sexta-feira, 17 de agosto de 2007

CONCLUSÕES APÓS DOIS MESES DE FORUM”


Caros amigos decorreram já dois meses quando se iniciou a integração de Hospital D. Estefânia no Centro Hospitalar de Lisboa Central.

Neste espaço de tempo, as informações fornecidas por vários colegas do corpo clínico e antigos dirigentes, nos permitiram adquirir uma percepção histórica dos contornos de todo este processo(a qual,inclusive, provavelmente muitos de nós ainda desconhecíamos).
A leitura dos acontecimentos pelos colegas e intervenientes na discussão, se caracterizou por duas versões, contraditórias. Não cabe aqui decidirmos qual a mais verosímil.
Consideraremos, contudo, que qualquer uma delas será plausível e a sua realidade dependerá apenas da determinação e interacção dos intervenientes em campo. Ou seja, o peso a cada prato da balança que cada um de nós dará, será fundamental no desfecho dos acontecimentos.
Caberá a cada um escolher qual das versões lhe parecerá mais adaptada, ou de forma ecléctica, que partes de cada uma lhe parecem mais de acordo com os factos.
Estão abaixo descritas sob os títulos A ,ou B. Se não concordar com nenhuma delas, agradecemos que a nos envie a sua interpretação para publicação.
VERSÃO DOS ACONTECIMENTOS – A
A saber:

1-
É opinião de muitos, senão mesmo da maioria das diversas pessoas com que privamos, de que o Ministério já tinha o actual plano de encerramento e elaborado previamente a consulta aos antigos Corpos Dirigentes do Hospital.
Assim, a consulta do Ministro de que resultou entre outros o parecer Comissão da Médica (publicado neste Fórum), ainda antes ainda de ser elaborado, já o era extemporâneo. Tal consulta correspondeu apenas à um ato de circunstância , que querendo-se entender como de cortesia, objectivamente correspondeu a um desviar atenções para evitar resistências ao actual processo de diluição do Hospital, já anteriormente assumido, e de acordo com planos mais antigos, mas só agora postos em execução.
2-
O projecto relativo a Zona Hospitalar, realizado pelo Ministério, em que foi posteriormente incluído Hospital D. Estefânia, não contemplou qualquer avaliação sobre a importância dos Hospitais dedicados à pediatria, ou Hospitais maternos infantis, em um contexto de unidade de cuidados terciários e rede de Saúde.
Não se preocupou igualmente com a história e valor patrimonial afectivo de referência.
3-
Esta alínea mais controversa, e questionavel, carenciando de fundamentação mas que transcrevemos pela sua importância, apesar de a considerarmos e querermos improvável e falsa >
“Fala-se” e “existem boatos “ (e não existirá fogo sem Fumo) sobre o destino a dar aos terrenos do actual Hospital D. Estefânia “.
Uns dizem que serão transmitidos a uma Instituição para construção de uma Escola Médica , outros para entidades privadas. Mais recentemente fala-se da alienação apenas de fracção deste espaço.
Todas com o fim gerar o financiamento para construção do futuro “Hospital de todos os Santos “.

Indícios que sugerem a veracidade da Versão A

- A parte representativa do corpo clínico deixou de ser ouvida a algum tempo e esta alheia do actual processo de integração. (afirmação dos próprios).
- Escolheu-se a altura de Verão para iniciar o processo de diluição, quando o perigo de contestação é menor. Esta escolha teria sido planeada, devido a má consciência da sua impopularidade.
- Os terrenos propostos para o futuro Hospital de Todos os Santos tem dimensão menor do a do actual HDE e, portanto, o facto de o Hospital vir a existir como entidade autónoma física e administrativa será irrealizável.
- Explica-se desta forma que “se antes se falava em um pavilhão dedicado ao Hospital Pediátrico “ agora se fala “ em número de camas X em um Hospital Generalista em que a individualização como espaço pediátrico dependerá "de uma solução arquitectónica."
- O facto de deixar de ouvir falar nos novos planos na nossa denominação histórica de D. Estefânia. Ou seja estará de acordo com os planos fazer esquecer o Nome e a História daquilo que é memoria colectiva e que eliminaram dos seus planos.

VERSÃO DOS ACONTECIMENTOS – B
A saber :-
Segundo vários colegas está é versão dos acontecimentos, se não mais plausível será desejável e possível.
Estes colegas consideram a Versão A dos acontecimentos precipitada , sem bases sólidas e derivada de algumas incertezas.
Fundamentam o seu optimismo nas alíneas abaixo enumeradas:

1-
Se apenas há 5 anos a Professora Doutora Gertrudes Gomes da Costa, Presidente de Honra do Congresso de Comemoração dos 125 anos do Hospital de D. Estefânia testemunhou “… O empenho que todos os profissionais continuarão a dedicar ao Bem estar da mãe e da criança “ não é verosímil em tão pouco tempo , uma evolução que contraria em todos os seu fundamento esta História.
2-
Esta em confronto e em desacordo com a palavra de Ministros que teriam garantido pessoalmente a antigos Dirigentes deste Hospital que dentro de um conceito de “ Cidade Sanitária” se pretende preservar este Hospital com idêntico nome não desvirtuando a sua história e identidade ou desperdiçando a sua capacitação adquirida conferindo-lhe assim um espaço físico e administrativo próprio no eventual no futuro "Campus"do Hospital de Todos os Santos
3-
Considera que as hesitações actuais se devem a esforços e contradições próprias da complexidade de análise de soluções alternativas devido a eventuais conflitos de espaço físico necessários mas não disponíveis e a obrigatória análise de riscos e nomeadamente sísmico no espaço previsto no de Vale de Chelas em que estes não seriam negligenciáveis e imprescindíveis para qualquer construção Hospitalar.
4-
Da necessidade de tempo para elaborar um projecto arquitectónico consentâneo com as particularidades de um Hospital Materno-Infantil edificado e de acordo exemplos e conceitos arquitectónicos mais modernos e avançados e exemplificados pelos planos dos modernos Hospitais Pediátricos dedicados que estão a ser construídos agora no mundo (em dois países desenvolvidos e habitualmente de referencia estão a ser contruidos neste momento cerca de cinco ).
Enfim um projecto que não desvirtue ou mesmo seja inferior aquele que dispomos. mas ao contrario que releve a historia do actual e actuais dirigentes.
5-
Consideram que não tem fundamento jurídico ou moral os boatos da apetência de Privados ou outras para apropriarem-se do espaço do actual Hospital.
Estão convictos que estamos perante pessoas de bem e que não pretendem dispor o que não é seu e que é património doado e inalienável destinado a saúde das Crianças e mães de Portugal.
6-
Se o novo Hospital D.Estefânia dedicado for construído noutra área diferente deste espaço físico, este ficará ligado ao outro de forma orgânica, administrativa e assistencial . ( por exemplo , internamento longo, consultas de algumas especialidades, centro de investigação e pesquisa em pediatria, associações de doentes, pais ou outras que se venham a definir, etc....)
7-
Considera quer estes pressupostos são consentâneos com todo o esforço de melhoria de Gestão administrativa, de Serviços e equipamentos e meios, desenvolvidos pela actual Administração e que apoiam pois integram-se nos objectivos mencionados
8-
Exclui liminarmente que interesses privados poderiam estar a influenciar os acontecimentos, tal corresponderia à um cegueira estratégica pois a destruição de entidades assistenciais de referencia ligadas a sectores da população não produtivos contraria a qualquer politica de apoio a mãe, criança e natalidade e inclusive inviabiliza a formação de competências sem as quais o sector privado não subsiste e que serão sempre necessárias inclusive como de apoio logístico.
Indícios que fundamentam a posição B:
Aguardam uma definição oficial e publica sobre os planos do futuro, o que leva a desconfianças e o aparecimento de boatos e que urge evitar pelo mal clima que se desenvolve.

domingo, 5 de agosto de 2007

Estados Unicos - Chicago-Children´s Memorial Hospital Pediatrico- 120 Anos- Ao invés retroceder à um Hospital Generalista como nós :......

Planning the new Children's Memorial

Children's Memorial President and CEO, Patrick M. MagoonDear Friends,

In 1882, Julia Foster Porter founded Children's Memorial Hospital when Chicago did not have a single pediatrician. She did so because she recognized that the children of Chicago were in desperate need of specialized care. Since that time, Children's Memorial Hospital has focused all of its resources on the promise of health care for all of our children. One hundred and twenty-four years later, we are embarking on the journey to build a new Children's Memorial and our vision remains the same.

Our new site and facility are necessary elements that will support our greater purpose—to provide children in our community with access to the most advanced cures, treatments and technologies performed by the best minds in pediatric medicine and research in a family-centered environment.

Children's Memorial recognizes that family members and health professionals are partners in the care of hospitalized children. Our new, state-of-the-art facility will be designed with these partnerships in mind. It will accommodate the needs of our patients and their families and equip our patient care teams with the best technology available. The new design will be focused on providing patients and families with more comfortable accommodations and allow more space for advanced diagnostic and treatment equipment at the bedside.

With the building of the new Children's Memorial Hospital, we will witness a convergence of world-class research, clinicians and technology that will change the face of health care for this and future generations. I firmly believe there is no greater dream for our city, for our children, or for our future.

Regards,

Patrick M. Magoon

President and Chief Executive Officer

Nos Estados Unidos - California - ECSF- Dra. Diana Farmer


Citando Dra. Diana Farmer, Chefe da Pediatria Cirúrgica do do UCSF Chidrens's Hospital utiliza como mais valia a Divulgação do facto de o seu Hospital ser dedicado a Pediatria"
Cá ao contrário retiram-lhe a idoneidade diluindo-no em um Centro Hospitalar.

Citando:
" Crianças são crianças e precisam de cuidados dedicados"
"Os especialistas do UCSF Chidrens's Hospital estão aptos para tratarem das situações graves :
OS SEUS FILHOS
NECESSITAM DE UM HOSPITAL PEDIÁTRICO

"Crianças não são adultos pequenos. Elas tem características emocionais, de desenvolvimento e fisiológicas próprias e precisam ser atendidas como tal"...

"No nosso Hospital os cardiologistas pediatricos, especialistas oncológicos, neurologistas pediatricos, anestesistas pediatricos etc... tem a importante tarefa de ver a criança com um todo incluindo as sua necessidades emocionais e particulares a sua fase de desenvolvimento"
Visitar o sítio UCSF Children's Hospital
http://www.ucsfhealth.org/childrens/

Indagamos a actual diluição do HDE no Centro Hospitalar e eventual desaparecimento em futuro Hospital Generalista foi fruto de algum estudo baseado em opiniões de especialistas de outros países. No caso UCST Children's Hospital, trata-se de um Hospital com identidade própria num "campus de dez outros hospitais".

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

A diluição do Hosp. D. Estefânia no Centro Hospitalar "Um processo em contraditório com a Opinião do Corpo Clínico deste Hospital


Chegou-nos as mãos um documento assinado pela Comissão Médica , que precedeu o actual processo de integração no Grupo Hospitalar e cujo conteúdo contraria as medidas actuais, que correspondem objectivamente à eventual destruição do Hospital D. Estefânia, fato que esta a condicionar um ambiente de desanimo e desacordo generalizado.

Hospital Dona Estefânia
Comissão Médica
R. Jacinta Marto 1169-045 Lisboa
Ministério da Saúde



Exmº Senhor Ministro da Saúde
Prof António Correia de Campos

Assunto: Posição dos médicos do Hospital de Dona Estefânia face às questões que lhes foram colocadas em 29 de Março por Sua Exª o Senhor Ministro da Saúde


Na intervenção pública de 29 de Março, afirmou Vossa Exª que, apesar de ter já pré-estudado um conjunto de projectos que incluíam o Hospital de Dona Estefânia, a sua concretização ficaria dependente das opções esclarecidas dos profissionais do Hospital, nomeadamente, a passagem a Entidade Pública Empresarial, a sua integração no Centro Hospitalar de Lisboa-Centro e a eventual inserção num futuro Hospital de Todos os Santos previsto para a próxima década.

Os médicos do Hospital de Dona Estefânia, conscientes das responsabilidades específicas que têm no contexto delineado pelo Senhor Ministro, representados pela sua Comissão Médica e ouvidos sectorialmente, quer nos serviços e unidades quer em reunião alargada de médicos realizada em 2 de Maio, decidiram enviar o presente documento que expressa o consenso unânime dos intervenientes (Actas 3 a 7 da Comissão Médica), o qual pretende responder às questões colocadas por Vossa Exª.

Os médicos conhecem a conjuntura financeira do País e os constrangimentos enunciados pelo Senhor Ministro da Saúde e estão também empenhados na mudança de processos que possa levar a uma maior racionalização da despesa sem prejuízo para os doentes ou para as expectativas básicas do desenvolvimento institucional e dos seus profissionais.

Os médicos do Hospital de Dona Estefânia manifestam-se no âmbito do que consideram ser o seu papel na promoção e protecção do mais elevado interesse público. No caso vertente, este é representado pelo compromisso ético e profissional com a contínua melhoria de cuidados prestados à criança e à mulher e a defesa dos direitos de acessibilidade, equidade e qualidade no atendimento que é legitimo esperar do Serviço Nacional de Saúde.

É importante relembrar que o Hospital de Dona Estefânia, construído num local doado pela Casa Real, é um dos primeiros Hospitais pediátricos na Europa, fundado em 1860 por acção da Rainha Dona Estefânia que se impressionou ao ver crianças tratadas em enfermarias de adultos no antigo Hospital de São José.
O Hospital de Dona Estefânia, actualmente com cerca de 230 camas, é um hospital pediátrico central especializado e de apoio perinatal diferenciado, com um departamento da mulher e da reprodução que inclui uma maternidade de referência e dá corpo ao conceito materno-infantil essencial à missão institucional.
Aqui nasceu a pediatria portuguesa e o ensino da pediatria. Dando continuidade a essa missão, o Hospital continua a ser um hospital com ensino universitário.
O Hospital de Dona Estefânia, como unidade materno-infantil polivalente, é diferente dos serviços de pediatria e dos serviços de obstetrícia inseridos em hospitais gerais. Aqui trabalham mais de três centenas de médicos especializados em praticamente todas as áreas da pediatria e da medicina da mulher, com a metodologia, a preparação, a sensibilidade e as tecnologias desenvolvidas especificamente para estes dois grupos de cidadãos. Aqui se formam e especializam centenas de profissionais nas áreas mais diferenciadas da pediatria e da medicina da mulher.
O Hospital continua a evoluir nas vertentes arquitectónica e funcional e atinge elevados níveis de modernidade e eficiência à medida que se reabilitam os seus espaços e equipamentos.
O Hospital está definitivamente marcado pelo seu ambiente pediátrico, resultado de décadas de aprendizagem numa relação exclusiva e dedicada à criança e ao seu mundo próprio. Aqui tudo tende a ser ajustado e reajustado às necessidades da criança e da família, intuitivo, natural, adequado e humanizado. A instituição adquiriu uma cultura específica e os seus profissionais têm um modo de estar diferente que é continuamente actualizado e transmitido de geração em geração.
O Hospital de Dona Estefânia é um equipamento de saúde que qualifica a cidade e o País e que tem visto reforçado o seu sentido no actual movimento de reconstrução de hospitais pediátricos na Europa e Estados Unidos e na consolidação dos centros materno-infantis numa procura de pólos de assistência mais diferenciada e especializada para doentes cada vez mais complexos ou com patologias emergentes.
O Hospital de Dona Estefânia está profundamente enraizado no subconsciente colectivo como um bem que pertence não só à região e aos seus habitantes, a que as famílias recorrem intuitivamente nos momentos de maior desespero, mas também ao País e a muitas gerações de mães e de doentes que foram crianças e hoje são adultos e idosos.
O Hospital de Dona Estefânia é uma referência cultural e histórica da Cidade e do País.

Assim:

1 – Em relação à questão da “passagem ao regime de Entidade Pública Empresarial”, tratando-se de um assunto de natureza conjuntural, da estrita deliberação política e administrativa do Governo e cujo regime está já definido no DL nº 233/2005 de 29 de Dezembro, os médicos consideram não dever pronunciar-se por a questão estar fora do seu âmbito de decisão.

2 – Quanto à questão de uma “eventual integração no Centro Hospitalar de Lisboa”, os médicos do Hospital de Dona Estefânia entendem que:

a) O Hospital de Dona Estefânia tem uma longa tradição de integração em estruturas de complementaridade, uma vez que faz parte do Grupo Hospitalar “ Hospitais Civis de Lisboa” desde a sua criação em 1913. A sua inclusão neste Grupo, tendo propiciado algumas vantagens, condicionou sérias vicissitudes, em especial nos últimos 20 anos, em grande parte pela natural dificuldade que o hospital de adultos sempre teve na assistência a crianças e grávidas.
A relativa exclusão a que o Grupo votou o Hospital de Dona Estefânia neste período recente, foi assumida como uma oportunidade de procura de outras alternativas consistentes de complementaridade e articulação. Essas alternativas envolveram, por um lado, outras instituições e, por outro, levaram o Hospital a desenvolver internamente soluções de maior diferenciação e especialização dos seus próprios profissionais o que, na área pediátrica, segue as tendências e as indicações das principais confederações europeias.
Progressivamente, o Hospital deixou de contar com a assistência por especialistas de adultos que tinham níveis de prática diversos na criança, para passar a privilegiar a assistência realizada por médicos com formação pediátrica de base e com competências específicas adquiridas através da formação complementar em áreas particulares ou de médicos com formação vertical que se dedicassem quase em exclusivo à criança e cujo acesso aos concursos de provimento requeriam já prova da experiência específica no grupo etário pediátrico. Esta é uma das mais valias que o Hospital pediátrico oferece às crianças que a ele acorrem e que passou a ser definidora dos cuidados especializados prestados.

b) A simples integração administrativa num centro hospitalar, que o Hospital globalmente rejeitou já em 2000 e os médicos continuam a rejeitar, acarreta evidentes prejuízos e riscos e só poderá ter alguns efeitos positivos, muito sectoriais, para a actual assistência aos doentes, se forem acautelados princípios básicos da assistência materno-infantil hospitalar.
Entre os aspectos negativos mais evidentes, refere-se: a redução do acesso da área da criança e da mulher ao centro de decisão que passa a estar muito mais afastado e envolvido nos problemas das múltiplas áreas de adultos; a redução da sensibilidade institucional aos problemas da criança e da mulher; a redução do investimento na diferenciação da área materno-infantil em relação ao todo constituído pelo hospital geral; o desaparecimento de um órgão de administração pediátrica autónoma local, considerado um factor extremamente negativo para estes hospitais; a redução da capacidade de atracção de mecenatos que, no mundo desenvolvido, é uma das formas principais de financiamento complementar dos hospitais materno-infantis e suporte compensatório das suas particulares condições de “facturação” segundo os moldes aplicados aos hospitais de adultos.

c) Uma reorganização meramente administrativa dos hospitais em questão seria incompreensível face aos custos que tal opção acarreta aos mais variados níveis. Não faria qualquer sentido que se associassem, formalmente, hospitais de adultos ao actual hospital materno-infantil e, na prática, continuassem a ser atendidas crianças nesses hospitais de adultos (Ex: Dermatologia, Cardiologia pediátrica, ORL, Estomatologia, Oftalmologia, etc.) numa co-utilização totalmente inadequada de salas de espera, atendimento técnico e enfermarias de internamento que já escandalizava a fundadora do Hospital no século XIX.
Os médicos do Hospital de Dona Estefânia reafirmam que o atendimento de todas as crianças no hospital materno-infantil é um princípio indispensável à credibilidade de qualquer reorganização global de um eventual centro hospitalar que pretenda desenvolver, modernizar e humanizar a sua prestação de cuidados.

d) Do mesmo modo, seria incompreensível a regressão aos tempos de há 30 anos no que respeita à diferenciação em muitos dos serviços de apoio à clínica, nomeadamente Patologia Clínica, Serviços Farmacêuticos e Imagiologia, hoje serviços bem diferenciados nas técnicas, procedimentos e dinâmicas utilizadas na medicina da criança. A eventual integração do Hospital de Dona Estefânia em qualquer outra estrutura administrativa ou regime jurídico nunca poderia subverter a condição diferenciada destes serviços pediátricos conseguida ao longo de muitos anos de formação especifica dos seus quadros, desbaratando-a num processo de “aproveitamento” de profissionais dedicados à medicina de adultos realizando técnicas de adultos, em espaços de adultos e com equipamentos de adultos.

e) Igualmente, não faz sentido que órgãos de aconselhamento técnico materno-infantil se dissolvam (Comissão Médica, Comissão de Ética, Comissão de Humanização, Comissão de Farmácia e Terapêutica, Comissão de Controlo de Infecção e Antibióticos, Comissão de Certificação de Interrupção da Gravidez, etc.) e, por exemplo, os problemas da criança, a que os serviços e profissionais de adultos são globalmente alheios ou menos informados, passem a ser discutidos e decididos em forae maioritariamente compostos por estas últimas estruturas e esses profissionais. Tal constituiria um forte prejuízo para os interesses da criança e da mulher e um retrocesso significativo na causa materno-infantil em Portugal.
Havendo ainda quem pense que um hospital pediátrico é composto apenas por pediatras (à semelhança de um serviço de pediatria de um hospital geral) e que as estruturas referidas de um centro hospitalar podem ter na sua composição um pediatra que assegure a respectiva representação, relembra-se que a realidade do Hospital de Dona Estefânia é a de mais de 30 especialidades, sub-especialidades e valências e muitas dezenas de consultas e núcleos especializados, dos quais a pediatria e os pediatras são apenas um dos elementos.

Em conclusão,só será de encarar a integração com todas as suas consequências e riscos, se esta for objecto de um protocolo de adesão ou afiliação que, entre outros, explicite:
- a salvaguarda de princípios fundamentais que, ainda assim, conduzam a ganhos compensatórios para a assistência aos doentes;
- a manutenção da diferenciação e autonomia técnico-assistencial do Hospital de Dona Estefânia na sua dimensão materno-infantil e com as suas unidades e profissionais diferenciados;
- a manutenção de um quadro de profissionais próprio do Hospital materno-infantil com a necessária especificação no quadro geral do centro hospitalar;
- a afirmação do Hospital como o elemento materno-infantil estruturante do centro hospitalar;
- a garantia da manutenção da sensibilidade e ambiente pediátrico próprios;
- a adequação da politica de atribuição de internos como factor determinante da continuidade do Hospital;
- a garantia de manutenção dos órgãos de gestão e apoio técnico local, nomeadamente as comissões técnicas próprias;
- a garantia da manutenção do apoio ao Hospital nas áreas de investigação;
- a manutenção da vertente de ensino universitário e pós-graduado como eixo de desenvolvimento fundamental do hospital e dos seus profissionais.

3 – Quanto ao “futuro Hospital de Todos os Santos”, programado para um tempo em que já actuaram e serão visíveis resultados de muitas das mudanças que afectam e afectarão a organização do nosso sistema de saúde, a posição actual dos médicos do Hospital de Dona Estefânia é consentânea com os princípios antes enunciados.
Esses princípios só serão cabalmente cumpridos se for adoptado um dos seguintes modelos: a) campus sanitário onde o Hospital de Dona Estefânia figure como elemento materno-infantil autónomo e articulado funcionalmente com o hospital de adultos;
b) alternativamente, através da reformulação progressiva do actual Hospital de Dona Estefânia no local onde sempre existiu e à custa dos terrenos ainda livres. Considera-se que, nesta localização, poderá integrar funcionalmente o campus do Hospital de Todos os Santos, tal como acontece em outras cidades.
Qualquer outra posição, com as informações disponíveis, seria certamente extemporânea.


Receba Vossa Exª os nossos melhores cumprimentos,


Lisboa, 3 de Maio de 2006

A Comissão Médica

quarta-feira, 1 de agosto de 2007

Outro testemunho emblematico -Filha , Mãe e Avó em defesa do HDE


QUE O HOSPITAL D. ESTEFÂNIA NUNCA DEIXE DE EXISTIR

O meu primeiro contacto com o Hospital de D.Estefânia deu-se com 16anos – nessa altura ofereci-me como voluntária para acompanhar crianças no "Serviço de Oncologia" deste Hospital. Ainda hoje,passados quase 40 anos relembro esta rica experiência como a minha 1ªlição de vida principalmente na faceta humanitária que encontrei aí em
todos os profissionais de saúde. Óptimos no exercício da Medicina Pediátrico e Enfermagem não esqueciam nunca a dedicação e entrega total a cada criança, não como o "doente da cama tal" mas um ser com nome, personalidade e carências próprias. Uma brincadeira com a seringa ou estetoscópio, faziam-nos perder o medo da bata branca, da dor, da doença. Um abraço forte e amigo faziam-nos esquecer a falta dos pais, da sua casa, uma palavra meiga ou simplesmente uma festa, diminuíam nestas crianças o medo do desconhecido. Passados anos, tive lá o meu 2º filho. Toda esta segurança, em todos os aspectos, não desapareceu. Sempre que um dos meus três filhos adoecia e tinha o pressentimento de que podia ser algo grave, recorria a uma "segunda opinião" neste Hospital depois da urgência no hospital da minha zona. Só assim sentia que eles estavam em boas mãos. Hoje, já avó, continuo a ter a mesma confiança neste hospital. É lá que, continuo a sentir uma segurança total.

Pela minha história e certamente a de tanta gente, apelo a que nunca deixe de existir o Hospital de D.Estefânia.

Teresa Eugénia Fagundes Gonçalves




Dentro dos inumeros testemunhos que se nos fazem sentir em defesa do HDE, publicamos apenas alguns e em particular os que melhor sintetizam a opinião colectiva.
Agradecemos a subcritora, esta mensagem.