miguel Félix; Distribuição gratuita em papel e via Internet

domingo, 6 de julho de 2008

Em Coimbra ; especialização ,evolução, projecção internacional ! Em Lisboa: retrocesso e indiferenciação, destruição da especialização pediatrica!

Não contribua com a sua indiferença para a destruição do incalculável capital acumulado, cultural , assistencial e científico que é o Hospital Pediátrico de Lisboa.
Pensa conseguir-se fazer esquecer a destruição deste equipamento histórico da assistência pediátrica diferenciada de Lisboa com algumas tecnologias de ponta, que fazem a bandeira do H.T.S. Curiosamente, algumas delas , foram aprendidas com os mestres de Coimbra (que apresentam uma outra qualidade adicional, para além de não se fazerem cobrar tão caro pelos seu trabalho aos contribuintes, não têm um ego tão visível...).



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Devido ao empenho dos seus profis-sionais e população, Coimbra não só continua com o seu Hospital Pediatrico como tem um novo Hospital em vias de finalização. A Saúde e a Ciência servem as populações e projectam o País e é neste ciclo que se gera o progresso e se consolidam laços económicos que fazem girar a economia!
Em Lisboa ganha a lógica do merceeiro e o mercantilismo cego.

Exemplo prático: em Coimbra o Hospital Pediátrico estabelece laços com os países de lingua portuguesa.
E é o que Franceses e Ingleses fazem inteligentemente.

Noticia :
Telemedicina liga hospitais pediátricos de Coimbra e Luanda
O dia 01 de Novembro vai marcar o arranque oficial do projecto PEDITEL, que visa implementar uma solução integrada de telemedicina em Angola, centrada no âmbito da pediatria, mas com capacidade de expansão para outras especialidades clínicas. Desenvolvido em duas fases experimentais, com a duração de seis meses cada, o projecto PEDITEL vai permitir, na fase inicial, a realização de sessões de teleconsulta e telediagnóstico entre o Hospital Pediátrico de Luanda e o Hospital Pediátrico de Coimbra, na área da cardiologia pediátrica. O arranque do projecto vai acontecer no decurso das Jornadas de Medicina Pediátrica, que se iniciam amanhã em Luanda. A coordenação, integração e gestão do projecto é da responsabilidade da PT Inovação, que disponibilizou as plataformas de telemedicina e suporta uma parte dos custos de telecomunicações. O projecto engloba um conjunto de parceiros, nomeadamente a empresa e hospitais pediátricos referidos e também a Angola Telecom, Unitel, Multitel, TMN, Hemo Portugal/Angola, entre outros. Nesta primeira fase, o projecto PEDITEL representa um esforço financeiro de cerca de 150 mil euros, distribuído pelos diferentes parceiros.


Montagem a partir de desenhos de : M.C. Escher